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Seguro: ter ou não ter?

Mais de 80% dos brasileiros não possuem nenhum tipo de proteção. Conheça as opções mais interessantes do mercado e decida se alguma vale o seu investimento.

Por Simone Costa (colaboradora)
Atualizado em 31 out 2016, 11h31 - Publicado em 3 jun 2015, 14h31

Não é de hoje que as pessoas fazem algum contrato para garantir compensação em caso de prejuízo: a origem do mercado de seguros está na Antiguidade, centenas de anos antes de Cristo. Já o primeiro a aportar em terras brasileiras foi o marítimo, em 1808, com a chegada da família real. De lá para cá, é evidente, esse mercado cresceu e se diversificou, mas deu um salto significativo sobretudo recentemente. “Na última década, os brasileiros conseguiram aumentar seu patrimônio e isso faz com que queiram protegê-lo”, explica Luciene Magalhães, sócia da consultoria KPMG. “Nesse período, o setor teve um crescimento médio de 10% ao ano, bem acima do desempenho do produto interno bruto (PIB)”, aponta ela. Ainda assim, uma pesquisa do instituto Datafolha de março deste ano mostrou que 82% dos brasileiros não possuem nenhuma modalidade de proteção.

Entre os que têm seguros, de acordo com um estudo da KPMG, os maiores valores são gastos com as variedades que pagam indenização ao próprio segurado ou à família dele (incluem, entre outros, vida, educação, viagem, funeral), carro e saúde, nesta ordem. Mas, mesmo com o alto ritmo de crescimento, o Brasil ainda engatinha na área, gastando por aqui apenas 4% do PIB (ante 7,5% nos Estados Unidos e 11,5% na Inglaterra). “É muito pouco, se compararmos com outros países. Na Europa, esse é um setor tão maduro, que, nas escolas, quando ensinam planejamento financeiro aos adolescentes, já se fala de seguros”, conta Luiz Pomarole, diretor-geral da Porto Seguro. “Aqui, só agora as pessoas estão deixando de vê-los como um gasto para encará-los como uma ferramenta voltada a manter o que conquistaram e também para se resguardarem caso causem danos a outros (como pode acontecer em um acidente de carro)”, diz.

Diante da oferta crescente de tipos de apólice, como definir qual a mais relevante? “Faça uma reflexão sobre o que é prioritário para você. Por exemplo, neste momento, é mais importante garantir a renda para a família caso fique desempregada ou em primeiro lugar vem a reposição de um automóvel roubado que é usado no dia a dia?”, sugere a planejadora financeira Maristela Gorayb, de São Paulo. Para facilitar essa decisão, preparamos uma lista com opções das mais tradicionais às mais novas – tem até seguro para festas de casamento ou para cuidar da eventual vítima do seu cachorro de estimação. Uma vez definida qual área merece mais sua atenção, procure um corretor que ajude a comparar cotações e coberturas diferentes e a avaliar quais dos serviços desejados cabem no seu bolso.

Uma dica: se ficar insatisfeita com o serviço prestado por alguma empresa do setor, você pode encaminhar sua reclamação para a Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão do governo federal responsável pelo controle e fiscalização das empresas do setor. Para problemas com os seguros de saúde, campeões de reclamações, o cliente deve recorrer à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Em último caso, aos órgãos de defesa do consumidor”, explica a advogada carioca Luciana Gouvêa.

Eletroeletrônicos além da garantia

Tablet, notebook e smartphones são alvo frequente de roubos ou furtos. Por isso, já é possível sair da loja com um seguro específico para esses aparelhos. Normalmente, a taxa anual gira em torno de 15% a 20% do valor do aparelho. Nas lojas físicas ou online, também dá para comprar uma garantia estendida para equipamentos que vão da geladeira à chapinha. Ela começa a contar após o fim daquela de fábrica e vale por até 36 meses. Embora o segmento tenha sido regulamentado pelo Susep há pouco tempo, é preciso ficar de olho para evitar abusos.

Casa protegida

Incêndio, danos elétricos ou causados por fatores naturais (como vendaval, chuva ou furacão) são alguns dos problemas cobertos pela modalidade residencial. Atualmente, 15% dos lares brasileiros têm algum tipo de proteção dessas. “A apólice contratada pode ser ampla ou específica para certos fatores. Por exemplo, em uma casa com muitos vidros é possível segurar só eles. Quem mora em região propensa a desmoronamentos ou inundações pode se prevenir contra eles apenas. E há opções voltadas especificamente para vítimas de roubo ou furto”, explica Pomarole, da Porto Seguro.

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Bem-estar dos herdeiros

Em caso de morte do segurado, o parceiro e os filhos recebem uma renda pré-combinada. É possível incluir cobertura para qualquer causa ou apenas para acidente. Os valores variam. Por exemplo, uma pessoa de 30 anos que queira deixar um capital de 500 mil reais para seus parentes paga em torno de 65 reais por mês. Graças à recente regulamentação dos chamados microsseguros, dá para contratar proteção para acidentes pessoais com menos de 10 reais mensais e um capital segurado de até 10 mil reais.

Vida e também previdência

O Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL) é classificado como um seguro de vida, mas também funciona como previdência – indicado para quem faz a declaração simplificada do imposto de renda. “Diferentemente do de vida tradicional, em que o valor é repassado para a família apenas em caso de morte do titular, o VGBL pode ser resgatado pelo próprio segurado”, explica a planejadora financeira Maristela Gorayb. Mas, se o montante acumulado for retirado na forma de renda vitalícia, quando o segurado morrer, o pagamento é suspenso – e os herdeiros não recebem nada. “Se ele não for resgatado antecipadamente, funcionará como um seguro de vida tradicional, e a soma final será repassada aos familiares. A quantia pode ser fundamental para garantir a rotina dos herdeiros enquanto se faz o inventário dos bens, muitas vezes demorado”, explica Fábio Pinho, CEO da francesa Essor Seguros.

Imprevistos domésticos

Já pensou se o seu cachorro morde um vizinho ou se seu filho quebra a janela de outra casa com a bola de futebol? Você pode se prevenir contra esses incidentes também. Em alguns casos, as apólices são vendidas em um grande pacote residencial. Em outros casos, entra-se no ramo de contratos de responsabilidade civil – referente a danos a outra pessoa. “É possível cobrir qualquer situação envolvendo parceiros, filhos e empregados”, avisa Luiz Carlos Meleiro, diretor da Allianz.

Invalidez ou afastamento

Engana-se quem pensa que o seguro de vida cobre apenas morte. Ele também garante renda no caso de invalidez permanente ou temporária. “Um dentista que machuca a mão e fica impossibilitado de trabalhar pode receber uma quantia mensal desde o primeiro dia parado até um ano de afastamento”, explica Renato Pedroso, diretor de negócios da Previsul. Na mesma linha, as seguradoras também oferecem cobertura hospitalar. Interessante sobretudo para quem é profissional liberal, esse seguro paga uma quantia diária durante os dias de internação.

Viagem tranquila

Entrar nos 25 países da Europa que fazem parte do Acordo de Schengen (Alemanha, França, Itália e Portugal entre eles), só com seguro-viagem. O mínimo exigido é uma cobertura de 30 mil euros para assistência médica ou acidente. O valor da apólice leva em conta o destino, o tempo de permanência, a idade do viajante e se ele pretende fazer esportes radicais por lá. A cobertura garante despesas médicas e hospitalares e o translado médico (ou funerário). Ainda que não seja obrigatório em outros lugares do mundo, sem dúvida assegura tranquilidade ao viajante – considere que o valor médio de uma diária em hospital particular de Nova York é 5 mil dólares, por exemplo. “Essa modalidade também pode ser adquirida para viagens nacionais e vem ganhando novas possibilidades de cobertura, como reembolso de diárias em caso de desistência do passeio”, explica Raphael Swierczynski, CEO da seguradora australiana QBE. Esse seguro pode ser contratado em agências de viagens – algumas empresas de cartão de crédito dão o seguro-viagem como bônus para quem paga a passagem com cartão.

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Prestação sem atrasos

O seguro prestamista é uma forma de evitar a inadimplência. Ele entra em ação quando a pessoa que comprou algo parcelado ou financiado morre ou perde o emprego (sem justa causa). “Pode ser utilizado também para garantir o pagamento da mensalidade escolar se o pai ou a mãe ficarem desempregados”, explica Pedroso, da Previsul. No varejo, já é possível contratar esse tipo de proteção na hora da compra de produtos para casa. O valor, normalmente, vem dividido junto com as parcelas da mercadoria.

Cuidados com o animal

Seguro para animais não é novidade, pelo menos lá fora. Na Inglaterra, qualquer bicho de estimação pode ser segurado, inclusive iguanas e roedores. Há quatro anos no Brasil, a PetPlan, uma das maiores do mundo, oferece cobertura para cães e, a partir do segundo semestre, também terá em seu portfólio opções para gatos no estado de São Paulo e na cidade do Rio de Janeiro. O contrato prevê o uso de rede de veterinários, clínicas 24 horas, exames laboratoriais, hospitais e cremação ou enterro. Em outras partes do país, é possível encontrar alguns planos, mas, normalmente, não estão ligados a uma seguradora; são oferecidos por hospitais veterinários ou petshops. “Os animais, principalmente cães, adoecem com a idade e o custo do seguro pode ser alto”, diz Marcello Falco, CEO da PetPlan. Os planos têm mensalidades que variam de 69 a 159 reais. O mais completo inclui até acupuntura para o pet.

Atenção à saúde

A principal diferença entre plano e seguro de saúde é que o primeiro é restrito à rede (de médicos, hospitais e laboratórios) credenciada, enquanto o segundo permite que o usuário recorra a serviços particulares e tenha reembolso de ao menos parte do valor gasto. Ambos estão no topo das listas de insatisfação nos órgãos de defesa do consumidor, seja por causa das dificuldades no atendimento, seja por recusa de cobertura ou reajustes abusivos – portanto, atenção. Ainda assim, são a melhor saída para quem não quer depender do sistema público nem se surpreender com a conta de consultas, hospital ou exames quando fica doente. A maioria dos brasileiros adota o serviço de plano ou seguro oferecido pela empresa onde trabalha. Já os autônomos podem contratar um serviço individual (em geral, caros) ou se ligar a uma entidade de classe e aderir a um coletivo. Seja qual for a sua opção, fique de olho nos contratos e na prestação de serviço.

Segurança para o seu carro

“Decidir ter ou não um seguro de carro vai depender do que aquele bem representa para o usuário e quão importante é conseguir repô-lo se algo acontecer”, analisa a planejadora financeira Maristela Gorayb. Os valores variam de acordo com o ano e o modelo do veículo, o tipo de apólice, as características e a rotina do motorista (se para em estacionamento ou tem mais de 25 anos, o valor cai, por exemplo) e onde ele vive. Da frota de mais de 48 milhões de carros do país, 30% têm proteção. Segundo os especialistas, esse número deve aumentar com o lançamento de apólices customizadas, que são restritas a um único tipo de cobertura. Já é possível encontrar seguros que cobrem apenas roubo ou furto e outros que agregam proteções específicas, como quebra de vidro ou assistência 24 horas. “Isso deve tornar o valor dos contratos 40% menor do que o tradicional”, avalia Pedroso, da Previsul. “Mas, quando se opta por uma variedade mais restrita, deve-se cogitar a contratação de uma apólice de responsabilidade civil, fundamental caso você precise indenizar alguém em caso de acidente”, recomenda ele.

Festa confirmada

Imagine passar vários meses pagando pelo casamento dos seus sonhos e ele simplesmente não acontecer por falta de um fornecedor. Tem seguro para prevenir esse tipo de surpresa desagradável. “Se, uma semana antes da festa, a empresa que ia montar a estrutura da recepção sumir, a seguradora providencia outra para fornecer o serviço. Se alguém passar mal com a comida servida pelo bufê, o seguro a encaminha para o hospital. Se o fotógrafo não apareceu, é feito o reembolso do valor pago”, explica Pomarole, da Porto Seguro. O mesmo funciona para recepções menores ou eventos corporativos. Mas, é claro que, assim como os outros tipos de seguro, esse também é feito com a expectativa de não precisar usá-lo. 

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