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Mulheres bem sucedidas têm menos chance de ser felizes no amor?

As possibilidades que se abriram para as mulheres aparentemente tiveram um efeito colateral na vida afetiva. Mas será que esse é o x da questão?

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 27 out 2016, 19h40 - Publicado em 4 abr 2012, 22h00
Reportagem: Marcia Kedouk - Edição: MdeMulher
Reportagem: Marcia Kedouk - Edição: MdeMulher  (/)
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A essência do feminino é procurar o bem-estar; a maioria busca alguém que a faça feliz, não importa a posição social
Foto: Getty Images

As garotas superpoderosas andam se estranhando com as princesas cor-de-rosa, como diz a antropóloga Mirian Goldenberg. As duas são facetas das mulheres que hoje têm mais de 30 anos, alto nível de escolaridade, realização profissional – e também o ideal de amar ou casar com um cara que seja bacana como elas. Bacana, no senso comum, é o homem tão ou mais estudado e bem-sucedido que elas.

Essas são as mulheres que, instaladas hoje em patamares mais elevados da pirâmide social, olham para o lado e para cima e se dão conta de que suas opções de encontro amoroso dentro desse parâmetro se reduziram muito. A solução, têm dito estatísticos e outros especialistas, é casar “para baixo”.

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Recentemente, um cruzamento de informações do IBGE mostrou que o número de universitárias solteiras supera em 54% a quantidade de homens na mesma situação – nos grupos menos instruídos, a diferença não passa de 10%. Espalhou-se logo a conclusão de que diploma, veja só, é atestado de fracasso afetivo para o time feminino.

Valores em conflito

Um estudo recente do centro de pesquisa americano Pew Research mostrou que grande parte dos entrevistados considera a relação em que o homem e a mulher trabalham melhor do que aquela em que a esposa é responsável pela casa e pelos filhos, cabendo ao marido a tarefa de provedor.

No entanto, a maioria acha fundamental para um homem, e não para uma mulher, ter condições de sustentar a família antes de formar uma, conforme assinala D’Vera Cohn, redatora sênior do instituto. Sinal de que a sociedade se apega ainda à visão tradicional sobre os papéis masculinos e femininos, mesmo que se comporte de forma liberal em relação ao casamento.

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Para complicar, ganhou força o clichê de que os homens se acomodaram de vez e as mulheres estão com a bola toda; por isso, não encontram um par. Frustradas, muitas adotam o mantra “homem tem medo de mulher independente” para justificar o desencontro.

Pressão social

Existe um juízo de valor embutido na ideia de que casar com quem está um degrau acima é o bom, o desejável, e que “olhar para baixo” significaria, então, abrir exceção para não ficar sozinha. “A essência do feminino é compartilhar, procurar o bem-estar; a maioria busca alguém com quem possa ser feliz, não importa a posição social”, diz a socióloga Celia Belem, de São Paulo. Na prática, claro, existem desafios a ser vencidos.

Em muitos países, vê-se de forma mais prática o fato de a mulher trabalhar e o homem ficar em casa. Na Austrália, o crescimento do número de mulheres chefes de família e homens que assumem a vida doméstica tem chamado a atenção dos institutos de pesquisa, revela Marian Baird, coordenadora de estudos do The Women and Work Research Group, em Sydney.

É fato que as mulheres ainda estão sendo criadas com dois pesos e duas medidas – buscam independência na carreira, ficam à espera de um amor à moda antiga -, e isso gera confusão e frustração. Mas esses dilemas são mais confortáveis do que os que vivíamos quando estávamos todas lá embaixo, na base da tal pirâmide, menos educadas, menos autônomas e com menor poder aquisitivo. “Não conheço mulher que queira voltar no tempo e ser igual à mãe ou à avó”, diz Mirian Goldenberg. As superpoderosas e as princesas cor-de-rosa vão ter de entrar em acordo.
 

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