Nova campanha da C&A sobre diversidade gera polêmica nas redes sociais
As páginas oficiais da marca de fast fashion foram inundadas por críticas do público.
A nova campanha da C&A, “Entre na Mistura”, prometia ressaltar o quanto a coleção de peças jeans poderia ser diversa e atrativa a vários públicos, incluindo o plus size. Porém, ela não foi bem recebida na internet e uma das imagens, em especial, está dando o que falar.
Com os dizeres “Sou gorda & Sou sexy”, aparecem duas fotos da belíssima Maria Luiza Mendes. No entanto, apesar de ela mesmo se considerar plus size, a polêmica consiste no fato de que a modelo é vista por muitos internautas como uma mulher curvilínea, mas não gorda.
“A Malu é uma modelo plus size, sim, porque ela veste 44/46 e esta é uma numeração classificada dessa maneira, isto não é algo que a gente possa questionar. A grande questão é a associação da imagem dela com a de uma pessoa gorda, já que ela não sofre esse tipo de preconceito ou representa essa luta”, explica Ju Romano, blogueira e ativista da causa. “A C&A tentou se apropriar de uma batalha que serve para incluir a mulher gorda que é excluída. É uma luta para as marcas olharem, começarem a pensar nela como alguém fashion e produzirem roupas para mulheres grandes – que não são a Malu. Ela é uma mulher curvy, que veste 44, uma numeração que existe em praticamente todas as lojas”, expõe.
Ju Romano também questiona o quanto a campanha seria verdadeira, já que a marca também não fabrica roupa para gordos. “A marca atende um manequim 44, uma mulher grande. Já uma gorda, que precisa de uma roupa muito maior que isso, ela não atende”, coloca. “A campanha crava um padrão de magreza em plena luta contra a gordofobia. Pegar uma mulher alta, magra, com as pernas finas, barriga reta e seios grandes e dizer que é a representação de uma mulher gorda é apenas perpetuar padrões antigos de beleza e magreza”, aponta.
Além disso, de acordo com a blogueira, ainda há um ponto essencial que precisa ser mencionado: o da irresponsabilidade da marca. “Quando você coloca uma imagem como a da Malu como gorda, a mulher que se parece com ela vai se cobrar ainda mais. É um retrocesso, porque quando você vira para uma menina que ainda pode ter algum distúrbio alimentar e diz que a imagem da Malu é a imagem de uma gorda, aquela menina vai absorver padrões de beleza cada vez mais magros”, alerta.
Entretanto, há quem tenha se sentido representada, sim, pela modelo escolhida pela marca. “Existem muitas mulheres com corpos parecidos com o dela e é claro que isso é válido. Eu acho que o ideal é que a gente tenha, cada vez mais, diferentes representações de corpos na indústria da moda. No entanto, neste caso, para representar a luta contra o preconceito, que favorece a luta de uma mulher excluída, acredito que a Malu não foi uma escolha feliz”, finaliza.
Partindo de uma opinião similar, Flávia Durante, criadora do Pop Plus, feira de moda e cultura plus size, também opinou sobre o caso. “No seu próprio Instagram, a Maria Luiza se coloca como curvy model, que é aquela modelo que veste até o 44. A plus size comercial é aquela a partir do 46. O problema não é pessoal com a modelo, de jeito nenhum: é com a marca, é vender um discurso falso e, na verdade, não abraçar esse público. É muito fácil mostrar que você está apoiando a diversidade, mas, quando chegam nas lojas, as pessoas não encontram esses produtos”, opina. “Outro ponto a ser observado é que a imagem da mulher plus size sempre está ligada à sensualidade, a gorda nunca é fashion, nunca está fazendo carão como as outras modelos da campanha e esta é uma coisa que incomoda muito. Por fim, é preciso ressaltar que o ofensivo não é o uso da palavra ‘gorda’, mas o fato de uma campanha mostrar algo que não é verdadeiro!”, ressalta.
Em seu perfil oficial do Facebook, Maria Luiza fez questão de defender a produção. Confira, a seguir, a postagem completa da modelo.
Na própria página da marca, as leitoras também resolveram comentar a escolha:
E no Twitter, a galera não perdoou.
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