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Quando as mulheres chegam ao topo, o faturamento da empresa aumenta

A diversidade é mais rica. Mas, infelizmente, só 20% das mulheres ocupam cargos executivos nas empresas do mundo todo

Por Aline Takashima (colaboradora)
Atualizado em 12 abr 2024, 09h47 - Publicado em 29 abr 2016, 13h30

Quando criança, Camila Achutti espantava-se toda vez que seu pai escrevia uma língua estranha. A menina queria muito aprender o tal ‘código alienígena’, mas nessa época ainda não sabia da pequena representação feminina no grupo de ‘solucionadores de problemas’, como chama os profissionais de tecnologia da informação. “Pensei em desistir no primeiro dia de aula na universidade. Era a única garota da sala”, revela a programadora, que aos 24 anos já é mestre em ciência da computação pela Universidade de São Paulo.

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O mercado de trabalho na área de tecnologia é restrito para as mulheres. Gigantes como Twitter, Google e Apple contam em média com 30% de funcionárias. Em cargos de diretoria, a desigualdade aumenta. Elas estão no comando de apenas 11% das empresas do Vale do Silício, de acordo com relatório Gender Diversity in Silicon Valley (Diversidade de gênero no Vale do Silício, em tradução livre).

Ana Mastrochirico e Gabriela Cestari
Ana Mastrochirico e Gabriela Cestari ()

O relatório When Women Thrive (Quando as mulheres prosperam, em tradução livre) comprova a redução da participação feminina em posições de liderança em todas as áreas. A pesquisa da consultoria Mercer envolveu 583 organizações com 3,2 milhões de funcionários em 42 países. Em média, elas representam 40% dos funcionários das empresas, mas somente 20% alcançam cargos executivos. E ainda têm mais 30% de chance em relação aos homens a deixar a organização.

Embora as lideranças empresariais sejam predominantemente masculinas, a igualdade de gênero nas corporações resulta em crescimento nos resultados financeiros e no PIB.  Só a Índia poderia elevar até 27% do seu produto interno bruto. É o que diz o relatório Women. Fast forward (Mulheres. Avanço rápido, em tradução livre), da consultoria corporativa Ernst Young (EY).

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Em ambientes onde a divergência de ideias é aceita, e até estimulada, as mulheres tendem a defender mais seus pontos de vista. De uma maneira geral, elas pensam de forma diferente dos homens. E é justamente a diversidade que aumenta a reflexão e aprimora as decisões de uma empresa. Como consequência, o faturamento da corporação aumenta, defende a pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Lígia Paula Pires Pinto Sica. “A presença das mulheres, ao gerar diversidade, melhora o processo de resoluções.”

Por que é tão difícil chegar lá?  

Todas as vezes que a cientista Priscila Kosaka, de 36 anos, viaja para o Brasil, escuta a seguinte pergunta: “Quando você vai casar e ter filhos?”. Com uma rotina de trabalho de 10 a 13 horas diárias, a pesquisadora do Instituto de Microeletrectrónica de Madrid não pensa em ser mãe tão cedo. Recentemente, a brasiliense criou um sensor que detecta o câncer antes do aparecimento dos sintomas. “Tem mulheres que nascem para ser mãe, outras procuram caminhos diferentes.”

Ela explica que, em média, as cientistas demoram para ter filhos. “Quando você é jovem tem que provar que será uma pesquisadora, depois deve conquistar o título de doutora. Em seguida, mostrar que é capaz de trabalhar de forma independente.” E complementa, “se eu ficar dois meses de licença, a pesquisa fica parada.”

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Segundo a Harvard Business School, cerca de 82% das mulheres no mundo priorizam a família ao invés do trabalho, contra 74% dos homens. A pesquisadora Lígia Paula Pires Pinto esclarece que, “para perseguir o sucesso, o homem conta com o apoio familiar, de um filho. Para a mulher atingir o mesmo espaço, ela tem que abrir mão de tudo”. Categórica, ela aponta as cotas para mulheres nos cargos de médio e alto escalão. Tatau Godinho, secretária de Políticas do Trabalho e Autonomia Econômica das Mulheres, reitera a afirmação. “Existe uma dificuldade de incorporar mulheres em postos de chefia. Portanto, uma ação afirmativa favorece a todas.”

Se lá no início deste texto, a programadora Camila Achutti pensou em desistir, hoje é uma entusiasta do movimento por igualdade de gênero na tecnologia. Sócia da empresa de consultoria de inovação Ponte21, faz questão de contratar pelo menos 40% de estagiárias. Este ano, o número de funcionárias é ainda maior do que a meta estabelecida: 43% de alunas e 40% de instrutoras. “Tenho certeza que elas vão quebrar todos os estigmas.”

 

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Curso Abril de Jornalismo 2016
Reportagem: Aline Takashima, Giovanna Maradei, Lola Almeida, Nathalia Cariatti, Thaís Varela
Arte: Ana Mastrochirico, Gabriela Cestari
Fotos e vídeos: Martim Passos
Agradecimentos: Edward Pimenta, Cristina Naumovs, Bruna Sanches, Doberman Filmes, Escola de Dados

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