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Mais de 10% dos homicídios do mundo acontecem no Brasil

Taxa de homicídios de mulheres cresce 11,6% nos últimos 10 anos

Por Ligia Helena
Atualizado em 21 jan 2020, 12h54 - Publicado em 22 mar 2016, 07h27
Fuse / Thinkstock (/)
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A imagem de país alegre, hospitaleiro e cordial que o Brasil tem pelo mundo é uma ilusão. É isso que mostra o Atlas da Violência 2016, divulgado hoje (22) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Os números são chocantes: mais de 10% dos homicídios do mundo acontecem aqui, fazendo do Brasil o país com o maior número absoluto de assassinatos, de acordo com dados de 2014.

Os homens jovens negros e de baixa escolaridade são as maiores vítimas da violência. Mais da metade das mortes de homens entre 15 e 19 anos é causada por assassinato. O pico de homicídios acontece aos 21 anos. Nessa idade, fica bem clara a diferença que faz a educação. Homens de 21 anos que estudaram menos de oito anos, têm 5,4 vezes mais chances de serem assassinados do que os que estudaram mais de oito anos.

No geral, as chances de um indivíduo com até sete anos de estudo sofrer homicídio são 15,9 vezes maiores do que as de alguém que chegou à faculdade. A educação se mostra, portanto, uma excelente arma contra a violência.

O homicídio de afrodescendentes no Brasil cresce, enquanto as pessoas que não são negras ou pardas são menos assassinadas. Para cada não negro que sofreu homicídio, 2,4 negros são mortos. As taxas de homicídio em Estados com maior população afrodescendente crescem, enquanto em lugares que têm proporcionalmente menos negros as taxas diminuem. Em quase todos os estados do país morrem mais negros do que brancos, exceto em Roraima e no Paraná.

Embora as mulheres sejam proporcionalmente menos vítimas da violência, os números ainda impressionam: em 2014, 13 mulheres foram assassinadas por dia. Foram 4757 mulheres vítimas de mortes por agressão. Entre 2004 e 2014, a taxa de homicídios entre mulheres apresentou crescimento de 11,6%. Enquanto alguns estados, como São Paulo, conseguiram reduzir em – 36,1% essa taxa, outros estados, como o Rio Grande do Norte, tiveram 333,3% mais homicídios de mulheres.

A violência que atinge as mulheres é diferente da que atinge os homens jovens. Além das ocorrências que são comuns aos dois sexos, com as mulheres há o fator da violência de gênero e doméstica. Em 2014, de um total de 52.957 denúncias feitas no telefone 180, 77% diziam serem vítimas de agressões semanais, e em 80% dos casos o agressor era o marido, namorado ou ex-companheiro. Aqui,portanto, vale lembrar que a violência contra a mulher requer outros recursos para ser combatida, como ações que considerem a dependência financeira e emocional.

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