Já pensou em uma crise diplomática causada por causa de… Nutella?
A ministra da Ecologia francesa, Ségolène Royal fez um apelo na televisão de seu país, pedindo que o creme de avelãs não seja mais consumido.
De acordo com ela, o produto é feito usando óleo de palma, o que estaria contribuindo para o desmatamento florestal. O óleo – que não tem cheiro nem gosto – é o que dá o aspecto cremoso à Nutella.
“Nós temos que replantar muitas árvores por causa do desmatamento, que também causa o aquecimento global. Nos deveríamos parar de comer Nutella, por exemplo, porque o produto é feito com óleo de palma”, afirmou ela durante uma entrevista o Canal+, na última segunda-feira (15).
Nesta semana, a gigante italiana Ferrero, responsável pela fabricação do creme, se manifestou por meio de um comunicado, onde afirma que está ciente dos impactos ambientais causados pelo óleo de palma, e dizendo que obtém a matéria prima de forma adequada e responsável.
A produção das palmeiras de onde o óleo é extraído é feita nos trópicos e, de fato, implica na devastação de florestas tropicais. De acordo com pesquisas, essas plantações prejudicam a biodiversidade e aumentam a emissão de carbono na atmosfera.
O impacto da declaração não parou por aí. Segundo a revista Time, o ministro da Ecologia da Itália revidou a declaração da Royal, dizendo que ela deveria “deixar os produtos italianos em paz”.
Segundo o Guardian, cerca de 80% do óleo usado para fabricar a Nutella vem da Malásia. O restante é importado de países como a Indonésia e o Brasil.
E até o Greenpeace entrou na história. Ao Quartz, o grupo afirmou que se opõe ao boicote de produtos que contêm óleo de palma, afirmando que a medida não seria eficaz para resolver os problemas da cadeia de produção do óleo.
O jornal Business Insider diz que a França tem uma relação de “amor e ódio” com a Nutella. Embora sejam responsáveis pelo consumo de 26% da produção global do produto, em 2011, houve uma tentativa de taxar o óleo de palma em 300%, por causa de seu papel no desmatamento florestal e no crescimento das taxas de obesidade.
A lei foi rejeitada em 2012, por 186 votos a 155.
Depois de toda a polêmica, a ministra pediu desculpas no Twitter e afirmou que “reconhece os avanços” da fabricante da Nutella em relação aos seus compromissos ambientais.
Mille excuses pour la polémique sur le #Nutella. D’accord pour mettre en valeur les progrès.
— Ségolène Royal (@RoyalSegolene) June 17, 2015
Então tá.
Matéria publicada em Brasilpost.com.br