Minha cachorra é tão perua quanto eu

Um dia levei a Bia pra passear e, na volta, simplesmente fechei o portão de casa e a esqueci lá fora. Como ela vive escondida embaixo da cama ou atrás do sofá, só me dei conta de que não estava em casa à noite. Desesperada, minha mãe pediu a um amigo locutor que anunciasse o sumiço no rádio. Com aquele vozeirão, ele diise: “Família procura sua pinscher Bia. Descrição: uma cadela preta de brinco na orelha e unhas pintadas de francesinha. Quem devolvê-la ganhará recompensa”. Devem ter achado gozação. Passaram-se três dias e nem sinal da Bia.

Pedimos que anunciasse a recompensa: R$ 500. Pouco depois um casal nos ligou e disse que tinha pego uma cadelinha perto de uma panificadora. Achavam que era a Bia. Pinscher de brinco e unhas pintadas? Duvido ter outra. Pegamos a danada de volta. Ela estava magrinha, com o esmalte descascando e a argola da orelha toda torta.

Furei a orelha na raça

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A gente pegou a Bia bebê, doentinha no canil. Minha mãe veio com a idéia: “Vi uma cadelinha de orelha furada. Vamos pôr um brinquinho na Bia?” Compramos um pra furar orelha de criança e furamos na raça.

Bia ficou tão linda de brinco que resolvi personalizar ainda mais. Como sempre pinto as minhas unhas de francesinha, pintei as dela também. É sucesso de parar o trânsito.

Quando usa vestido, Bia se exibe rebolando pela rua. Legítima brasileira, adora samba e futebol! Não pode escutar uma batucada que começa a pular. Um sarro. E quando tem jogo? Eu grito: “Goooool!”, e ela uiva: “Uuuuuuuuuuuu”. Agora, se a bichinha levanta o focinho, acaba a brincadeira. Séria, Bia vai para o primeiro andar da estante da sala e fica lá deitada. Acho que é vocação para ser enfeite vivo. Uma gracinha, né?