Luciana Temer é a vencedora do Prêmio CLAUDIA 2025 na categoria Direito das Mulheres
À frente do Instituto Liberta, ela aposta na educação sexual para proteger as crianças e prevenir abusos no futuro
Luciana Temer é filha do ex-presidente Michel Temer, mas esse dado diz pouco sobre a advogada e professora de Direito Constitucional da PUC-SP, de 56 anos — agora vencedora do Prêmio CLAUDIA 2025 pela atuação incansável no enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes.
Antes de se tornar uma referência nacional, foi delegada de polícia e integrou, na gestão Fernando Haddad, o programa De Braços Abertos, voltado à redução de danos na Cracolândia. Desde 2017, lidera o Instituto Liberta, organização que ajudou a fundar ao lado do filantropo Eli Horn.
Um chamado que mudou sua trajetória
A pauta feminina entrou em sua vida quase por acaso. Aos 23 anos, havia sido aprovada em um concurso público e foi trabalhar na Delegacia de Defesa da Mulher de Osasco.
Ao mesmo tempo, cursava mestrado em Direito Constitucional, interessada em temas como Mercosul e União Europeia. Seu orientador insistiu para que mudasse o tema da pesquisa, por entender o valor de vivenciar por dentro a rotina de uma delegacia da mulher e escrever a partir dessa experiência.
E foi uma experiência transformadora. Em 1993, Luciana já defendia a necessidade de uma legislação específica para violência doméstica, muito antes de a Lei Maria da Penha existir.
Um novo desvio que mudou tudo
Anos depois, surgiu outro desvio de rota. Luciana foi procurada pelo filantropo Eli Horn, que queria criar um instituto focado no combate à exploração sexual de meninas.
A resistência inicial e a mudança de visão
A primeira reação foi de resistência. Para ela, o problema estrutural do Brasil era a violência contra a mulher como um todo. Luciana acreditava que, se o país enfrentasse essa questão com seriedade, a violência sexual infantil seria quase residual.
Mesmo assim, aceitou a missão. E, com o tempo, compreendeu a importância desse caminho. Hoje, costuma dizer que é muito mais fácil empoderar uma menina de 12 anos para evitar a violência do que tentar tirar uma mulher de 30 de uma situação de abuso para a qual ela nunca teve outras oportunidades de saída.
Avanços legislativos em defesa das crianças
Este ano, o Instituto Liberta avançou com um projeto de lei em parceria com a deputada Duda Salabert (PDT-MG). A proposta exige que os boletins de ocorrência de violência sexual infantil informem quem fez a denúncia.
É um passo importante para reforçar a escola como espaço de proteção — e, por consequência, para combater o home schooling. Crianças fora da escola ficam mais vulneráveis, como se viu na pandemia, quando milhões deixaram de frequentar salas de aula e o número de denúncias despencou.
O ECA Digital e a proteção no ambiente online
Outra conquista recente é o chamado ECA Digital, que busca garantir os direitos das crianças na internet. O Liberta integra um amplo movimento de organizações, liderado pelo Instituto Alana, que pressiona pela criação de regras obrigatórias para o ambiente digital. Entre elas, a exigência de que sites pornográficos verifiquem a idade de quem tenta acessar seu conteúdo.
Mudanças que começam a aparecer
Apesar de saber que ainda há um longo caminho, Luciana celebra avanços significativos. No início do Liberta, quando levava o tema da violência sexual infantil para grandes corporações, costumava ouvir que o assunto era pesado demais para ser tratado internamente.
Hoje, mais de 180 empresas e organizações já se comprometeram a promover ações de conscientização entre seus funcionários com o material desenvolvido pelo instituto.
Equilibrar carreira e maternidade
Mãe de Pedro, 24, e Marina, 23, Luciana também enfrentou o desafio de conciliar a carreira com a educação dos filhos. Assumiu o posto de secretária-adjunta da Juventude quando tinha um bebê de quatro meses em casa, estava grávida do segundo — e decidiu permanecer no cargo.
Mais tarde, vieram as cobranças. Quando tinha 11 anos, Pedro faltou à escola e declarou que faria o que quisesse porque “a mãe nunca estava em casa”.
O peso da culpa — e a firmeza necessária
A culpa bateu, mas Luciana foi firme ao explicar por que trabalhava e por que sua presença no mundo importava. Também ouviu da filha adolescente por que ela tinha mais restrições para circular pela cidade do que o irmão.
Luciana respondeu: “Não sou eu que te trato diferente, é o mundo. Eu luto para que o mundo te trate igual, mas enquanto isso não acontece, eu vou cuidar da sua segurança.”
Uma batalha pública e privada
É uma luta que ela enfrentou dentro de casa e também na vida pública. E que segue avançando — para sorte das meninas e mulheres que vivem no Brasil.
O Prêmio CLAUDIA 2025
O Prêmio CLAUDIA chegou a sua 25ª edição, celebrando mulheres que transformam o Brasil em diferentes áreas. A edição 2025 foi realizada em 9 de dezembro, às 20h, no Roxy Dinner Show, Rio de Janeiro, e destacou finalistas que se tornaram referência em cultura, educação, negócios, direitos da mulher, saúde, inovação, sustentabilidade, trabalho social, influência digital e impacto do ano.
O júri desta edição reuniu nomes influentes e plurais, como Zezé Motta, Maria da Penha, Luiza Helena Trajano, Ana Fontes e a jornalista Aline Midlej, além das representantes da Editora Abril: Karin Hueck (editora-chefe de CLAUDIA), Helena Galante (diretora de núcleo da Abril) e Andrea Abelleira (VP de Publishing da Editora Abril).
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