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Sou carcereira e me apaixonei por um preso

O Rogério era presidiário na delegacia em que eu trabalhava. Nosso namoro secreto acontecia dentro da cela, na hora da visita dos parentes

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 10h52 - Publicado em 19 nov 2008, 21h00
Milena Emilião (/)
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A foto do nosso casamento
Foto: arquivo pessoal

“Andrea, preciso me afastar de você. O que eu sinto é mais do que amizade, e eu não quero prejudicar sua vida.” Ah… Nunca imaginei que encontraria o meu amor ali onde eu trabalhava, no meio de tantos prisioneiros. E era lá que estava o Rogério… Minha resposta foi: “Se eu fosse você, não me afastaria de mim”. 

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A partir daquele instante, permiti que ele se aproximasse de mim — a carcereira da prisão onde ele estava detido há mais de dois anos. Isso mesmo, eu era guarda em uma cadeia de homens! Na verdade, prestei concurso para ser guarda municipal do Rio de Janeiro. Trabalhava na Câmara Municipal e tinha uma vida bem tranqüila: ar-condicionado, televisão o dia todo… um mar de rosas!

Mas um dia fui deslocada para uma delegacia. Fiquei muito revoltada! Ia trabalhar com cara de má. Fiquei conhecida como a “guarda marrenta”. Meu trabalho era revistar as bolsas e roupas das mulheres que visitavam os presos. Também ia até as celas para encaminhar os detentos à sala de visita.

Namoro dentro da cela

O tempo foi passando, e o que era pra ser temporário foi se tornando permanente. Com o passar dos dias, a gente vai conhecendo os presos, principalmente os que trabalham na prisão. Os detentos com bom comportamento podem trabalhar enquanto cumprem a pena. Com isso, eles diminuem o tempo da sentença.

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Um deles era o Rogério. Ele sempre foi bem-visto na cadeia, porque nunca criou confusão. O Rogério era um “preso de ligação”: deixava a comida nas celas e levava os homens de um lugar a outro. Além de tudo, ele era muito educado.

A gente sempre conversava, e nossa amizade foi aumentando cada vez mais. Ele me contou a história dele, de como foi parar ali, sempre jurou que era inocente — e eu acreditei.

Ele foi preso em 2004. Quando eu o conheci, já estava há dois anos esperando o julgamento. O caso foi o seguinte: Rogério foi acusado, numa denúncia anônima, de matar a ex-mulher. Convocado à delegacia, recebeu ordem de prisão sem mais nem menos. O jeito era aguardar na prisão pelo julgamento.

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Nosso primeiro beijo foi na delegacia

Um dia, enquanto eu almoçava sozinha no refeitório, ele apareceu de surpresa e me deu um beijo! O nosso primeiro beijo foi com gosto de Coca-Cola, nunca vou me esquecer!

Ninguém podia saber que estávamos namorando. Precisamos da ajuda de um policial, que nos acobertou. No final do dia em que os presos recebiam visitas, o guardião das celas nos chamava. Só assim conseguíamos ficar um pouco sozinhos, conversar, namorar. Naquela hora eu não era mais a carcereira, mas a família do Rogério.

Ficamos assim por alguns meses, até que o novo delegado descobriu nosso namoro. Ele transferiu o Rogério pra outra delegacia, a mais de 200 quilômetros de distância. Na mesma época eu tirei férias, e todos os dias ia visitar o Rogério na prisão. Juntei dinheiro para ajudar no pagamento do advogado e ficava controlando a ansiedade, porque o julgamento dele estava se aproximando.

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