Quando só sobrou você: onde estão as mulheres solteiras desse Brasil?
Entre casamentos, cobranças e silêncios, Ministra do Namoro revisita o significado de estar só
Esses dias encontrei uma amiga — e tal qual a cena de Miranda e Carrie em Sex and the City, ela soltou:
“Nós somos as únicas solteiras de TODOS os lugares.”
E, olha, esses dias eu realmente senti isso.
Onde estão as mulheres solteiras desse Brasil?
Eu sei que as estatísticas dizem que somos cada vez mais numerosas, talvez por exaustão de dating, talvez por consciência. Mas em certos lugares, confesso: já me senti deslocada.
As festas de casamento já não são tão convidativas, e quando chega um novo convite parece uma bomba nas minhas mãos:
“Garota, você é a única que ainda não se arranjou com alguém.”
Penso nas festas de Natal, em que mais um ano viro a Marcela que não apresenta ninguém.
Nos aniversários das amigas do colégio, todas casadas, indo pro segundo ou terceiro filho.
E eu — sem ninguém.
E aí quase sinto que essa pergunta (“e os namoradinhos?”) já nem existe mais.
As tias pararam de perguntar.
Virou constrangedor. Tabu: ninguém toca no assunto.
Como se a derrota já fosse presumida.
Mas, claro, na minha cabeça neurótica, eu imagino as falas todas:
“Ela é chata, por isso não consegue ninguém.”
“Lembra que era a garota problema no colégio?”
E pronto: eu viro o cartaz de neon piscando “ELA É O PROBLEMA”.
Porque ninguém vai parar pra fazer a equação de que os homens estão piores, que a sociedade mudou, que eu não aceito qualquer coisa.
É mais fácil concluir que eu sou “difícil demais”.
Nada mais tradicional do que colocar a mulher como errada.
O que ninguém vê é que eu só escolhi não me meter de novo num relacionamento que destrua meu psicológico, com alguém que distorce fatos, manipula narrativas e me coloca de vilã da própria história.
A escolha — a de ficar só — não é tão simples
É libertadora, sim. Mas também é solitária, cansativa e cheia de altos e baixos.
Às vezes sinto que entro em certos ambientes e todo mundo olha desconfiado.
Talvez não estejam, mas minha cabeça cria o roteiro sozinha — roteirista e neurótica, uma dupla perfeita.
E aí alguns eventos sociais viram tortura:
entre mamadeiras, casamentos e promoções do marido, o assunto do meu novo crush de 42 anos, recém-divorciado, nunca parece tão importante.
E claro, ainda tem as amigas que tentam empurrar qualquer primo mais ou menos apresentável, com dentes manchados de cigarro de bolar, e talvez uma roupa descolada.
Outra coisa que vem é o clichê com deboche:
“Mas ela não é uma solteirona gostosa, independente, que viaja o mundo sozinha e veste linho branco e escreve na maior revista feminina do país?”
Sou.
Mas também sou a neurótica, a overthinker, cheia de contradições — e por que não?
Ser humana é isso: ir e vir, duvidar, quebrar e remontar
Ser vulnerável – palavra temida entre 9/10 homens.
Então lá estou eu: uma mulher empoderada, viajando pelos quatro cantos do mundo, feliz, comprando seda colorida em algum país asiático e perfumes no duty free, olhando a data da próxima semana de moda em Copenhagen ou a passagem para a próxima Copa do Mundo, onde vou fazer a cobertura.
Mas, vez ou outra, indo para um evento, questiono todas as escolhas da vida:
Em que momento eu me perdi? Por que não acompanhei o bonde?
E se eu tivesse casado com aquele namorado da faculdade? Será que ainda dá tempo de casar e ter filhos?
Eu quero ter filhos ou não?
Será que deveria estar poupando para congelar óvulos ou comprar um carro novo já que não tenho nem previsão de engatar com um ser decente nos próximos meses?
Tudo junto e misturado. Questões profundas e existências com pitadas de futilidades – porque ninguém é de ferro e precisamos achar atalhos psíquicos senão piramos de vez e já era.
Mas logo lembro: talvez eu estivesse num casamento morno, usando o “cartão do status quo” só pra provar pra sociedade que estou “certa” e sou um tanto quanto “estável”. Provar para uma gente mais ou menos um relacionamento muleta mais ou menos, que todos questionam pelas costas a troco de uma autoimagem superficial?
E no final, todo mundo percebe a felicidade de fachada e espera atentamente sua próxima queda. Relacionamento fachada deixa um rastro por onde passa. É denso no ar quase palpável. A gente precisa mesmo disso?
Não não não.
Eu nunca toparia encenar para parecer algo.
Talvez as doses de angústia e questões existenciais possam sim ser digeridas com um copo de água pela madrugada.
Sigamos!
Em terapia, em processo, em busca.
Esperando o que vem — mas sem aceitar menos.
Porque se for pra ser o “morninho”, o “tanto faz”, o “pelo menos não tô sozinha”…
Eu prefiro ficar sozinha
Sério: se HOJE não vier com uma aliança, uma boa conversa e — por que não — uma Chanel,
nem precisa vir. Vamos elevar o patamar.
Que os homens façam por nos merecer!
Que sejam eles que se esforcem.
Que rebolem para acompanhar nossa evolução e cobrir a lacuna que deixaram com anos de maus-tratos e relacionamentos meia boca e traumas.
Talvez eu fique solteira o resto da vida.
Mas pelo menos vai ser a minha vida completa com dores,dramas e alegrias exuberantes.
E você?
Já definiu sua nota de corte para o próximo relacionamento?
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