Você sabe o que é a Ku Klux Klan, cujo ex-líder elogiou Bolsonaro?
O grupo racista KKK surgiu em 1866 e tem apoiadores até hoje.
Nesta terça-feira (16) o ex-líder do grupo Ku Klux Klan (KKK), David Duke, elogiou em seu programa de rádio o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL). “Ele soa como nós. E também é um candidato muito forte. É um nacionalista”, afirmou. Duke disse também que Bolsonaro é “totalmente um descendente europeu” e que fala “sobre o desastre demográfico que existe no Brasil e a enorme criminalidade que existe ali, como por exemplo nos bairros negros do Rio de Janeiro”.
A declaração de Duke repercutiu no Brasil, devido à gravidade de uma sinalização de apoio da Ku Klux Klan a um candidato à presidência do Brasil. Isso porque essa organização, que existe desde o século 19 nos Estados Unidos, é classificada como uma organização de ódio, defende a supremacia branca e é declaradamente racista.
A Ku Klux Klan é um grupo racista
A Ku Klux Klan foi criada no final do século 19, especificamente em 1866, nos Estados Unidos, após a vitória dos estados do norte em detrimento dos sulistas na Guerra Civil Americana.
Estabelecida por soldados que haviam guerreado a favor do Sul no combate estadunidense, a KKK tinha como foco ser uma resistência à política liberal que os estados nortistas tentavam implantar.
Entre as principais lutas dos estados do Norte estava a extinção definitiva da escravidão. Por outro lado, o empenho do Ku Klux Klan era fazer com que os negros continuassem a ser escravizados. Seus integrantes acreditavam na supremacia branca, isto é, que a cor da pele determinava o valor de um ser humano.
Os ataques desse grupo consistiam em cavalgadas noturnas, manuseando tochas e gritos de ódio durante todo o processo. Eles usavam a violência e o terror para oprimir a população.
Ainda que em 1871, o Congresso Americano tenha colocado em vigor leis que permitiram o aprisionamento de inúmeros membros da organização e, no ano seguinte, decretado o grupo como terrorista, nada disso foi o suficiente para que ele fosse disseminado completamente.
Em 1915, as telas de cinema repercutiram o filme “O Nascimento de uma Nação”, do D. W. Griffith, que reafirmava a visão racista do grupo: os negros totalmente animalizados, enquanto os brancos eram pacíficos e humanizados. Isso trouxe novamente a força à KKK.
Após a transmissão do filme de Griffith, baseado no livro The Clansman, de Thomas Dixon, junto com a Revolução Russa, o alvo do Ku Klux Klan se expandiu. Católicos, judeus e comunistas também tornaram-se foco da organização terrorista.
As ações mais violentas do grupo foram na década de 1960, quando as leis de segregação racial começaram a ser desmembradas – período em que ativistas como Martin Luther King se fizeram presentes, mas, ao mesmo tempo, foram violentamente atacados.
Ainda que após a forte onda de violência do grupo, cada clã tenha estipulado que agiria conforme sua vontade, o que enfraqueceu o movimento como um todo, isso não significou o fim por completo do KKK.
Estima-se que, atualmente, nos Estados Unidos, existam 29 organizações com os princípios originais do Ku Klux Klan, contabilizando entre 4 mil a 10 mil membros defensores dessa ideologia racista, que se apoia no direito à liberdade de expressão para garantir sua existência.