Dorina Nowill, a mulher que mudou para melhor a vida dos cegos brasileiros
Após perder a visão aos 17 anos, Dorina Nowill nunca mais parou de batalhar para que os cegos brasileiros pudessem viver melhor.
Imagine ficar cega, de uma hora para a outra, aos 17 anos. Foi o que aconteceu com Dorina Nowill, em 1936. A então jovem paulistana teve uma doença não diagnosticada, que tirou sua visão, bem no momento em que estava ingressando na vida adulta. Aquela fase em que escolhemos o que fazer profissionalmente e que pode definir muito do que seremos no futuro.
Pois bem. Dorina então escolheu ser professora. E foi a primeira aluna cega a estudar o magistério na Escola Caetano de Campos, tradicional instituição do centro de São Paulo. E não só isso: ela conseguiu fazer com que outra menina cega também estudasse lá, e convenceu a escola a criar o primeiro curso de especialização de professores para o ensino de cegos.
Ambiciosa, não? Depois de se formar no Brasil, anos anos 1940, ela recebeu uma bolsa de estudos, financiada pelo governo norte-americano, para se especializar na Universidade de Columbia, em Nova York. Lá, ela tinha uma missão: popularizar os livros em braille no Brasil. Para isso, batalhou e batalhou até que conseguiu que a Kellog’s Foundation doasse uma imprensa braille com tudo o que era necessário para imprimir livros no sistema de escrita tátil.
Atualmente, a Imprensa Braille da Fundação Dorina Nowill para Cegos, é uma das maiores do mundo em produção – diz-se que não existe nenhuma pessoa cega alfabetizada no Brasil que não tenha lido um livro em Braille produzido por eles nos últimos 70 anos.
Para evitar que mais gente passasse pelo que ela passou, outra bandeira de Dorina Nowill era a prevenção da cegueira. Ela sempre foi muito ativa junto ao poder público, para criar campanhas sobre a importância da prevenção de doenças que possam levar à cegueira. Ao mesmo tempo, trabalhava intensamente em iniciativas visando o bem-estar dos cegos, e foi inclusive presidente de União Mundial de Cegos.
Em 1996, Dorina lançou o livro “… E eu venci assim mesmo”, que foi também traduzido para o espanhol. Na obra, ela fala sobre sua vida e seus feitos notáveis, que mudaram para melhor a vida dos cegos, especialmente no Brasil. Até o fim da vida, ela trabalhou para difundir o trabalho da fundação que leva seu nome.
Em 2010, aos 91 anos, Dorina Nowill morreu, vítima de uma parada cardíaca, quando tratava de uma infecção. Ela deixou cinco filhos e doze netos, e, claro, a Fundação que segue sendo uma referência em acesso ao trabalho, educação e à cultura para pessoas cegas.
Dorina Nowill é homenageada pelo Google
No dia em que completaria 100 anos de idade, se estivesse viva, Dorina Nowill ganhou uma bela homenagem do Google. Na página principal do buscador, o logo da empresa foi trocado por uma ilustração que retrata Dorina em frente ao nome do Google escrito em Braille.
Se hoje muitos brasileiros sabem ler em braille e têm acesso a livros com o sistema de escrita tátil, isso se deve muito a ela. Bela homenagem!