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Os perigos dos alimentos industrializados para a saúde das crianças – e como livrar-se deles

As crianças não estão só ficando gordinhas. Estão ficando doentes também. E o alto consumo de alimentos industrializados é um dos grandes culpados

Por Vanessa de Sá (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 08h28 - Publicado em 10 dez 2015, 16h01
Getty Images
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Os alimentos apresentados às crianças logo nos primeiros anos da infância têm impacto no modo como elas comerão durante toda a vida. Se logo nas primeiras refeições elas se deparam com comida processada, cheia de conservantes, e sucos de caixinha, chamados de “naturais”, mas lotados de açúcar e sódio, fica mais difícil mudar os hábitos depois. Só que é exatamente o que vem acontecendo nas famílias brasileiras. A última pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em agosto, mostrou que 61% dos bebês consomem biscoitos industrializados antes mesmo de completar 2 anos. E, para 33% deles, refrigerantes e sucos artificiais fazem parte da dieta.

As consequências

As consequências não são apenas o excesso de peso – que já afeta um terço das crianças entre 5 e 9 anos – e a obesidade, que atinge 8% dessa parcela. Há também as doenças que chegam com os quilos extras. “Pela primeira vez na história, registram-se casos de diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes”, aponta Ana Lydia Sawaya, diretora científica do Centro de Recuperação e Educação Nutricional (Cren), em São Paulo. Mais: 60% das crianças obesas já apresentam hipertensão e altos níveis de triglicérides no sangue. A falta de atividade física e os longos períodos passados na frente da TV e do computador só pioram esse quadro.

Portanto, assim que as papinhas entram na dieta, já se deve acostumar o bebê a verduras, legumes, raízes e, mais tarde, a grãos integrais e leguminosas (a menos que o pediatra indique algo diferente). E nada de açucarar o purê de frutas ou o leite ou irá habituar o pequeno a esse sabor doce, fazendo com que sempre busque fontes que tragam a mesma sensação. “A criança que é exposta a diferentes estímulos desenvolve um paladar refinado e passa a se interessar por mais coisas”, explica a nutricionista Gabriela Kapim, do programa Socorro! Meu Filho Come Mal, do GNT.

O que fazer?

A nova recomendação dos especialistas é uma volta ao passado, quando a refeição era preparada em casa, com ingredientes vindos da feira, e saboreada em família. Ainda que pareça uma utopia, com a vida corrida que todo mundo leva, estabelecer esse hábito durante alguns dias da semana traz ganhos enormes para a saúde dos filhos. “É aquela comida que podemos controlar, que sabemos quanto sal ou açúcar contém, que inclui verduras, carnes, ovos e frutas”, diz a chef e engenheira de alimentos Mayra Abbondanza, autora do livro O Que Fazer para Meu Filho Comer Bem? (DBA). “A base da alimentação hoje são os alimentos processados, mas nosso apelo é para que se consuma comida de verdade”, diz a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello. Nesse retorno às origens, resgatar o ritmo também é importante. Não dá pra pular o café da manhã, por exemplo, pois a criança vai chegar faminta ao almoço. “Para o organismo, existem algumas normas básicas, e passar mais de oito horas de jejum é contraproducente. Mesmo nos fins de semana, ofereça uma refeição matinal”, diz Luiz Anderson Lopes, da Universidade Federal de São Paulo e membro da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

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Um estudo publicado na revista da Associação Americana de Medicina mostrou que fazer as refeições em família ajuda a prevenir a obesidade infantil e incentiva os pequenos a comer de forma saudável – é a velha história de educar pelo exemplo. “A criança se sensibiliza mais com o que vê e vivencia do que com o que se fala para ela”, afirma a endocrinologista Cintia Cercato, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).

Mas, mesmo quando todos estão reunidos para comer, é comum ver filhos checando o celular e pais distraídos com a TV. Assim não vale. Sentar à mesa sem aparelhos eletrônicos por perto, perguntar sobre o dia das crianças, bolar um prato para que todos cozinhem juntos no fim de semana: é assim que essa mudança funciona de verdade. No final das contas, o momento vira um presente para os pequenos. “O que os faz mais felizes é a possibilidade de conviver com os pais, e a questão da alimentação saudável está associada a esse contato íntimo”, diz Gisela Solymos, psicóloga e gerente-geral do Cren.

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