‘Objeto sexual dos traficantes’, mulher no RJ foi vítima de sucessivos estupros coletivos nos últimos quatro anos
Esta vendedora de roupas só conseguiu sair do bairro onde morava depois de a polícia flagrar seus estupradores. Ela tinha medo de denunciá-los por conta da segurança de sua família.
Há mais de cinco anos a vida de uma vendedora de roupas da região metropolitana do Rio de Janeiro mudou para sempre. A partir do relacionamento amoroso que mantinha com um funcionário de empresa de refrigerantes, a vida da moça se tornou um grande pesadelo: ela virou vítima de estupros coletivos sucessivos, dos quais tenta escapar há cerca de quatro anos. Ao jornal Extra, a vítima revela que os agressores são traficantes da região onde vive.
Tudo começou quando, em 2011, o namorado em questão filmou, sem consentimento, uma relação sexual do casal. “Foi a partir desse vídeo que minha vida se tornou um inferno”, ela conta ao jornal carioca. “Ainda falei para ele apagar o vídeo, e disse que isso iria me complicar. Os traficantes de Lagoinha também tiveram acesso ao material”.
A partir do compartilhamento do vídeo com vários homens do bairro onde ela morava, a moça passou a ser vítima recorrente de abusos sexuais. “Já em março de 2012, quando eu estava em um trailer no campo de Miriambi, seis homens, todos do tráfico, me obrigaram a fazer sexo com eles”, relembra. “Eles me arrastaram para dentro do banheiro e fizeram tudo comigo. Eles ficam o tempo todo me coagindo. Me batem muito”.
Mãe de três meninas de 12, 13 e 14 anos de idade, a vendedora conta ter tido medo de denunciar os agressores por conta das filhas.
O último caso de agressão, na madrugada da última segunda-feira (17), envolveu 10 homens – que só pararam de estuprá-la quando perceberam a chegada de uma viatura da Polícia Militar.
“Um deles notou um movimento estranho na rua e falou: ‘Tem um carro sinistro vindo ali’. Logo em seguida, correram para o matagal”, ela revela. Os policiais encontraram a moça sem roupas, chorando de forma desesperada. Somente dois dos abusadores foram levados pela PM à 74ª DP. Segundo a Polícia Civil, o caso está sob sigilo.
“Eu implorava para que eles parassem, mas não adiantava de nada. Eles só me machucavam mais”, ela conta, relembrando o episódio. “Aos poucos, foram aparecendo outros homens, até que percebi que tinham uns 10 homens abusando de mim. Eles diziam que iriam me matar e me jogar no valão se eu ficasse gritando”.
Ela conta que, desde que foi estuprada pela quarta vez, passa por dias de verdadeiro pânico – tendo, inclusive, dificuldades para dormir.
Segundo o Extra, depois de o caso ser descoberto pela polícia a vítima conseguiu sair da região – e está atualmente abrigada na casa de amigos, em outra cidade.
Estupros coletivos
Os casos de estupros coletivos têm chocado o Brasil e o mundo em 2016. Em maio, uma adolescente de 16 anos foi vítima de um estupro coletivo registrado em vídeo e divulgado nas redes sociais. A indignação perante o caso gerou uma série de protestos pelo país, pelo fim da violência contra a mulher. Mais recentemente, uma brasileira foi estuprada por 3 homens em uma estação de trem na Itália. Na Argentina, o caso de Lucía Pérez, que foi drogada, estuprada e assassinada por um grupo de homens, chocou a América Latina. Em protesto, as mulheres argentinas cruzaram os braços em greve na última quarta-feira (19) e saíram às ruas.