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Grafiteiros e catadores unidos por uma cidade mais humana

A designer Juliana Mavalli participou de uma ação do Pimp my Carroça e conta o que aprendeu com os catadores

Por Ligia Helena
Atualizado em 21 jan 2020, 17h03 - Publicado em 13 nov 2015, 14h12

Todos os dias quem circula pelas ruas de São Paulo se depara com carroças carregadas de material reciclável. Muitas vezes a presença das carroças obriga que os carros diminuam a velocidade e causa trânsito. Mas você já pensou por que essas carroças estão por aí e, mais importante, quem são as pessoas que puxam esses veículos precários?

Teve gente que pensou e criou uma ação coletiva chamada Pimp my Carroça. O grafiteiro e ativista Mundano decidiu fazer graça com os programas de TV que reformam carros velhos, mas a intenção dele e de quem participa da ação é muito mais nobre: levar segurança, dignidade e reconhecimento para os catadores que usam as carroças como instrumento de trabalho.

No início de outubro a designer Juliana Mavalli, que faz parte da equipe do MdeMulher, teve a oportunidade de trabalhar em uma das ações do Pimp. Ela registrou o trabalho em vídeo e faz uma reflexão sobre a experiência. Assista!

 

O que o “Pimp My Carroça” me ensinou, por Juliana Mavalli

O graffiti entrou na minha vida como quem não quer nada. Era uma vontade desesperada de transbordar sentimentos para uma superfície efêmera. Uma vontade de querer fazer uma arte que interaja com o público, que alcance o maior número possível de pessoas desconhecidas.

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Uma das grandes vantagens (e desvantagens) de uma plataforma tão aberta é a efemeridade. Nada é para sempre na arte de rua. 

Os graffitis são filhos que a gente larga no mundo, para nós não sobra nada. Só uma foto ou outra, um vídeo talvez. O resto é esperança de tocar o máximo de pessoas possível.

Pode ser que hoje você não perceba aquele “rabisco” na parede, mas talvez amanhã note que, na verdade, os muros gritam.

É aí que entra o “Pimp My Carroça”. O Pimp quer gritar, quer dar visibilidade para aqueles que passam despercebidos, escondidos nas sombras dos prédios, atrás das silhuetas dos carros. O Pimp vai além dos muros. Ele quer unir forças para ajudar quem precisa. 

A dinâmica é a seguinte: o grafiteiro “pimpa” (ou seja, pinta, grafita) a carroça de um catador enquanto a equipe do Pimp dá a eles um dia de realeza, com direito a exame oftalmológico, comida, massagem e respeito. Muito respeito. 
O catador com seu veículo novo recebe apetrechos de segurança, espelho, colete, lanterna etc. 

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Pode parecer pouco, mas os efeitos sociais desse projeto são infinitos. Depois de todo esse processo, o catador passa a ser visto pela sociedade como obra de arte, não mais como marginal.

Confesso que quando me propus a escrever esse texto, iludida, esperava que ele fosse completamente feliz, que fosse somente sobre esperança e alegria.

Mas não dá para fingir que não vi algumas coisas que vi, fazer de conta que não ouvi alguns absurdos que ouvi. 

Dos conhecidos que passaram por mim e fingiram que não me viram até as histórias difíceis de serem postas em palavras que os catadores tentavam me contar, fica um apelo: catador não é bandido, sem eles para pegar aquele lixo que você jogou no chão e que ia entupir algum bueiro por aí, a cidade afundaria. Tudo que parece insignificante para você, é a riqueza deles.

Que haja mais amor, menos preconceito. Mais solidariedade e compaixão. Que haja visibilidade para esses heróis invisíveis. E que o Dinho, o Doidinho, o Marcelo e todos os outros que participaram do Pimp sejam muito felizes com as novas carroças deles.

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