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Sim. Seu filho precisa brincar com outras crianças

Conviver com amigos da mesma faixa etária é essencial para o desenvolvimento físico e emocional

Por Estúdio ABC
Atualizado em 6 fev 2017, 14h39 - Publicado em 27 jun 2016, 13h50
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É fato: segundo a pesquisa “O valor do brincar livre”, realizada com 12.170 pais em 10 países, 40% das crianças brasileiras brincam ao ar livre por 1 hora ou menos por dia – e 6% sequer se divertem fora de casa. Entre as causas apontadas no mesmo estudo estão a falta de segurança e a agenda ocupada dos pais, além de outras dificuldades típicas da rotina urbana. E não é difícil imaginar as consequências. Nossas crianças já gastam 24% do seu tempo livre diante de uma tela, e 89% delas preferem brincar com esportes virtuais, no computador ou no tablet, a praticá-los na vida real. O prejuízo, alertam os especialistas, vai muito além da questão física. A seguir, a psicopedagoga Maria Celia Malta Campos, doutora em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Associação Brasileira de Brinquedotecas, explica por que as crianças precisam brincar umas com as outras.

A pesquisa demonstra que as crianças brasileiras se divertem sozinhas, em casa, boa parte do tempo. O que elas perdem com isso?

O sedentarismo na infância resulta em muitos prejuízos para o desenvolvimento físico e cognitivo. A criança precisa brincar em terrenos irregulares, onde enfrenta desafios para sua coordenação, equilíbrio, postura corporal, força, destreza, noções de distância e tamanho. Essa experiência no espaço físico natural é o fundamento do pensamento abstrato e base para as posteriores aquisições intelectuais – e, entre quatro paredes, em piso uniforme e ambiente constante, sem variações e novos desafios, ela não acontece da mesma forma.

E do ponto de vista emocional e social?

A criança que cresce longe do espaço público, restrita ao meio familiar, perde a oportunidade do convívio com seus pares e, com isso, deixa de exercitar atitudes essenciais ao desenvolvimento de um futuro cidadão. É na infância que aprendemos a lidar com regras e limites, a compartilhar, a proteger os mais fracos, a nos defender dos mais fortes e do abuso de poder, a respeitar os outros. Na escola, os educadores têm a função de regular e moderar as relações e acabam interferindo na espontaneidade das trocas e dos ajustes que as crianças fazem em grupo, quando brincam livremente.

O que acontece quando os pais brincam com a criança na tentativa de suprir a ausência de coleguinhas?

Programas familiares que objetivam a recreação são sempre bem-vindos. Divertir-se na companhia dos pais os aproxima e fortalece vínculos e a confiança mútua. Mas é preciso haver equilíbrio. Pesquisas relacionadas à linguagem infantil, por exemplo, demonstram que a criança não se esforça para se comunicar melhor quando fala com adultos – ela confia que ele sabe tudo e, portanto, a entenderá. De fato, muitos adultos agem de um modo que confirma essa crença infantil. Completam as lacunas das explicações da criança e até fingem que entendem seus gestos e palavras para não desapontá-la. Quando brincam livremente entre companheiros da mesma idade, ao contrário, os pequenos têm chance de se desenvolver: aprimoram a linguagem, exercitam habilidades físicas e cognitivas, aprendem a conviver em sociedade. São experiências de uma riqueza extraordinária – e insubstituíveis.

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