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Amor em Roraima

Rafaela trocou o Maranhão por Roraima. Lá, ela encontrou um grande companheiro, mas também enfrentou uma dolorida traição.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 13h33 - Publicado em 24 out 2008, 21h00
Carminha Nunes (/)
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Ilustração: Dreamstime

Gostava de morar em São Luís, no Maranhão, minha cidade natal. Nunca havia pensado em sair de lá, até que surgiu a chance de dar aulas numa faculdade em Boa Vista, Roraima. 
O salário era maior e ainda teria casa de graça. Aceitei de cara. “Rafaela, liga assim que chegar lá, hein?!”, pediu mamãe, antes de eu embarcar para minha nova vida.

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Nos primeiros dois meses, a adaptação foi complicada. Só não fiquei mais aflita porque muitos outros maranhenses moravam lá. Assim, não custei a fazer amizades e a arranjar companhia para me divertir nos finais de semana. Num deles, fui conhecer a praia do Cauamé, um balneário lotado de barzinhos que tocavam forró bom, com muita gente animada. Luciana, uma outra professora da faculdade, estava comigo.

No fim da tarde, contemplei em silêncio a paisagem. Nessas ocasiões de reflexão, pensava na minha terra. Nem estava tão longe do Maranhão, mas a distância da família, dos amigos e das raízes me deixava meio solitária. A faculdade havia me oferecido uma casa simples, mas muito confortável. De manhã até à tarde dava aulas. À noite, após jantar, ficava na varanda tomando ar fresco ou preparando o material para o dia seguinte. E lá vinha aquela maldita solidão!

“Rafaela, eu sei do que você precisa: de um homem!”, comentou Luciana, no dia seguinte, ao ver meu olhar abatido. Talvez ela tivesse razão. Desde que chegara à Boa Vista, não flertara com ninguém. “A cidade está cheia de solteiros, você é uma morena bonita. Está esperando o quê?!”, brincava minha colega. Numa das aulas, notei um casal de alunos abraçadinho no fundo da sala. Eles não prestavam muita atenção nas minhas explicações sobre filosofia, mas sequer me irritei. Os dois trocavam carinhos. Podia reparar no brilho em seus olhos. Eram jovens e experimentavam pela primeira vez a alegria do amor.

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Na adolescência eu também provara esse sentimento. Ele se chamava Carlão, era motoqueiro e eu o amei muito. Pena que resolveu se mudar para São Paulo para tentar uma vida melhor… Agora, olhando aqueles dois, eu vivia um flashback de emoções. “Professora… Ei, professora!”, ouvi, de repente, uma voz grave me chamando. Distraída, mal havia notado uma pessoa que tentava atrair minha atenção. Ao virar, deparei-me com um homenzarrão meio gorducho, de cabelos raspados. Seu sorriso era cativante. No braço, uma tatuagem oriental se exibia por baixo da manga curta.

“Professora, sou o Hélio, o dono da lanchonete aqui da faculdade. Acho que isso é seu…”, falou, exibindo uma carteira. Eu andava tão dispersa que nem havia notado que esquecera todos os meus documentos ali. Honesto, Hélio fez questão de devolvê-la intacta. Agradeci da maneira mais formal possível. Ele abriu um sorriso espontâneo e charmoso, que me fez sentir um tremor dentro de mim. Tratei de disfarçar o turbilhão que ele havia provocado e retomei a aula.

No intervalo, fui à lanchonete e pedi um refrigerante. Ele mesmo me serviu. 
“É por conta da casa!”, anunciou, quando estendi o dinheiro. Insisti. “Moça bonita hoje não paga”, falou, me devorando com o olhar. Poderia entender aquilo como um gesto machista e grosseiro, mas não: sorri, bebi o guaraná e fui embora. Alguns passos depois, dei uma viradinha para trás: Hélio me observava com o mesmo brilho que eu vira nos olhos daqueles meus alunos.

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