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‘Pivô da separação’: até quando vamos apontar o dedo para as mulheres?

Por que precisamos procurar mocinhos e vilões quando um casal se separa? E por que em 99% das vezes a vilã é uma mulher que nem faz parte do casal?

Por Ligia Helena
Atualizado em 16 jan 2020, 00h02 - Publicado em 19 fev 2019, 17h35
Separação
 (Abscent84/Getty Images)
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Débora Nascimento anunciou no último sábado (16) a separação de José Loreto, com quem era casada havia quase quatro anos. Uma notícia que causou tristeza entre os fãs, afinal o casal era querido pelo público e tem uma filha de 10 meses de idade. Até aí, tudo bem: mais uma entre milhares de separações que devem ter ocorrido nos últimos dias. Que pena, mas bem sabemos que a vida segue.

Rompimento
((Foto: Abscent84)/Getty Images)

A separação de um casal famoso, no entanto, nunca pode ser tão simples assim: tão logo a notícia veio à público, começou a caçada pela PIVÔ DA SEPARAÇÃO. A gente conhece essa história faz tempo, mas vale relembrar. Quando Grazi Massafera e Cauã Reymond se separaram, a culpa foi de Isis Valverde. Quando Joaquim Lopes deixou Thaís Fersoza, a culpa foi de Paolla Oliveira. Marion Cotillard foi a culpada pelo fim do casamento de Angelina Jolie e Brad Pitt. Camilla Parker Bowles teria sido a pivô da separação de Diana e Charles. E por aí vai…

Aqui, a gente não vai nem falar o nome da mulher da vez. Nem precisamos. Já está na boca do povo. A culpa pelo fim de um relacionamento sempre tem de recair sobre uma mulher. Ela seria uma sedutora incorrigível, as esposas de atores tem verdadeiro ódio dela, ela é uma destruidora de casamentos. Ela é a pivô da separação. 

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No dicionário, a definição de “pivô”, nesse caso, é bem clara: trata-se da principal agente do fato. Será mesmo que uma mulher que não fazia parte do casal que decidiu terminar o relacionamento pode ser a principal agente da separação? Hm.

O mundo parece esquecer que, entre as duas pessoas que formam um casal, tanta coisa pode acontecer! Nem toda separação acontece motivada por traição ou por um novo amor. Às vezes o amor acabou. O relacionamento se desgastou. As pessoas descobriram que têm visões de mundo e objetivos de vida diferentes. Tanta coisa pode acontecer.

E mesmo quando traição é o motivo, uma das partes do casal – em geral uma pessoa adulta e responsável por seus atos – escolheu esse caminho. Se alguém é “culpado” pela separação, é a pessoa que quebrou a confiança, ou a pessoa que escolheu se separar. Invariavelmente o pivô da separação – o principal agente – tem de ser uma das partes do casal, não acham?

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“Ah, mas ele traiu a mulher!”

Olha, no mundo dos adultos acontece muita coisa. Às vezes os casais decidem que tudo bem cada um ‘pular a cerca’ de quando em vez. Às vezes decidem que pode, mas seguindo algumas regras pré-determinadas. Às vezes não pode e pronto. Cada casal define seus próprios limites, e o que acontece entre eles não diz respeito a mais ninguém. Você sabe quais eram as regras do relacionamento da Débora Nascimento e do José Loreto? Aposto que não.

Mas ok, que eles tivessem um relacionamento fechado, em que nenhum tipo de traição possa ser perdoada. Ainda assim, quem pulou a cerca é quem traiu a confiança. Apontar o dedo para uma terceira pessoa, que não tinha um compromisso com nenhuma das partes, é um tanto cruel. E em geral, lembremos, o homem sai ileso, enquanto a “pivô da separação” é apedrejada.

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Então fica aqui uma sugestão para refletirmos: será que, em caso de separação de famosos, não é melhor deixar que eles se entendam entre si em vez de ficar caçando uma mulher para jogar a culpa em cima dela? Até quando vamos nos preocupar em cuidar tanto da vida alheia a ponto de demonizar uma mulher que pode não ter nada a ver com o fato?

 

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