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Veja tudo que os candidatos a presidência falaram sobre mulheres no debate

Feminicídio, desigualdade salarial e aborto foram alguns temas abordados no primeiro debate dos candidatos a presidência.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 16 jan 2020, 10h36 - Publicado em 10 ago 2018, 19h11

Na última quinta-feira (9), a emissora Band foi responsável pela transmissão do primeiro debate entre os candidatos que estão concorrendo à presidência. Os nomes que preencheram as oito bancadas foram: Alvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede). 

Com apenas uma mulher entre os debatedores, os assuntos relacionados ao público feminino não foram o centro das atenções e, apesar de saúde, educação, segurança e economia serem assuntos pertinentes a todos os gêneros, há questões que dizem mais respeito às mulheres, como aborto e feminicídio. Por isso, o MdeMulher separou  quais foram os posicionamentos dos candidatos sobre as temáticas ao redor da mulher na sociedade brasileira. Confira! 

Alvaro Dias (Podemos)

Ainda que tenha sido o candidato do Podemos o primeiro a trazer à tona questões pertinentes a realidade de muitas mulheres, como desigualdade salarial e o aumento dos casos de estupro, ao ser questionado pela jornalista Lana Canepa sobre seu posicionamento a respeito do aumento dos casos de feminicídio, a resposta foi decepcionante.

“Mulheres e jovens”: foi com essa comparação, entre dois grupos sociais tão diferentes, que Álvaro começou a sua resposta. Isso fez com que seus argumentos fossem apenas sobre os jovens e não sobre o público feminino. Inclusive, para impactar os telespectadores do debate, o candidato optou por citar a taxa de adolescentes mortos e não o fato do Brasil ser o quinto país com o maior índice de feminicídio, segundo a OMS – de 1980 a 2015, 106.093 pessoas morreram por serem mulheres.

Dias também discutiu sobre gastos públicos para tentar abordar o assunto, o que soa incoerente porque não era o foco da discussão, além do dado trazido estar errado: “Nós gastamos mais em segurança que os países da OCDE, todos eles” – os gastos de 23 países, incluindo Espanha, Holanda e Costa Rica, são mais altos que o do Brasil.

Jair Bolsonaro (PSL)

Com opiniões polêmicas já conhecidas, o deputado se manteve de certa forma imparcial ao falar, depois de questionado por Álvaro Dias, sobre a desigualdade salarial e  aumento de estupros no Brasil.

“Tem muito local que mulher ganha mais do que homem, deveríamos então lutar para diminuir o salário dessas mulheres competentes? Repito: o Estado não deve interferir nessa área”, ele argumentou, e citou antes que segundo as leis, as mulheres já recebem a mesma coisa que os homens

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Isso vai contra o estudo publicado pelo IBGE, no qual estima-se que as mulheres ganham apenas 75% do que os homens ganham, mesmo tendo maior escolaridade média e desempenhando a mesma função.

Em relação ao estupro, ele voltou a comentar sobre o seu projeto de lei em que é a favor da castração química voluntária. Com isso, os presos pelo crime só poderão diminuir sua pena ao passarem pelo processo em que há a diminuição de impulsos sexuais. Ele pode ser feito de dois modos: ou com uma sobrecarga hormonal no corpo do réu ou com a inibição de testosterona – nos dois casos os desejos sexuais são retraídos e a ereção do homem é afetada também. 

O caso é constantemente discutido e segundo um estudo realizado com pedófilos pela Universidade de Brasília, aponta que apenas 10% têm resposta positiva a tratamentos hormonais, e 90% com tratamentos psicológicos, o que vai de encontro com a afirmativa de Jair Bolsonaro.

Cabo Daciolo (Patriota)

O candidato foi chamado para comentar sobre feminicídio pela jornalista Lana Canepa, que citou uma grande falta de amor, principalmente de homens violentos contra mulheres. Para justificar sua resposta, Daciolo citou o caso da advogada Tatiane Spitzner, que caiu do terceiro andar após briga entre ela e o marido nesta segunda-feira (7): “A pressão para pegarmos essas pessoas que estão cometendo esses crimes com as mulheres não vem com medidas enérgicas”, ele explica e acrescenta que há a necessidade de maior segurança e educar a população, para transformar o país.

Marina Silva (Rede)

Ao ser questionada por Geraldo Alckmin sobre como ela se posicionaria sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), ela aproveitou o foco no público feminino e afirmou que implementará um programa que fará com que casos de média e alta complexidade sejam tratados, especialmente quando o assunto for o público feminino. O problema, Marina, é: como você fará isso? Porque ainda não entendemos quais recursos serão utilizados para colocar essas medidas em prática!

Já ao ser indagada sobre a legalização do aborto, Marina afirmou que defende a permanência da lei como ela está hoje: ele é permitido quando a gestante corre risco de morte, quando a gravidez é resultado de um caso de estupro e quando o bebê é anencéfalo, isto é, quando ele nasce com o cérebro subdesenvolvido e crânio incompleto. A candidata fez a ressalva de que caso precise expandir os artigos do atual decreto, ela defenderá a montagem de um plebiscito para a votação do assunto.

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Geraldo Alckmin (PSDB)

Na oportunidade de rebater as justificativas da candidata da Rede com o enfoque ainda em questões que envolvem as mulheres, Alckmin preferiu seguir pela linha geral. Ele optou por relacionar a melhoria da saúde com a prática de um bom saneamento básico e também a abertura de postos públicos. Ainda que questões de saúde pública estejam relacionadas também ao público feminino, é sempre importante lembrar que as mulheres ainda são minorias, então, não é possível tratá-las dentro do todo. 

Guilherme Boulos (PSOL)

Depois de questionar ao candidato Álvaro Dias, a jornalista Lana Canepa escolheu Boulos para responder sobre a possibilidade da legalização do aborto durante o seu governo, principalmente após o dado doloroso de que quatro mulheres morrem todos os dias ao tentarem abortar, segundo levantamento do Ministério da Saúde.

Guilherme deixou claro que ninguém é a favor do aborto, mas de permitir que mulheres possam decidir se elas farão ou não esse procedimento médico. Além de defender o fato de que a descriminalização do ato é uma questão de saúde pública, pois a mortalidade das mulheres diminui quando o aborto deixa de ser feito clandestinamente.

O candidato aproveitou o seu momento de fala para citar a vereadora Marielle Franco, que foi brutalmente assassinada em um atentado, em que 13 tiros foram disparados contra o seu carro. Trazê-la a memória não foi por acaso: ele citou que mais do que legalizar o aborto, um dos seus planos de governo seriam as creches integrais – projeto inicial da vereadora -, para que as mães tenham um dos suportes necessários para conseguir conciliar a criação dos filhos com os estudos e/ou emprego.

Outra proposta apresentada por Boulos foi algo perguntado anteriormente a Bolsonaro: a busca pela igualdade salarial. Diferente do que Jair apresentou em seu discurso, Guilherme afirmou que mulheres e homens ainda não ganham a mesma quantia quando trabalham no mesmo cargo, mas que para isso acontecer é necessário que o governo intervenha com políticas públicas que possibilitem isso. Gostaríamos de saber quais, candidato!

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