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Você sabe conversar? Veja como a comunicação não-violenta facilita a vida

A ideia é se comunicar com empatia, compaixão, sem julgamento, sem verdades, com disposição para ouvir e ser ouvida. E dá para aplicar em todas as áreas.

Por Daniella Grinbergas
Atualizado em 15 jan 2020, 10h35 - Publicado em 3 set 2019, 15h37

Pare e pense: quantas vezes em casa, no trabalho, em uma roda de conversa você já tentou defender as suas ideias e não foi ouvida? E quantas vezes você não escutou realmente o que os outros queriam dizer… O ponto é que, em tempos em que estamos nos comunicando tanto, precisamos prestar a atenção em COMO estamos fazendo isso.

É aí que entra a comunicação não-violenta, um conceito criado pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg. De forma simplificada, a ideia é saber se expressar melhor, se desarmar, ser ouvida e ouvir sem julgamentos, sem certezas absolutas, com mais abertura. “É um convite à reflexão de como nos relacionamos com os outros e com nós mesmos”, defende a Nolah Lima, cofundadora do Instituto CNV Brasil.

“A chave para conseguir dialogar é o autoconhecimento e a inteligência emocional. Quem aprende a se conhecer e controlar suas emoções tem mais facilidade para a comunicação”, explica a psicóloga Gisele Maraschin. A sinceridade e a empatia com o outro também fazem a diferença em um diálogo.

E o bom é que dá pra aplicar a comunicação não-violenta em todas as situações da vida – no relacionamento amoroso, com os filhos, com os pais, com os amigos, na escola, no trabalho…

Para começar, desarme-se

Antes de entrar em uma conversa, livre-se de rótulos, de julgamentos, de certezas e comparações. Vá desarmada. “Ao trazer julgamentos e certezas absolutas eu aumento as chances de o outro ir para defensiva e não chegar nele a mensagem do que é realmente importante para mim, que eu tanto quero preservar”, aponta Nolah. E tenha cuidado para que o outro não se sinta envergonhado, diminuído, culpado, ameaçado ao longo da conversa. Se isso acontece, há uma desconexão e a comunicação não se dá.

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Deixe sempre muito claro o seu sentimento e sua necessidade. “A coisa que mais gosto no desenvolvimento dessa comunicação é que ela estimula o uso de um sentimento na fala. Muitas pessoas têm dificuldade em expressar o que sentem, então, com o desenvolver dessa habilidade de expressão verbal acabam incluindo em inúmeras vezes do seu cotidiano os sentimentos”, conta Gisele.

“Vai desde a coragem para olhar para o que sentimos e precisamos até a habilidade de escutar o que o outro pode estar sentindo e precisando”, complementa Nolah.

E atenção: nunca entre em uma discussão para ‘vencer’, não trate a conversa como uma competição. “O que buscamos é proporcionar um diálogo saudável e honesto, congruente com os interlocutores. Isso não deveria ser ligado a perdas ou ganhos em discussões, mas sim à forma assertiva de manter um diálogo”, aponta Gisele.

Não se trata de engolir sapo!

A ideia não é parecer passiva, sem força, não é preciso ceder e concordar com o outro. O importante é estar aberta para que, juntos, cheguem a uma resolução que os mantenha alinhados. É preciso persistência, calma e treino. Há espaço para discordar e, mesmo assim, seguir conectado na conversa.

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Dicas práticas

  • Saiba exatamente o que quer – “Qual é a minha intenção nisto que estou falando ou fazendo? O que eu realmente gostaria de preservar aqui? É preciso ser capaz de se conectar com o que é importante para você e para o outro, e esse é o foco”, defende Nolah. E fale sobre suas percepções da conversa: “Estou entendendo que…”, “Percebo que…”.
  • Seja honesta – “É preciso falar o que sinto e quais as minhas necessidades, trazendo pedidos claros para cuidar disso que é importante para mim. E esteja aberta a escutar o outro e compreendê-lo, mesmo que não concorde com ele, focada também nos sentimentos e necessidades dele”, orienta Nolah. E fale claramente ao outro sobre o que está sentindo naquele momento.
  • Não há certo e errado, sempre há mais de um caminho. “A ideia é focar na necessidade, no que que está nos motivando, e não na estratégia, que é apenas um dos possíveis caminhos”, afirma Nolah.
  • Evite os imperativos negativos – “Não faça, não corra, não comporte-se assim”. Evite a comunicação de forma impositiva. Explique o que incomoda, porque incomoda, aponte caminhos.
  • Reconheça os impactos das suas ações – “Ao invés de falar: ‘Nossa desculpe, não queria ter feito isso’, devemos nos reconectar com a nossa intenção. ‘Sinto por ter contribuído com essa sua experiência, imagino que esteja frustrada e chateada, e que teria sido importante para você meu apoio, é isso? Quero cuidar da nossa relação, poderia compartilhar se há algo que eu possa fazer?'”, exemplifica Nolah. E deixe claro o que você quer também do outro.

Como aplicar:

A comunicação não-violenta trabalha com quatro pilares, partindo do princípio que é preciso deixar claro ao outro que sempre há uma observação, um sentimento, uma necessidade e um pedido. Veja a seguir os exemplos da psicóloga Gisele:

– “Filho, quando eu vejo seu quarto bagunçado (observação), fico decepcionada (sentimento), porque eu gostaria que fosse mais organizado (necessidade). Você poderia organizar seu quarto (pedido)?”.

– “Joana, eu vi que você chegou atrasada (observação), estou preocupada (sentimento), nós precisamos de você para nos ajudar (necessidade). Você poderia me contar o que aconteceu (pedido)?”.

– “Meu bem, você hoje me parece cansado, estou percebendo no seu olhar e tom de voz (observação). Estou sentindo que poderemos nos irritar se continuarmos a falar sobre esse assunto nesse momento (sentimento), então eu gostaria de continuar depois do jantar (necessidade), pode ser (pedido)?”.

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Sabemos que não é fácil, a comunicação não-violenta requer treino e muita paciência. Mas vale o exercício!

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