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Estou preparada para o casamento?

A dúvida é comum entre casais que estão juntos há muito tempo. Saiba se vocês estão prontos para casar

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 01h26 - Publicado em 19 abr 2010, 21h00
Regina Terraz (/)
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”Em geral, os namoros são associados a 
compromissos mais leves, mais ligados ao 
prazer” Carmen cerqueira cesar, psicóloga
Foto: Getty Images

Anne Lise Perfeito, 25 anos, empresária de Florianópolis, namorou por quase nove anos até se casar. Depois, ficou casada por… 27 dias. O fim meteórico se deu porque ela descobriu que o marido tinha um caso com uma colega de trabalho – e decidiu se separar. Detalhe: o romance tinha começado cerca de quatro meses antes da troca de alianças.

Depois de dedicar seus dias a passar a limpo todas as explicações possíveis, a empresária optou pelo enunciado seguinte: o namorado não estava preparado para a responsabilidade do casamento e encontrou na traição um meio de fugir do compromisso. E mais. Anne também acredita que ele não teve coragem de romper antes da cerimônia por causa da pressão envolvida. Muitos anos de namoro, a grana gasta na compra do apartamento do casal… Embora tenha sofrido um bocado, ela hoje tem fé no ditado de que há males que vêm para o bem. ”Me casei com o cara errado, mas descobri o erro rapidamente.”

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Relacionamentos longos que viram casamentos curtos

Não há estatísticas sobre namoros longos que terminam em casamentos breves. Mas quem é que nunca ouviu histórias com enredo parecido? Existem, claro, montanhas de explicações possíveis para o estranho, rápido e melancólico fim do que parecia ser um sólido projeto de vida.

Uma possibilidade: a falta de coragem para encarar que se quer terminar uma relação tão longa. Outra: a pessoa não assume nem sob horrorosas torturas medievais que não está feliz – e vai levando a relação até a bomba estourar, quase sempre antes mesmo que os convidados do casório tenham se curado da ressaca. Mais uma possível justificativa: casais que começaram a namorar na adolescência, por exemplo, podem acabar descobrindo que a identificação do começo se diluiu e a vida tratou de encaminhá-los para direções diferentes.

Enfim, como tudo o que acontece no mundo surreal das relações humanas, cada caso é pendurado em uma cesta particular de explicações. Mas, mesmo assim, é muito comum encontrar pessoas às voltas com namoros longos. E com a pulga atrás da orelha: será que vai acontecer comigo? Será que essa relação é amor ou… é hábito?

Quando o casamento é considerado um peso

Os empresários Patrícia Prado, 31, e Nilton Rocha Júnior, 32, declaram-se namorados eternos assumidos. Estão juntos há quinze anos. Vivem na casa de seus pais, em bairros vizinhos. Estão tão felizes que têm medo de mudar alguma coisa e fazer o relacionamento desandar. Nilton é ciumento, Patrícia gosta de sair com as amigas para dançar e penou até conquistar a dose de liberdade que considera ideal. ”Em quinze anos o Nilton aprendeu a confiar em mim e me deixa livre, mas fico pensando que o peso do casamento pode mudar esse equilíbrio que conquistamos”, diz ela.

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Ele também se sente inseguro: ”Morro de medo de casarmos e não dar certo”. Se antigamente Nilton pressionava Patrícia para trocar alianças, hoje aceita numa boa a configuração do relacionamento. Apesar de não dividir a mesma cama diariamente, o casal vive grudado: é sócio em uma empresa, estuda junto e toca na mesma banda.

Para a terapeuta Lidia Aratangy, muita gente ainda cultiva a visão romântica de que o casamento precisa ser um conto de fadas. ”O excesso de expectativa é a mãe da frustração”, diz Lidia. ”E nossa cultura nos faz acreditar que frustração é desvio de rota, e não parte inerente dela. O resultado de tudo isso é a intolerância às decepções.”

Seja qual for o estado civil de uma relação, o que vale mesmo é ela ser ou não um compromisso verdadeiro. Há casais casados nos quais o comprometimento não existe, do mesmo jeito em que há namoros nos quais ele é superpresente. Mas há quem dê mais peso à ”instituição casamento” em comparação com a ”instituição namoro”.

”Em geral, o namoro é encarado como um compromisso mais leve, ligado ao prazer de se encontrar, curtir, se divertir. Já o casamento exige maior capacidade de dividir, negociar, compreender”, diz a psicóloga de casais e família Carmen Cerqueira Cesar.

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Eles se casam cada vez mais tarde

Questões práticas também podem alongar os namoros. Os especialistas são unânimes em afirmar que, de modo geral, existe uma tendência em se casar mais tarde, por causa do prolongamento da adolescência e a falta de motivação – ou de dinheiro – para abrir mão do conforto da casa dos pais.

Além disso, a formação educacional é mais longa, o que também empurra o casamento para frente. E a liberdade sexual garante a vivência do prazer livremente (antigamente havia mulheres, e até mesmo homens, que se casavam para poder transar).

A estudante de fisioterapia Flávia Garcia, 21, e o designer Bruno Rosolem, 25, são o típico casal da geração ”casa dos pais”. Eles namoram há seis anos, pensam em se casar e em ter filhos, mas estão de acordo de que esses são planos para um futuro ainda distante.

Flávia quer primeiro terminar a faculdade e arrumar um emprego antes de se preocupar com casa, vestido de noiva, bem-casados… Bruno pensa igual: ”Não temos grana. Comecei a minha carreira agora, preciso investir um pouco mais nela”. Talvez eles se casem em primeiro de março de… 2013. ”É quando vamos completar dez anos de namoro”, calcula Flávia. Mas se vão MESMO selar compromisso neste dia ninguém sabe. Nem eles. Que, na verdade, não estão nem um pouco preocupados com isso.

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