Poder escolher ter ou não filhos afeta a economia, mostra agência da ONU
O poder de escolha reprodutiva pode afetar significativamente o progresso individual e coletivo
Você já imaginou em algum momento quantos filhos gostaria de ter e em que fase da sua vida? Algumas vezes esse planejamento precoce começa ainda quando criança, sugerindo a existência de uma certa pressão para que meninas enxerguem uma necessidade de ter filhos. O medo de um posicionamento diferente ao da família, da religião e até o modo como a indústria de brinquedos ainda estereotipa objetos para meninas, influenciando a ideia de maternidade e funções domésticas desde cedo, podem causar efeitos significativos em escolhas futuras das mulheres.
O relatório Situação da População Mundial, publicado nesta quarta (17) pelo UNFPA, a agência de saúde sexual e reprodutiva das Nações Unidas, mostra que quando os direitos sexuais e reprodutivos são exercidos, as pessoas optam por famílias menores. Quando um processo de escolha não é possibilitado, as taxas de fecundidade são afetadas, ocasionando famílias muito maiores ou muito menores do que o desejado.
Uma mulher que tem a possibilidade e os meios para prevenir ou adiar uma gravidez consegue ter mais controle sobre a sua saúde, visão de estudos e ingresso e manutenção no mercado de trabalho, aumentando o potencial econômico individual e coletivo. Infelizmente, o estudo mostra que em nenhum país do mundo as cidadãs e cidadãos têm os seus direitos reprodutivos garantidos. Seja por condições econômicas e sociais ou porque não têm acesso a métodos contraceptivos, os casais acabam se afastando do conceito desejado de família.
Mulheres com menos anos de estudos, consequentemente com renda individual reduzida, geralmente têm mais filhos do que o desejado, muitas vezes nascidos de gravidezes não planejadas quando ainda são muito jovens. Em contrapartida, mulheres com mais anos de estudos e progressão de carreira têm menos filhos e conseguem equilibrar com mais tranquilidade família e trabalho.
No Brasil, assim como de forma geral no mundo, a redução no número de filhos por mulher foi sentida de forma ampla nos últimos anos. O acesso a informações e a expansão da educação e saúde sexual mudou o planejamento da vida reprodutiva da população, mas a desigualdade de renda e gênero ainda são importantes obstáculos no potencial de escolha das brasileiras.
Priorizar o acesso universal a serviços de saúde reprodutiva, garantir o direito a educação de qualidade, ampliação de programas sociais para mães e combater atitudes machistas, fazendo com o que o homem seja mais solidário com as decisões femininas, são atitudes que os países devem seguir para que o potencial de escolha reprodutiva e sexual seja de fato garantido.