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Ela concorreu à presidência antes de as americanas poderem votar

Em 1870, a ativista Victoria Woodhull ousou ser a primeira mulher a concorrer à presidência no país.

Por Giovana Feix
Atualizado em 21 jan 2020, 02h27 - Publicado em 8 nov 2016, 17h39
1872: American feminist politician and radical Victoria Claflin Woodhull (1838 - 1927) campaigning for the American presidency at a rowdy public rally. (Photo by Hulton Archive/Getty Images) (Hulton Archive/Freelancer/Getty Images)
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Depois de terem realmente existido chances de a maior potência do mundo eleger uma presidente mulher, com Hillary Clinton em 2016, chega a ser difícil imaginar a realidade que a sufragista Victoria Woodhull encarou, nos Estados Unidos do século 19.

Cinquenta anos antes de as norte-americanas sequer terem o direito ao voto garantido por lei, a ativista já planejava sua campanha à presidência, no ano de 1870. Na época, muito além de não poderem votar, as mulheres não podiam entrar em restaurantes ou em qualquer estabelecimento comercial sem estarem acompanhadas de um homem.

Leia também: O que as bruxas têm a nos dizer sobre as mulheres poderosas.

Dá para começar a imaginar, com isso, o tamanho da confusão que Woodhull causou ao enviar ao New York Herald uma carta com os seguintes dizeres:

“Eu estou perfeitamente ciente de que, ao assumir esta posição, em um primeiro momento vou evocar mais ridicularização do que entusiasmo, mas esta é uma época de mudanças repentinas e de surpresas impressionantes. O que pode parecer um absurdo, hoje, terá um aspecto sério amanhã“. Maravilhosa, né?!

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American Feminist Reformer Victoria Claflin Woodhull

Dois anos mais tarde, ela foi anunciada como a candidata oficial do Equal Rights Party (Partido dos Direitos Igualitários, em tradução livre), que ajudou a fundar. A partir daí, sua vida virou um verdadeiro pesadelo.

A sociedade e a imprensa da época viam Woodhull como o demônio – literalmente. A seguinte caricatura, feita por Thomas Nast e publicada na revista Harper’s Weekly, é de 1872:

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De acordo com Kate Havelin, autora de “Victoria Woodhull: Fearless Feminist” (“Victoria Woodhull: Feminista Destemida”), até mesmo a filha de 11 anos da candidata, Zula, sofreu com a represália e precisou sair da escola – já que os outros pais não queriam a menina “influenciando” seus filhos.

Antes das eleições, a candidata chegou a ser presa por denunciar os vários relacionamentos amorosos do padre Henry Ward Beecher. Ela passou, inclusive, o dia da eleição na cadeia.

Apesar de todos os absurdos pelos quais ela passou, o jornal que deu espaço para que Woodhul publicasse aquela carta em 1870 publicou um artigo, no mesmo ano, defendendo a ativista de tantos ataques.

“A Sra. Woodhull se oferece em aparente boa-fé como candidata e talvez tenha uma impressão remota, ou melhor, uma esperança de que possa ser eleita. Mas parece que ela está além do seu tempo. O senso comum ainda não está educado o suficiente para a chegada dos direitos universais das mulheres“, dizia a coluna. Infelizmente, eles estavam certos.

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