França e Catar: prêmio da Copa masculina é 14x maior do que o da feminina
Diferença salarial entre as duas seleções brasileiras é explícita e a devida atitude para reverter isso parece estar longe de ser tomada.
A Copa do Mundo de Futebol Feminino 2019 começou na última sexta-feira (7) e está sendo acompanhada por muita gente. Durante toda a divulgação promovida pela Fifa, o sentimento é de que as jogadoras estão conquistando (mesmo que aos poucos) seu espaço dentro desse esporte cheio de machismo. Mas alguns fatores mostram que a desigualdade feminina no futebol está longe de acabar.
Antes do início do torneio oficial, a Fifa realizou seu Congresso Anual, no qual apresentou documentos anunciando uma novidade: o prêmio em dinheiro concedido às jogadoras dobrou em comparação à última edição da Copa delas.
Segundo Jamil Chade, correspondente esportivo da UOL na França, para a edição de 2019, a Fifa desembolsou 1% de suas reservas para as 24 seleções participantes na Copa na França. O total é de 30 milhões de dólares (115 milhões de reais). Na Copa feminina anterior, foram 15 milhões de dólares (57 milhões de reais).
O aumento é obviamente relevante. Mas há uma questão muito clara acerca desse valor: ele é incrivelmente menor quando comparado ao pagamento feito para as seleções masculinas na Copa de 2018, na Rússia.
Naquela ocasião, as Seleções masculinas ganharam um total de 400 milhões de dólares (1 bilhão e 539 milhões de reais). Ou seja, os atletas tiveram 370 milhões de dólares de diferença sobre a quantia que as jogadoras vão receber agora.
E mais: na Copa do Catar os homens receberão ainda mais dinheiro do que na da Rússia. Em 2022 o investimento será de 440 milhões de dólares. Ou seja: esses 40 milhões a mais entre 2018 e 2022 são, por si só, superiores aos 30 milhões destinados às mulheres na França.
Se compararmos o montante total das premiações (desde o a verba de participação até o prêmio máximo destinados às Seleções vencedoras) 440 milhões é um número 14 vezes maior do que 30 milhões.
Em 2019, todas as Seleções participantes da Copa feminina vão arrecadar da Fifa, ao menos, 1,2 milhão de dólares (aproximadamente 4 milhões de dólares). A Fifa fará o mesmo procedimento com o futebol masculino, só que o valor é de 8,5 milhões de dólares (32 milhões de reais) para cada Seleção.
E a disparidade não para por aí. Na Copa da Rússia, os vencedores levaram 38 milhões de dólares (146 milhões de reais) para casa. A seleção feminina vencedora desse ano leva 4 milhões de dólares (15 milhões de reais).
E veja bem: o prêmio máximo das mulheres é de 4 milhões na França enquanto a verba arrecadada pelos homens pela participação no Catar será de 8,5 milhões. Isso quer dizer que mesmo a Seleção masculina mais mal colocada irá receber um montante bem superior à vencedora da Copa feminina.
A Fifa afirmou que tem revisado os valores dos prêmios concedidos às mulheres e, de fato, isso acontece – conforme dissemos anteriormente. Mas ainda há um vão enorme entre os dois pesos e a desigualmente segue sendo muito escancarada.
Ainda de acordo com o UOL, os representantes da Fifa disseram no Congresso que a persistente diferença salarial se dá por conta da quantidade de patrocinadores nos dois eventos. E parte das atletas mulheres discorda disso, pois afirmam que a instituição tem um acúmulo de reservas muito maior e apenas uma parcela ínfima desta (1%) é repassada para as jogadoras.
Por mais que a divulgação tenha aumentado e a Copa feminina deste esteja ganhando mais visibilidade, a igualdade entre o futebol dos dois gêneros ainda está longe de ser uma realidade. Enquanto houver diferenças bizarras como estas, o trabalho das atletas mulheres não terá a devida valorização.