Perdoei, mas só depois de dar o troco

Conheci o Flávio no início do ano passado, numa sala de bate papo. Depois de dois meses nos encontramos pessoalmente. Eu me sentia cada vez mais envolvida e fui às alturas quando ele me pediu em namoro. 

Todas as noites, a gente ficava batendo papo pelo MSN. Mas comecei a achar estranho o Fábio demorar tanto pra responder minhas mensagens. Desconfiei de que ele estivesse falando com outras pessoas ao mesmo tempo.

Dei um flagra nele 

Uma noite, liguei pro Flávio e ele disse que estava exausto e não entraria na internet naquele dia. Eu também estava cansada e com vontade de ir pra cama, mas algo me dizia pra eu entrar na internet. Coloquei o nome do meu namorado para fazer uma busca nas salas de bate papo. E não é que encontrei o FLN77? Era o meu Flávio! 

Me apresentei como Letícia, uma advogada ruiva que morava no Guarujá e curtia metal. Do jeitinho que ele gostaria… Meu sangue fervia, mas mantive a calma e a conversa continuou: 

– Você tem namorada?
– Tenho, sim… Ela tem 39 anos, três filhos e um neto… Fica complicado.
– Por que você não termina?
– Estou caminhando pra isso…
– Bom, até agora estou teclando com uma sigla. Qual é seu nome?
– Flávio e o seu? 

Nessa hora, tirei do reservado e a conversa ficou visível pra todos da sala.
– O meu é Eliete, sua ex-namorada! Seu cachorro sem vergonha!!! 

Ele não respondeu nada, nem me ligou. No dia seguinte, começou a mandar mensagens e ligar no meu celular. Respondi apenas: “Tô pegando a estrada. Não me incomode!”.

Beijei outro na praia 

Chegando em Peruíbe, litoral de São Paulo, fui correndo pôr o pé na areia pra relaxar. Na praia, fiquei num quiosque onde estava rolando um pagode delicioso. Dancei o dia todo e comi muito peixe. Conheci algumas pessoas ali e acabei ficando com um cara. Não rolou nada demais, mas já serviu pra eu me sentir vingada. 

A verdade é que ao beijar outro homem, percebi que gostava mesmo era do Flávio. Mas se fosse pra retomar a relação, teria de ser do meu jeito. De volta a São Paulo, mandei uma mensagem pra ele: “Estou em São Paulo. Pode me ligar.”. Marcamos de conversar em um shopping.

Estamos casados! 

O Flávio me explicou que entrou na internet aquele dia porque estava bravo comigo. É que como ele não quis me ver naquele dia, aproveitei pra ir ao bingo e ele se irritou com isso. Historinha pra boi dormir, né? Eu sei. Mas estava disposta a investir na nossa relação.
 
Não tenho dúvida de que o troco que dei na praia ajudou, e muito, a me fazer perdoar o Flávio. Não me arrependo de jeito nenhum! Quando ele me perguntou o que fiz nos últimos dias, respondi: “Saí pra curtir… Agora, estamos quites. Chumbo trocado não dói, certo? E se você me ama como diz, vai fazer o que for pra ficar comigo.” 

E não é que ele topou?! No mesmo dia ele foi pra minha casa, onde moro com meu filho de 11 anos. No dia seguinte, avisou aos pais e trouxe suas coisas. Estamos tão bem que o Flávio anda falando em encomendar um herdeiro, acredita?