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Duas histórias e uma dúvida: quem é o pai?

Colunista da CLAUDIA FILHOS, a jornalista Chris Flores conta a história de Neide, que após enfrentar uma gravidez solitária, teve a sua sorte mudada.

Por Chris Flores
Atualizado em 27 out 2016, 21h23 - Publicado em 13 abr 2015, 09h14
Getty Images
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A cidade de São João do Paraíso, em Minas Gerais, era pequena demais para Vaneide. Ao completar 18 anos, ela arrumou sua mala e seguiu para São Paulo para “tentar a vida”. Graças à ajuda de um sobrinho, chegou com emprego certo para ser babá. Tudo ficou ainda melhor quando sua família a apresentou a Jucelino, um rapaz da sua cidade natal, que trabalhava de segurança ao lado da casa onde era babá. Foi paixão à primeira vista. Mas o relacionamento durou apenas alguns meses. Neide foi vendo seu príncipe se transformar em sapo e colocou um ponto final na relação. Duas semanas depois… enjoos, tonturas e bingo! Grávida e solteira, aos 19 anos.

 

Atordoada, ela procurou Jucelino e contou a novidade. “Quem garante que esse filho é meu?”, disse o ex. Ele avisou que só assumiria a criança depois do nascimento, pois queria ver a cara do bebê. Foi uma gestação solitária. Neide comprou o enxoval sem ajuda, foi às consultas médicas e para a sala de parto sozinha. Quando Jucelino olhou para a pequena Vanessa, teve a certeza: “É minha filha!”. O registro em nome dele foi feito, mas parou por aí. Além de não ajudar financeiramente, pediu demissão do emprego e voltou para Minas Gerais.

 

Neide não tinha ninguém para ajudá-la nos cuidados com o bebê. Para piorar, a patroa não queria uma criança em casa. A solução era uma só: voltar para Minas Gerais. Durante um ano e meio, ela morou com os pais, sem conseguir trabalho, vivendo à custa deles. O jeito foi voltar para São Paulo e deixar Vanessa com a avó. “Assim que tiver condição, venho buscar minha filha”, disse para a mãe. Dia após dia, Neide chorava de saudade. Nove anos se passaram sem conviver com a filha, sem vê-la crescer. As duas só se encontravam nas férias. A sorte de Neide só mudou por causa de uma patroa que percebeu uma depressão na babá e entendeu a falta que a filha fazia na vida dela. Vanessa voltou para os braços da mãe quando tinha 10 anos, e Neide ganhou garra para lutar pelo seu futuro.

 

Desde Jucelino, Neide não confiava mais nos homens. Ela só conseguiu namorar sério de novo aos 33 anos. Celso, o mecânico do seu primo, parecia um homem mais maduro e ajuizado e ganhou seu coração. Ele foi casado, por mais de dez anos, mas não havia conseguido ser pai e tinha certeza de que era estéril. Vanessa seria como sua filha. Eis que,

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anos depois… enjoos, tonturas e bingo! Na cabeça de Neide, só um pensamento: “Mais uma vez, vou contar que estou grávida e meu companheiro vai duvidar da paternidade”. Mas, desta vez, foi

diferente. Celso estava emocionado com a possibilidade de ser pai e nunca duvidou da fidelidade da mulher. Curtiu a gravidez, alugou um apartamento para morar com ela e a enteada e fez questão de estar no parto. Phernanda foi tão apressada que, enquanto o pai preenchia a ficha de internação da maternidade, Neide deu à luz. Quando Celso viu mãe e filha, teve certeza: estava de frente para os dois amores da sua vida. Sim, a menina era a cara dele! Aos 42 anos, Neide não quer mais filhos e tirou uma lição de sua vida como mãe: uma história pode até ser parecida, mas nunca se repete de maneira exatamente igual.

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