O destino trouxe de volta a filha que abandonei
Dei minha filha para um amigo criá-la. Décadas depois, por coincidência, ela se casou com o filho do meu atual marido
Quem diria: depois de tantos anos ganhei
a minha filha e um netinho de volta. Só
tenho a agradecer ao destino e a Deus.
Foto: Arquivo pessoal
Quando soube que estava grávida de novo, me desesperei. Eu tinha 18 anos e já era mãe solteira de uma bebê, a Deise. Morávamos de favor na casa de uma amiga. Eu sabia que não tinha condições de criar outra criança sozinha.Tanta pressão provocou o nascimento prematuro do bebê aos seis meses. Aquela menina miúda, com peso abaixo do normal, ficou um mês internada. Me via perdida e sem ninguém para me apoiar. Minha mãe faleceu quando eu era criança. Meu pai era alcoólatra. Sofria com a falta de dinheiro e de casa para morar. Tudo o que tinha era o meu trabalho como empregada doméstica. Dar a criança em adoção era a saída.
Certo dia, enquanto procurava voluntários para doar sangue para minha filha, reencontrei um amigo, o Afonso mais conhecido como Clei. Casado com uma mulher estéril, Clei doou sangue. Ao saber que eu pensava em deixar a menina no hospital para adoção, ele se dispôs a criar a minha filha. A solução me pareceu perfeita. Eu já o conhecia, ele tinha um emprego estável, casa própria e era um homem carinhoso. “Será um bom pai”, pensei.
Quando minha filha teve alta, eu já estava decidida a entregá-la ao Clei. Mas ele enfatizou: a partir daquele momento ela seria filha dele e que eu jamais poderia tomá-la de volta. Fez questão de que eu não soubesse o endereço dele. Com o peito apertado, concordei. Antes de me despedir, quis saber o nome que ele ia dar a ela. “Sileine Aparecida Mendes”, ele contou. Fui embora sem olhar para trás. Doeu, mas achei que era o melhor a fazer.
Dois anos se passaram sem notícias. Até que eu reencontrei o Clei por acaso. Perguntei da menina. Fiquei chocada quando ele disse que ela morreu. Clei contou que Sileine não tinha superado os problemas de saúde, que não ganhou peso e que morreu fraquinha, como acontecia com muitos prematuros na época. Foi como se eu a perdesse pela segunda vez.