Assine CLAUDIA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Machismo na escola: como esse comportamento interfere a vida adulta

Meninos jogando bola, meninas brincando com bonecas. Desde cedo, professores reproduzem os estereótipos que marcam na vida adulta

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 27 out 2016, 23h37 - Publicado em 7 Maio 2012, 22h00

Discriminação de gênero significa menos competência, menos liberdade, menos felicidade
Foto: Getty Image

São cenas tão banais que parecem não ter nada de errado. Na hora do recreio, a professora conduz os meninos para a quadra de esportes, onde disputam uma partida de futebol. As meninas, se maquiam, brincam de mamãe e filhinha. Dos garotos, espera-se agressividade. Meninas que se agridem são imediatamente repreendidas por adotar comportamentos considerados masculinos. Podem variar as situações, mas esse padrão prevalece. Na escola, crianças aprendem a reproduzir comportamentos de uma sociedade sexista, veja como esse tipo de comportamento pode interferir na vida adulta.

Preconceito X Educação

Escolas particulares ou públicas não conseguem equacionar no cotidiano questões como essa. Pais, educadores e alunos aceitam tudo com normalidade, como indica uma pesquisa do Ministério da Educação (MEC) divulgada em 2010. Ela aponta que, na escola, o preconceito de gênero manifesta-se com mais força do que todos os outros, inclusive de cor e opção sexual. O estudo, produzido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe-USP), revelou que cerca de 20% dos alunos passaram por situações ou presenciaram cenas em que alguma menina foi humilhada pelo simples fato de ser menina. No ensino médio, quase metade dos 15 mil alunos ouvidos afirmam que certos trabalhos só podem ser realizados por homens. Para 52,6% dos entrevistados (além dos estudantes, pais, professores e funcionários), lavar a louça e cuidar das crianças são tarefas que cabem somente à mulher.

Com base no resultado da pesquisa, o MEC decidiu ampliar os cursos sobre gênero e orientação sexual oferecidos regularmente aos professores da rede pública. Trata-se de uma questão complexa, porque exige uma mudança cultural. Para André Lázaro, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro e ex-secretário Nacional da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, “a escola, tanto a pública quanto a particular, deve ser proativa para superar os preconceitos que constrangem as liberdades das mulheres”. Essa proatividade é a chave da questão. Não existem lições de igualdade eficazes se ficarem apenas no discurso. Assim como em qualquer outra área da educação, vale o exemplo.

Atitudes sexistas tidas como normais – como segregar meninos e meninas – têm a força de mil palavras. De acordo com os especialistas, as escolas devem trazer o tema à tona sempre que possível e evitar reproduzir em sala os estereótipos da sociedade. “É preciso vencer a inércia, pois os professores começam a fazer escolhas cotidianas sem questionar quanto são preconceituosas”, reforça Claudia Tricate, psicóloga educacional, de São Paulo.

Continua após a publicidade
Machismo na escola: como esse comportamento interfere a vida adulta

Atitudes sexistas tidas como normais – como segregar meninos e meninas – têm a força de mil palavras
Foto: Getty Image

Tudo começa em casa

Para os especialistas, o nó desse debate é que ela alterna duas missões conflitantes: questionar e conservar valores sociais. Afinal, quando os pais escolhem uma instituição para seus filhos, levam em conta se os valores dela batem com os da família. Por isso, mesmo quando tem como meta questionar, a escola esbarra em limites porque pai e mãe podem pensar diferente. O que não diminui, porém, a responsabilidade de quem ensina. Para Cláudia Ribeiro, os educadores devem, por obrigação de ofício, ter coragem para enfrentar esse desafio. “A escola deveria ser o lugar onde as crianças teriam possibilidade de acesso a informações claras, honestas e democráticas sobre as questões de sexualidade e relações de gênero.” Nesse mundo de ambiguidades sobre o masculino e o feminino, a escola seria o lugar para mostrar que nós mesmos determinamos como homens e mulheres devem ser. E brigar por isso é missão para cada um de nós.

 Algumas dicas podem auxiliar nesse tipo de processo

· Fique sempre atento ao comportamento do seu filho, evitando que ele cometa atitudes preconceituosas;

Continua após a publicidade

· Conheça profundamente a instituição em que ele estuda e os métodos empregados pelos professores;

· Para os meninos, incentive a realização de tarefas simples como lavar louça, arrumar a cama e outros serviços domésticos;

· No caso das meninas, estimule a participação de atividades como jogar futebol ou outras tarefas ditas “masculinas”;

· Em brincadeiras, incentive a realização de tarefas coletivas, que envolvam tanto os meninos como as meninas.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

O mundo está mudando. O tempo todo.
Acompanhe por CLAUDIA e tenha acesso digital a todos os títulos Abril.

Acompanhe por CLAUDIA.

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!

Receba mensalmente Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições
digitais e acervos nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.

a partir de R$ 12,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.