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“Selinho” de mãe e pai nos filhos é prejudicial para as crianças?

Beijo de Deborah Secco e Hugo Moura em Maria Flor, filha do casal, criou polêmica; especialistas esclarecem o assunto.

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 16 jan 2020, 08h18 - Publicado em 3 out 2018, 21h08
Mother and daughter embracing in kitchen (MoMo Productions/Getty Images)
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Mais uma vez, uma foto de mãe e filho dando um selinho repercutiu nas redes sociais. Sophie Charlotte postou um clique cheio de ternura em que dá um beijinho no filho Otto, durante a festa de aniversário dela. Meses atrás, Deborah Secco também postou em seu Instagram uma foto de selinho triplo com o marido, Hugo Moura, e a filha do casal, Maria Flor. As reações dos seguidores das atrizes se dividiram: enquanto muitos elogiaram a expressão de afeto, outros torceram o nariz e alegaram que não achavam a atitude correta nem higiênica.

E, claro, criou-se a polêmica: afinal, mães e pais darem beijinhos na boca dos filhos é prejudicial para a saúde física ou mental das crianças? Conversamos com Carla Poppa, doutora em psicologia clínica e psicoterapeuta de crianças, adolescentes e adultos, e com o infectologista clínico Paulo Olzon, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), para esclarecer essa história.

Antes, veja (ou reveja) a foto da família de Deborah:

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Toda demonstração de afeto deve ser espontânea

No que diz respeito à saúde mental das crianças, Carla explica que o selinho não representa um problema – desde que não seja forçado.

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“Quando a criança é novinha, é possível que ela mesma, de maneira espontânea, dê um selinho ao beijar os pais. Nessa fase, é um gesto pelo qual ela expressa o afeto que sente. O mais indicado seria que, desde cedo, o selinho só acontecesse entre pais e filhos quando a iniciativa fosse da criança”, diz.

À medida que a criança cresce e percebe códigos sociais e as diferenças de demonstrações de afeto entre casais, entre mães ou pais e filhos e mesmo entre amigos, é comum e natural que ela própria não queira mais dar selinhos nos adultos. Caso isso ocorra, este é o momento em que mães e pais devem respeitar a atitude da criança: “Ela pode se sentir invadida e, consequentemente, constrangida se os pais insistirem nos selinhos.”

Acontece, é claro, de mães e pais não perceberem esse “click” da criança e continuarem com o hábito dos selinhos com o melhor dos sentimentos. Segundo Carla, “em algum momento, a criança poderá conseguir expressar seu desconforto”. Por isso, é essencial manter os canais de comunicação abertos e dar aos filhos a segurança de que eles têm liberdade para falar aos adultos de seu círculo familiar tudo que sentem.

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Happy family in childrens room
(Westend61/Getty Images)

Não custa reforçar: para não comprometer seu desenvolvimento, é muito importante respeitar a vontade da criança. Se ela se sentir invadida e constrangida repetidamente quando não quiser mais dar selinhos nos pais, pode perder a espontaneidade e assimilar mensagens que prejudiquem sua autoestima. Pode, também, ter dificuldade para entender que não é obrigada a permitir o contato físico de outras pessoas adultas.

Os selinhos prejudicam a saúde das crianças?

Beijinhos na boca são transmissores poderosos de doenças respiratórias, conta o infectologista Olzon: “Este risco em beijos no rosto é menor, pelas mãos aumenta, e em selinhos é muito maior.”

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Por isso, ele defende que os pais precisam estar certos de que não estejam com nenhuma doença, seja gripe ou meningite, antes de pensarem em dar esse tipo de beijo nas crianças. “E mesmo assim não é 100% seguro, porque as doenças do sistema respiratório são infectantes antes de apresentarem sintomas”, alerta.

E quanto mais novinhas as crianças, maior o risco. “As menores são mais suscetíveis a serem atingidas por doenças desta forma por ainda estarem desenvolvendo as defesas naturais, o sistema imunológico”, explica. Mas, mesmo que sejam crescidas e vacinadas, é melhor evitar selinhos, na opinião do especialista. “A humanidade evoluiu tanto na prevenção de doenças que não vale a pena arriscar a saúde assim. É melhor demonstrar o afeto de formas mais seguras”, finaliza.

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