Superafro: projeto fotográfico mostra a beleza e a força da mulher negra
Conheça o trabalho empoderador do fotógrafo brasiliense Weudson Ribeiro.
Esqueça o sentido de beleza que se refere à busca por uma perfeição que não existe. A que a gente quer ver é aquela que tem verdade, que tem história e que vai muito além da estética. E é essa beleza que muitos fotógrafos estão se dedicando a mostrar, em trabalhos que visam o empoderamento e o resgate da autoestima feminina.
Dessa motivação surgiu o projeto Superafro: O Poder da Mulher Negra, que busca enaltecer a beleza e a força da negritude feminina. Quem assina o trabalho é o fotógrafo brasiliense Weudson Ribeiro, que já desenvolve esse trabalho há dois anos. “Eu quis analisar a auto-percepção de mulheres que fazem da própria negritude um ato político. Mais do que documentar a realidade de personagens negras como vítimas de opressão, eu acho importante retratá-las como heroínas cujas vidas têm sido uma luta anti-racista”, explica o fotógrafo.
Por estar envolvido na causa LGBT, Weudson iniciou o projeto fotografando mulheres lésbicas e trans, mas expandiu a proposta e hoje busca fazer com que seu trabalho seja o mais plural possível. É pelas ruas de Brasília que ele encontra as moças fotografadas e os convites são feitos de maneira bem informal. “A auto-confiança que elas transmitem é o que chama a minha atenção à primeira vista. Me aproximo e engato uma conversa sobre a identidade e o comportamento afro no país. Ouço e compartilho histórias pessoais. Se houver consenso, eu faço o convite para participarem do projeto. A maioria topa de cara.”
O fotógrafo conta que a motivação por trás do Superafro vem da ideia de que valorizar a negritude é, antes de qualquer coisa, um ato político. “As afro-brasileiras enfrentam diversos tipos de preconceito desde os anos de formação. Crescer num cenário tão opressor e, mesmo assim, nadar contra a corrente, assumindo o cabelo natural com a segurança de quem sabe o que quer, é um dos maiores gestos de bravura numa época dominada por imposições estéticas.”
Para ele, projetos como esse ajudam a fazer com que outras mulheres passem a valorizar sua beleza. “O padrão estético propagado na moda, na publicidade e na televisão, sofre um evidente processo de branqueamento. Alisar os cabelos é um reflexo da ideologia pigmentocrata que perdura no país há séculos. Dar destaque à beleza negra ensina a jovens que traços étnicos não-europeus também são especiais.”