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Nós… e eles – Conto de Amor e Sexo

Gordinha, Cláudia sofre ao virar recepcionista de academia e se apaixonar por um dos alunos

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 17 jan 2020, 13h39 - Publicado em 7 ago 2011, 21h00
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Cláudia se apaixona por aluno de academia em que trabalha como recepcionista
Foto: Dreamstime


Lembro-me que na entrevista, após ler meu currículo, o dono da academia me secou dos pés à cabeça. Pediu licença e foi à sala ao lado. De lá, eu o ouvi comentar: “Apesar de gorda, ela pede menos do que as outras candidatas”. A indignação e a vergonha doeram em mim, assim como nas outras 20 entrevistas de emprego nas quais ouvi frases parecidas, ditas nos corredores obscuros do preconceito. Só as tolerava por necessidade de sobreviver…

Por isso, sorri quando o proprietário anunciou que a vaga era minha. Afinal, além de ter um salário, eu estaria rodeada de homens maravilhosos… e de meninas lindas! Logo no meu primeiro dia fui notada por elas. Comentaram sobre meu tamanho enquanto se alongavam. “Vacas! Tomara que caiam da esteira!”, eu repetia, mentalmente.

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Nas oito horas em que ficava na recepção, via de tudo. Só de olhar aquele povo todo malhando já me sentia cansada. E um pouco deprimida. Por sorte, nunca faltavam salgadinhos e chocolates na minha gaveta. Comia escondida, claro, para não levar bronca da minha gerente. “Cláudia, por favor, evite comer no horário de trabalho. Isso não combina com o estilo saudável de nossa academia”, ressaltou no primeiro dia.

“Oi, sou o Beto e preciso pagar minha mensalidade”, disse um moço que eu nunca havia visto por lá. Enquanto ele preenchia o cheque, reparei no seu físico perfeito. A barriga tanquinho, o peitoral bem definido e os braços musculosos arrepiaram meu corpo todo. Após eu lhe entregar o recibo, ele sorriu: “Você é muito simpática, Cláudia!”. Eu já conhecia aquela frase. Quando alguém me elogiava com aquele adjetivo, no fundo, queria dizer: “Apesar de gorda, você é gente boa…”.

Naquele dia, após um expediente intenso, admirando gente tão bonita, fui para casa com uma sensação estranha. “Filha, como foi hoje?!”, perguntou papai. Eu o olhei. O velho ainda não havia se conformado com a morte de mamãe e parecia cada dia mais carente e dependente de sua única filha. “Foi ótimo, pai”, menti. Não queria entristecê-lo ainda mais.

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No quarto, nua diante do espelho, comparei meu corpo obeso e flácido com os das garotas da academia. Havia prometido que nunca faria isso, mas não pude evitar. Eu tinha muitas contas para pagar e, por isso, teria de engolir minha frustração como um remédio ruim, mas que me manteria viva por algum tempo, mesmo que infeliz.
 

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