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Mulheres largam a pílula para sentir o ciclo menstrual e conhecer o corpo

Se você estiver com essa vontade, lembre-se de adotar um método anticoncepcional não-hormonal para evitar uma gravidez indesejada.

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 15 jan 2020, 21h29 - Publicado em 27 mar 2019, 08h30

Uns dias depois de completar 28 anos, a webdesigner Larissa Volpi se deu conta de que não lembrava como seria um ciclo menstrual natural. “Comecei a tomar pílula anticoncepcional aos 17 anos, então meu ciclo sempre foi aquele reloginho de 28 dias com pílula, três dias menstruando, repete tudo de novo e de novo. Não sabia qual era a sensação de ovular, de reconhecer sinais do corpo. Fiquei bem triste com essa constatação”, lembra.

E então ela tomou uma decisão radical: cortou o uso de pílula anticoncepcional de uma vez. “Eu não estava transando muito mesmo, resolvi me dar esse presente antes de chegar aos 30. Quando é necessário, uso camisinha. Agora reconheço os sinais de que estou ovulando, de que estou para menstruar. Estou muito feliz.”

A professora Ariane Ludwig tomou a mesma decisão de largar os hormônios sintéticos da pílula, mas imediatamente aderiu ao DIU de cobre como método anticoncepcional. “Tenho parceiro fixo e nenhuma vontade de engravidar, então não quis correr riscos desnecessários”, justifica. E o DIU cumpre bem a função de permitir que ela sinta seu corpo funcionando: “Até sei quando vou menstruar, pelo corrimento que aparece. Me sinto mais mulher e adoro!”

Movimento feminino de “detox”

A ginecologista e obstetra Maria Elisa Noriler, responsável pelo setor de ginecologia endócrina infantopuberal e climatério do Hospital Municipal Maternidade Escola de Vila Nova Cachoeirinha (SP), conta que o comportamento de Larissa e Ariane é uma tendência entre mulheres em idade fértil.

“Isso tem a ver com um movimento de procura por qualidade de vida com mais atividade física, melhor alimentação e menos remédios, o que inclui a pílula”, explica. Ela destaca que, para muitas mulheres, os hormônios da pílula causam efeitos colaterais como a diminuição do vigor físico e da libido. “Na maioria dos casos, elas chegam já tendo parado com a pílula e procurando alternativas, porque estão felizes com os benefícios físicos.”

Outros prejuízos que fazem as mulheres não quererem mais a pílula anticoncepcional notados pela ginecologista, obstetra e mestre em bioética Patrícia Bretz são físicos e comportamentais. Ela esclarece, começando pela parte do corpo: “Os hormônios da pílula estimulam a produção da proteína SHBG, que ‘puxa’ toda a testosterona livre que encontra no caminho, o que significa diminuição da massa muscular da mulher, além de algumas notarem o aumento da celulite e da gordura abdominal.”

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No que diz respeito ao comportamento, ela ressalta o fato de muitas mulheres se sentirem “presas” à pílula. “Tem que tomar nos horários certos, se esquecer ou desrespeitar a janela temporal o efeito diminui demais ou é quebrado. As adolescentes acabam esquecendo por falta de hábito, as adultas, pelo estresse do dia a dia. Dessa forma, temos aí algo em torno de 60% de gestações não-planejadas no Brasil.”

Conhecer o corpo é legal, mas não o suficiente para evitar gravidez

É mágico quando a mulher entende os sinais que o corpo dá ao longo do ciclo menstrual. No período fértil, há um corrimento com textura de gema de ovo; pouco antes da menstruação, um corrimento mais intenso, porém não tão espesso. Algumas acham que podem até confiar neles para evitar uma gestação, mas não é bem assim.

“Existem variáveis que afetam esses avisos do corpo, como a obesidade, o estresse, o funcionamento da glândula pineal, a exposição ao sol. A ginecologia natural funciona bem no estilo de vida que nossos antepassados tinham. Para o nosso modo de viver, os sinais podem falhar”, alerta Patrícia.

Por isso, ao abandonar a pílula anticoncepcional por querer se livrar dos hormônios, a recomendação das especialistas é que se adote um método não-hormonal, como o DIU, ou um método de barreira, como a camisinha.

O impacto dos exercícios físicos no corpo livre de hormônios sintéticos

Deixar o corpo livre para sentir todos os efeitos do ciclo menstrual também tem o lado não tão lindo assim: os sintomas da TPM. A pílula anticoncepcional muitas vezes os camufla, e é comum as mulheres estranharem as primeiras vezes que sentem cólicas mais fortes, mamas inchadas e doloridas, alteração do humor.

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Adotar uma rotina de exercícios físicos faz toda a diferença nesse momento. Um time de pesquisadores da St. Mary’s University (Reino Unido) e do app FitrWoman analisou respostas de mais de 14 mil usuárias em todo o mundo da Strava, uma rede social para quem pratica atividades físicas, e chegou ao resultado de que 78% delas consideram que a malhação reduz os sintomas indesejados. Delas, 2.011 usuárias eram brasileiras.

Para a líder do estudo, a fisiologista do exercício e cofundadora do FitrWoman Georgie Bruinvels, esse resultado é uma boa notícia para as mulheres que ainda creem que determinados momentos do ciclo menstrual sejam impeditivos para a prática de ginástica. “Queríamos iniciar uma conversa importante sobre o exercício, o ciclo menstrual e outros fatores do estilo de vida que capacitariam todas as mulheres a trabalhar com o corpo, e não contra ele”, afirma.

A professora de educação física Michelle Ferrandis, da academia Velox Fitness (RJ), garante que é perfeitamente possível malhar em todos os dias do ciclo menstrual, desde que a mulher respeite os sinais do corpo:

“Quando ela está com as mamas inchadas, evitamos a corrida e os movimentos de mais impacto. A carga dos aparelhos de musculação pode ser diminuída devido a dores no corpo, exercícios abdominais são pulados em dias de cólicas intensas. Ficamos nos exercícios de leves a moderados, que ajudam no alívio dos sintomas e mantêm o corpo em movimento”.

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