Existe traição em relacionamento aberto?
Psicóloga explica sobre o tema que mobilizou as redes sociais, após a polêmica separação de Arthur O Urso e Luana Kazaki

Nas últimas semanas, as redes sociais se movimentaram em torno da separação dos influenciadores Arthur O Urso e Luana Kazaki. O momento chamou atenção, pela forma como optaram por viver o momento: uma cerimônia simbólica de divórcio – realizada nus – em Cap d’Agde, uma cidade naturista na França.
No entanto, o principal debate não foi a cerimônia polêmica, e sim os motivos que levaram ao término. Arthur revelou que o fim do casamento ocorreu devido a uma traição de Luana. Porém, os dois levavam o relacionamento de forma não-monogâmica, o que levantou o questionamento: existe traição em relações poliamorosas?
O que é uma relação não-monogâmica?

A psicóloga Rachel Sette, professora de Psicologia do UniArnaldo Centro Universitário, explica que do ponto de vista psicológico, este tipo de relacionamento caracteriza-se pela liberdade – em comum acordo – de se relacionar de forma afetiva e/ou sexual com outras pessoas. “A exclusividade, que muitas vezes é vista como prova de amor, é substituída por um compromisso com a verdade, a transparência e a vulnerabilidade”, diz.
Ela afirma que o sucesso da relação, neste caso, baseia-se na confiança, respeito mútuo e na escolha diária. “Os parceiros se escolhem repetidamente, não por obrigação, mas porque o vínculo principal é forte o suficiente para sustentar essa liberdade.”
Existe traição nesse caso?
Raquel aponta que as manifestações da traição são diferentes, mas, ao mesmo tempo, muito semelhantes. Isso porque, em relacionamentos abertos a ela se concentra especialmente na quebra da exclusividade, seja ela sexual ou emocional. Já no poliamor, não está diretamente ligada ao envolvimento com outras pessoas, e sim, na falta de transparência e cumprimento de acordos.
“O que caracteriza a traição aqui é a mentira, a omissão e a deslealdade. Por exemplo, um parceiro pode trair o outro se tiver um encontro e não contar, se mentir sobre com quem esteve, ou se quebrar um limite acordado, como não se envolver com um amigo em comum”, declara.
Nesse caso, a ideia de trair está no desrespeito ao vínculo criado, destruindo o principal alicerce do relacionamento: a confiança. “Não é o ato sexual com outra pessoa que causa a dor, mas sim a percepção de que o parceiro não está sendo honesto e não está priorizando a relação”, esclarece a especialista.
O papel dos acordos
Para o sucesso de um envolvimento não-monogâmico é necessário a criação de acordos, sendo citado por Raquel como um ‘contrato social’ para garantir liberdade sem sofrimentos. “O papel dos acordos é proteger a base do relacionamento.
Eles fornecem um senso de segurança, deixando claro o que cada um espera do outro e o que é considerado uma violação de confiança”, explica.
Estratégias para uma relação saudável
É compreensível que nem todas as pessoas tenham inteligência emocional para lidar com as complexidades envolvidas em uma relação aberta. Pensando nisso, a psicóloga cita algumas estratégias práticas para incluir no cotidiano:
1. Comunicação: como em qualquer envolvimento, os parceiros precisam ter segurança na comunicação, para expressarem suas angústias e emoções sem medo dos julgamentos. “É importante falar sobre sentimentos, não sobre acusações”, aponta.
2. Autoconhecimento: entender as suas vontades e inseguranças é crucial para o bom andamento da relação. “Muitas vezes, o medo de perder o parceiro tem raízes em experiências passadas ou em medos mais profundos de abandono”, informa a especialista.
3. Reafirmação: estabelecer tempo de qualidade é essencial para a manutenção do afeto, além de renegociar acordos e relembrar ao outro o valor do relacionamento. “Momentos de conexão, como um jantar especial, uma conversa profunda ou uma viagem juntos, são essenciais para manter o vínculo forte”, afirma.
4. Aceitar suas vulnerabilidades: ela destaca que como em qualquer relação não conseguimos controlar as ações e emoções do outro, e sim a forma como reagimos. “Abraçar a vulnerabilidade significa aceitar que o amor e a liberdade coexistem, e que o relacionamento é uma escolha consciente e contínua, não uma posse”, finaliza.
Assine a newsletter de CLAUDIA
Receba seleções especiais de receitas, além das melhores dicas de amor & sexo. E o melhor: sem pagar nada. Inscreva-se abaixo para receber as nossas newsletters:
Acompanhe o nosso WhatsApp
Quer receber as últimas notícias, receitas e matérias incríveis de CLAUDIA direto no seu celular? É só se inscrever aqui, no nosso canal no WhatsApp.
Acesse as notícias através de nosso app
Com o aplicativo de CLAUDIA, disponível para iOS e Android, você confere as edições impressas na íntegra, e ainda ganha acesso ilimitado ao conteúdo dos apps de todos os títulos Abril, como Veja e Superinteressante.