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Amor ou apego? Entenda se a sua relação possui afeto ou apenas comodismo

Sem percebermos, podemos permanecer em uma relação duradoura por simples comodismo

Por Kalel Adolfo
14 jun 2023, 08h53
Entenda a diferença entre o amor e o puro apego.
Entender a diferença entre o amor e o puro apego é essencial para vivermos relacionamentos autênticos.  (Carol Yepes (Getty)/Reprodução)
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Nem sempre conseguimos compreender os nossos sentimentos em uma relação, e está tudo bem. Porém, é importante reservar um tempo para refletir e reavaliar o que vivemos (especialmente ao falarmos sobre as diferenças entre o amor genuíno e o apego emocional).

Claro, é possível amar e ser apegado simultaneamente: os dois podem coexistir em harmonia. Porém, quando apenas a dependência se torna presente, corremos o risco de não vivermos de forma autêntica a quem somos. Complicado, né?

Pensando em todas essas questões (complexas, diga-se de passagem) do coração, entrevistamos a psicóloga Alessandra Kovac, que explica como diferenciar os dois sentimentos, o que fazer ao percebermos que estamos com alguém apenas por comodismo e mais. Confira:

Como a psicologia diferencia o amor x apego

Antes de tudo, Alessandra esclarece que é necessário diferenciar o que é o apego para a psicologia e para o senso comum: “Para nós, o apego é simplesmente a maneira em que uma pessoa se vincula a outra. Sendo assim, todos os relacionamentos têm apego. Agora, claro, esse vínculo pode ser saudável ou patológico”, pontua.

E como diferenciar o apego saudável do nocivo? Para a psicóloga, o primeiro passo é refletir se a sua relação possui individualidade. “Quando existe amor, as pessoas conseguem coexistir dentro da dinâmica amorosa. Já no apego, não há respeito à particularidade. Muito pelo contrário: existe uma questão de posse em que eu não consigo viver sem o outro”, clarifica.

Segundo a especialista, inúmeros fatores — como a baixa autoestima, a insegurança e a carência afetiva — contribuem para que permaneçamos em um relacionamento por dependência: “Quando não estamos bem conosco, é mais fácil perdermos o nosso senso de seletividade. Não escolhemos por afeto, mas sim pensando se o indivíduo preencheu o que acreditamos ser o suficiente para nos suprir. São as famosas migalhas. Poderíamos aceitar a bolacha inteira, mas aceitamos apenas as migalhas”, exemplifica.

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Apego por tempo de relacionamento

Outra forma de apego bastante comum é aquela estabelecida pelo tempo. Sabe aquela coisa de estar há dez anos com alguém (por exemplo) e pensar que não há por que terminar depois de tantas vivências juntos? Pois é… Para Alessandra Kovac, esse raciocínio, apesar de não ser extremamente tóxico, não traz nenhum benefício para o casal.

Aqui estamos falando de um apego subjetivo, aquela coisa nostálgica de estar há um tempão juntos. Nestes casos, o que precisa ser levado em consideração é: o que você quer? Se o outro não estiver mais suprindo as suas necessidades, talvez seja a hora de chacoalhar o vínculo. Não é porque estamos em um lugar que precisamos ficar sempre ali”, provoca.

Kovac explica que, quando há amor, as duas pessoas estarão dispostas a reconstruir o que se perdeu no caminho. Na presença exclusiva de apego, as estruturas da dinâmica simplesmente não se sustentam.

Senso crítico e autoconhecimento são essenciais

Independente do motivo do apego ter tomado conta da relação — seja pelo tempo de convívio ou por uma carência afetiva —, a psicóloga recomenda que nunca deixemos de alimentar o nosso senso crítico. “Isso não é ser ‘cri cri’, mas sim pensar no que queremos, aceitando que as vontades mudam. Precisamos nos conhecer, segurar as rédeas de nossas vidas. Quando não fazemos isso, acatamos qualquer coisa”, alerta.

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Percebi que estou com alguém apenas por apego… e agora?

Antes de tudo, calma: não é necessário sair terminando a relação. Alessandra aponta que existem muitas reflexões necessárias antes de se chegar a uma decisão final (seja ela permanecer ou romper). “Assim que as suas necessidades afetivas estiverem claras, é hora de reavaliar o relacionamento. Se a pessoa te faz bem e incentiva o seu crescimento, talvez seja interessante dar uma segunda chance”, diz.

Todavia, a psicóloga afirma que, caso percebamos que estamos apegados a alguém que traz aquela sensação de peso — nos provocando insegurança e sofrimento — estamos falando apenas de dependência emocional, sem amor. Neste cenário, o mais recomendável é buscar o término (com a ajuda de uma rede de apoio, que fique claro).

Permanecer por apego é perigoso

Por fim, a especialista faz um alerta importante: quando permanecemos com alguém apenas por apego, corremos o risco de entrar em um processo interno de desvalorização: “Perdemos a condução de nossa vida e prejudicamos aquele senso de autovalor. Abrimos mão de paixões e conquistas para nos encaixar, o que apenas apaga o nosso brilho com o tempo.”

Ela faz uma ressalva: todo relacionamento merece uma segunda chance, mesmo aqueles mais desgastados. “Sempre penso que vale a pena conversar e reestruturar, seja por um diálogo, uma mudança no estilo de vida ou até mesmo uma terapia de casal. Às vezes, dar aquela remexida nos ajuda a viver uma nova história. Mas claro, dar uma segunda chance não é sinônimo de tentar quatro, cinco, seis vezes… Aí, estamos apenas insistindo em algo que, além de não mudar, só trará dor”, conclui.

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