O que a história do futebol feminino no Brasil tem a ver com o circo
No picadeiro, atrizes simulavam jogos de futebol, vestidas com uniformes dos clubes.
Embalado no clima da Copa do Mundo de Futebol Feminino 2019, sediada na França, o MdeMulher tem abordado temas para compreender e exaltar a modalidade, que sempre mostrou muita resistência e tem crescido, driblando tantos preconceitos.
Como já falamos por aqui, existiu um decreto-lei no Brasil, estabelecido no governo de Getúlio Vargas, que impedia as mulheres de jogar bola de 1941 a 1979. Mas isto está longe de ser a primeira vez que a categoria foi vista como algo inusitado, sem ser respeitado como um esporte. Anos antes da proibição, o futebol feminino foi reduzido a atração de circo. Sim, é isso mesmo que você leu! Vamos te contar direito essa história.
Com grande apelo popular, no século 19, o circo era uma das mais importantes manifestações artísticas da época. Diante do desgaste do repertório clássico e o caráter itinerante dos circos, novas atrações e artistas entraram no repertório a ser apresentado em diferentes cidades brasileiras.
Foi nesse contexto que, em novembro de 1930, o jornal carioca Correio da Manhã divulgou a nova atração do Circo Irmãos Queirolo: o “Football Feminino”. No picadeiro, 10 mulheres descritas como “graciosas” simulavam o jogo entre Brasil e Uruguai, vestindo os uniformes dos países. Foi um sucesso e esses tipos de apresentações, que seduziram o público pela identificação dos torcedores e também pela sexualização e exposição do corpo feminino, se tornaram comum.
Se por um lado ocorreu a espetacularização dos corpos femininos em campo, essas atrações acabaram sendo representativas para associar à imagem da mulher como jogadora de futebol, em uma época que isso era tão distante.
Essa e outras histórias que mostram a trajetória do futebol feminino são relatadas na exposição CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol , no Museu do Futebol, aberta ao público até 20 de outubro deste ano. O MdeMulher já foi prestigiar e aconselha: vale a pena conhecer, torcer e resistir. Afinal, o futebol também é nosso, respeitável público!