Existe frequência ideal de sexo por semana? Especialista esclarece
Há quem diga que o normal é transar de duas a três vezes por semana… Será que isso é verdade?
Não é de hoje que os casais se questionam sobre a frequência ideal de sexo por semana. Contudo, independentemente de quantas vezes transamos durante o dia a dia, um fato é inegável: dar muita importância para essa questão pode nos colocar em um estado de extrema insegurança — e até paranoia. Pensando nisso, batemos um papo com a educadora sexual Claris Leal, que esclarece todas as dúvidas sobre o assunto. Confira:
Frequência ideal de sexo existe?
Segundo Claris, quando o assunto é sexualidade, não há como definir o que é “normal”. Aliás, a especialista acredita que tentar padronizar o prazer acaba sendo um ato, de certa forma, cruel. “Às vezes, encontramos um formato que funciona para a gente, mas por estarmos sempre nos comparando, acabamos nos reprimindo”, explica.
Portanto, sim, a frequência sexual vai variar (muito) entre cada casal. “Inclusive, a quantidade de sexo será definida pelo momento que os dois estão vivendo, pois inúmeros fatores interferem em nossa libido”, pontua.
“Cansaço extremo — ocasionado pelos afazeres da rotina —, gravidez, menopausa, puerpério, disfunção erétil e inúmeras outras condições trazem uma complexidade ao tema. A parte física e emocional interfere se iremos querer mais ou menos sexo.”
Sexo não é apenas sobre quantidade
Para a educadora, falar sobre o quão seguras as pessoas se sentem umas com as outras para dividir momentos íntimos é tão importante quanto refletir sobre a frequência da penetração. “Quantas vezes você e a sua parceria conversam sobre o que estão sentindo? Isso é extremamente imprescindível. Por consequência, casais que conversam mais acabam tendo mais sexo”, garante.
Além disso, é essencial cultivar momentos de afeto que não necessariamente precisem resultar em uma transa. “Quase ninguém fala sobre os benefícios de nos beijarmos de língua todos os dias. Estamos tão preocupados com quantas vezes transamos na semana, que mal sabemos quando a foi a última vez que experimentamos aquela pegação intensa que não precisou acarretar em penetração”, provoca.
Se beijar, fazer carinho, olhar no olho, conversar sem ficar mexendo no celular, fazer cafuné, realizar uma massagem, rir um do outro, bater um papo que não seja só sobre problemas: Claris afirma que todas essas ações constroem uma base sólida de relacionamento. Prestar atenção nelas resultará em uma melhor rotina sexual, sem sombra de dúvidas.
“É muito ruim chegar naquele ponto em que as pessoas nem se beijam mais, pois têm medo de que se beijar, vai ter que transar. Isso vai ceifando a intimidade do par”, alerta.
Pare de se comparar
Leal reitera que quanto mais nos comparamos, mais sofremos culpa e pressão — justamente o oposto do sexo, que é sobre prazer e diversão. “Definir objetivos muito diretos inviabilizam a libido e nos faz cair em ciladas. Então, ao invés de transar três vezes por semana porque uma amiga falou que é o ideal, se atente a quantas vezes na semana estamos dando espaço para que o afeto se construa, pois a jornada é muito mais relevante do que o destino”, declara.
A especialista pontua que tentar metrificar algo intensamente subjetivo jamais dará certo: “O segredo é racionalizar menos e sentir mais, estar atenta às pequenas coisas”, aconselha.
Rotina não precisa ser inimiga do sexo
Mesmo que o início dos relacionamentos tenda a ser mais “picante” por inúmeros fatores hormonais, é possível manter uma vida sexual satisfatória após anos juntos. “A rotina deixa de ser inimiga a partir do momento em que saímos do modo automático. Podemos usá-la ao nosso favor, construindo uma agenda prazerosa, para não termos que escapar dela todas as horas. É um empenho diário, sem sombra de dúvidas”, afirma.
Escape da paranoia
Agora, claro, em uma realidade dominada pelas redes sociais, onde todos aparentam dar conta de tudo (e executar todas as tarefas com perfeição), fica difícil não se comparar com outros casais.
Todavia, Claris Leal recomenda que mantenhamos o foco em nossas próprias experiências, pois a comparação na internet não prejudica somente o sexo. “A nossa autoestima e imagem corporal são afetadas pelo Instagram e semelhantes. Precisamos ter sempre em mente que tudo aquilo que vemos na telinha é só uma fração do que realmente acontece na vida de alguém. Cada processo é único, e muitos aumentam as coisas apenas para se sentirem validados”, relembra.
A especialista finaliza declarando que o ideal é nos aproximarmos de uma educação sexual honesta e positiva: “Há respostas que a positividade tóxica não vai te proporcionar. Sendo assim, se atente a quem você segue e aos conteúdos sobre sexualidade que lhe permeiam. As pequenas coisas, como o chamego e o dengo, devem ser preservadas. Quando isso morre, e toda interação física precisa se resumir ao sexo, a vida sexual do casal fica extremamente prejudicada.”