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Mulheres ainda ocupam apenas 7,7% das posições nos conselhos de administração

Entenda melhor os desafios da ascensão da mulher no mercado de trabalho brasileiro e as ações em curso para mudar este cenário nos próximos anos

Por Aline Gomiero
Atualizado em 31 out 2016, 11h32 - Publicado em 5 mar 2012, 22h00

Cargos de poder ainda reacendem o debate sobre a igualdade de gênero no mundo dos negócios
Foto: Getty Images

 

As empresas brasileiras ainda estão abaixo da média em ações de diversidade de gênero quando comparado com empresas de outros países. É o que aponta uma pesquisa realizada em 2011 pelo IBGC, Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Em um total de 2.647 vagas efetivas nos conselhos de administração de 454 empresas brasileiras listadas em bolsa, as mulheres ficam com apenas 7,7% desses lugares. Assim, não passam de 165 mulheres nos conselhos de administração. Esses dados estão no relatório “Mulheres na Administração das Empresas Brasileiras Listadas” do IBGC.

Para aumentar esse número de representação, está em trâmite no Brasil uma lei pra criar cotas para a participação de mulheres em conselhos de administração, como acontece em países europeus. De autoria da senadora Maria do Carmo Alves, a lei prevê o preenchimento de cargos de forma gradativa. Em 2016, as mulheres já deverão ocupar 10% dos cargos de conselho em empresas públicas e de economia mista, atingindo 40% até 2022.

Heloísa Bedicks, superintendente do IBGC, explica que é importante que o conselho administrativo de uma grande empresa seja diversificado. “Deve-se buscar diversidade, não só em gênero, mas, também, em experiências, formação acadêmica, idade e estilo de comportamento”, diz Heloísa. Ela acredita que, preocupadas em aumentar a diversidade de seus times e por livre iniciativa, as empresas de diferentes setores estão, sim, empenhadas em criar estratégias de inclusão e ascensão de mulheres, mas o que também vale é o esforço de cada funcionária.

Na análise de Heloísa, aos poucos, a mulher brasileira está se destacando e chegando ao topo por conta própria. “Se formos pensar na pirâmide hierárquica, percebemos que antes elas realmente não tinham relevância no mercado de trabalho – hoje o cenário é outro. Precisou de tempo para que as mulheres chegassem até uma posição boa dentro das empresas. Ao longo do caminho, elas enfrentaram diferentes dificuldades e escolhas e, assim, perceberam que tinham potencial para encarar grandes desafios. Desta maneira, com ou sem cota, as mulheres conquistarão cada vez mais o seu espaço”, afirma. Para a superintedente do IBGC, a cota ajudará apenas a acelerar o processo.

 

Mulheres ainda ocupam apenas 7,7% das posições nos conselhos de administração

Na foto: Grazielle Parenti, diretora de relações coorporativas da Diageo; Heloísa Bedicks, superintendente do IBGC; Andrea Alvares, presidente da divisão de bebidas da PepsiCo
Foto: Divulgação

 

Elas chegaram lá!

Recentemente grandes grupos destacaram mulheres para posições-chave: o Bradesco, que em 69 anos de história de empresa, agora conta com Denise Pauli Pavarina em seu corpo de diretores e a GE que anunciou Adriana Machado, como presidente e CEO. Maria das Graças Foster também neste ano foi eleita presidente da gigante Petrobras, tornando-se a primeira mulher a presidir uma empresa de petróleo. Essas movimentações simbolizam o crescimento da presença das mulheres no ambiente dos negócios. Embora ainda sejam minoria, elas avançam com consistência.

Na PepsiCo, a diversidade de gênero é um tópico de grande relevância. Prova disso, é que a CEO global da companhia é uma mulher: Indra Nooyi. Ela foi eleita a quarta mulher mais poderosa do mundo pela revista Forbes no ano passado, sendo a primeira do mundo dos negócios. No Brasil, desde o início de 2011, Andrea Alvares é presidente da divisão de bebidas da PepsiCo e tem o objetivo de aumentar ainda mais a participação das mulheres na liderança da empresa.

Andrea, junto com representantes de outras 36 empresas, assinou a inédita iniciativa “Movimento Empresarial pelo Desenvolvimento Econômico da Mulher” – também denominado “+ Mulher 360“, que conta com o apoio da Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República e da ONU Mulheres. “Tenho uma visão otimista quanto aos avanços das mulheres no cenário empresarial no Brasil e no mundo. É claro que ainda existe machismo na sociedade e não é diferente nos negócios, porém há uma nítida transformação.”

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A executiva acredita, ainda, que o fomento à inclusão das mulheres no mercado de trabalho, o desenvolvimento profissional e a formação de lideranças femininas, promove a transformação da sociedade, tornando-a mais justa. “Isso também tem reflexo nos resultados das empresas, que ao garantir um ambiente de trabalho diverso e plural aproveita as diversas formas de pensar a gestão, soma capacidades, multiplica conhecimentos, amplia sua visão de negócios e aproveita o potencial de cada profissional independente do gênero.”

Dinâmicas, articuladas e competentes

A executiva Grazielle Parenti é um exemplo de profissional bem-sucedida em uma área tipicamente masculina. Grazielle é atualmente diretora de relações coorporativas da Diageo, empresa líder mundial na produção de bebidas alcoólicas premium. “Na Diageo o reconhecimento do bom trabalho desempenhado pelas mulheres já reflete no nosso quadro de funcionários, com 45% de mulheres e 55% de homens. A proporção de mulheres em cargos de gerenciamento sênior (atualmente em 38%) é para nós um indicador importante de inclusão e diversidade. No Brasil, temos diretoras nas áreas de RH, Marketing, Relações Corporativas e mulheres em cargos de liderança em praticamente todas as áreas. Os resultados que esse time traz à empresa provam a homens e mulheres que os profissionais devem ser reconhecidos por sua competência e não pelo gênero”, afirma.

Junto com outras executivas, Grazielle Parenti criou uma rede de afinidade batizada de Midas (Mulheres Internacionais Dinâmicas e Articuladas Sempre). Apesar da informalidade, o grupo funciona como um espaço de troca de informações e convida palestrantes para discutir diferentes assuntos. Ela conta que entrar para o grupo deu início a um grande processo de aprendizagem. “Somos mulheres de lugares diferentes, de formações distintas e com idades que vão de 25 a 50 anos. Há um espaço muito grande para a troca”, afirma Grazielle.

Grazielle Parenti, Maria das Graças Foster, Denise Pauli Pavarina, Indra Nooyi, Andrea Alvares e tantas outras executivas nos provam que, ainda que tenham desafios distintos, o grau de sucesso que conquistaram tem muito pouco – ou talvez nada – a ver com gênero, mas, sim, com qualificação, determinação e competência.
 

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