É cada pergunta bizarra que fazem na entrevista de emprego…
Nossa colunista de carreira, Cynthia de Almeida, explica o porquê de questões aparentemente aleatórias e sugere boas respostas
Já é a segunda entrevista de emprego em que o entrevistador me faz esta pergunta estranha: “Qual foi uma situação esquisita que você já viveu em sua carreira?”. Não sei se é pegadinha e fico em dúvida sobre como responder de forma certa…
Os processos de seleção de candidato a uma vaga buscam o óbvio por caminhos, digamos, originais. O óbvio é contratar o melhor candidato para aquela companhia. Os caminhos para chegar até ele variam de acordo com o grau de sofisticação dos seus departamentos de Recursos Humanos: podem ser extenuantes, convencionais ou criativos. A perguntinha curiosa a que você se refere se insere nos processos “criativos” e, acredite, não é mal intencionada. Ao provocar no candidato uma memória de situação “fora da caixa”, o que se pretende avaliar são coisas simples como sua capacidade de definir o que você considera “esquisito” e como reage a isso. Não tem, claro, resposta certa ou errada a essa pergunta. Desde que exclua respostas raivosas e preconceituosas, esse tipo de questão é colocada no meio de uma entrevista para desarmar ou relaxar o candidato. A primeira reação a ela deveria ser, portanto, sorrir, baixar a guarda e optar por uma lembrança mais leve e divertida do que aterrorizante, de preferência uma em que o agente provocador da situação seja você mesma, para ter a oportunidade de demonstrar autocrítica e, ao mesmo tempo, capacidade de lidar com imprevistos. Um exemplo de situação assim me foi contado por um amigo jornalista que, certa vez, foi copiado indevidamente em um e-mail de um editor do jornal em que trabalhava para outro editor, debochando de forma ferina de uma matéria que meu amigo repórter havia escrito. O e-mail fora endereçado a ele por engano e, por alguns minutos, deixou meu amigo sem saber como reagir. Poderia ter se ofendido mortalmente ou fingido que nada havia acontecido, mas decidiu ser diplomático e mandar ao remetente (sem cópia) uma resposta educada e bem humorada, defendendo o próprio trabalho e dizendo ao editor que ele fora muito rígido em seu julgamento, mas que esperava agradar mais na próxima. O outro entendeu a mancada, gostou da elegância da resposta e pediu desculpas. Viraram, mais tarde, melhores amigos.