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Doenças detectadas pelo teste do pezinho

Rápido de fazer, o teste aumenta o diagnóstico para doenças raras, mas a versão ampliada ainda não é oferecida na rede pública hospitalar.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 27 out 2016, 22h03 - Publicado em 22 jan 2014, 22h00
Paula Montefuso Scoton
Paula Montefuso Scoton (/)
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Foto: Getty Images

Também conhecido como triagem neonatal, o teste do pezinho detecta doenças congênitas e metabólicas. Somente 3 mililitros de sangue são retirados com um furinho no calcanhar e levados para a análise em papel-filtro, próprio para armazenar as gotinhas. Com ele, vai um documento com os dados da mãe e da criança.
 
Cerca de 70% dos exames são feitos nas maternidades após 48 horas de vida do bebê. Existem dois tipos de exame: o básico e o ampliado. O básico detecta quatro doenças: hipotireoidismo congênito, anemia falciforme, fibrose cística e fenilcetonúria. O teste ampliado cobre mais – chega a seis ou oito, em alguns hospitais, mas não está disponível na rede pública.
 
O teste foi trazido para o Brasil em 1976 pelo médico Benjamin Schmidt em parceria com a Apae de São Paulo e se tornou obrigatório em 1990. Por lei, a versão básica é direito de todo bebê nascido no Brasil e fornecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em maternidades ou postos de saúde.
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Em 24 de outubro de 2013, uma audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, pleiteou que o leque de diagnóstico seja maior na cobertura de doenças pelo SUS. No estado de São Paulo, desde o dia 21 de novembro, a cobertura pulou de quatro para seis doenças, com a adição da hiperplasia adrenal congênita e da deficiência de biotinidase. Esse estado conta com uma estrutura complexa de análise dos testes e encaminhamento das crianças para o tratamento. “É feito um segundo exame para confirmar o diagnóstico e o bebê segue para um centro de referência para fazer o acompanhamento”, explica Sonia Hadachi, coordenadora do Laboratório da Apae de São Paulo.
 
De acordo com a pediatra Carmela Maggiuzzo Grindler, coordenadora estadual do Programa Nacional de Triagem Neonatal de São Paulo, o processo é rápido e organizado: “Existe um call center para orientar os pais sobre o que deve ser feito caso o resultado seja positivo. Somos nós, inclusive, que procuramos o médico e agendamos a consulta. Em duas semanas, o bebê com hipotireoidismo congênito, por exemplo, já está no consultório”. Sergio Eiji Furuta, pediatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), engrossa o coro para defender o diagnóstico precoce desse tipo de enfermidade: “São doenças raras e graves e, se não forem tratadas logo, a criança pode ter uma deficiência mental ou física. O teste do pezinho é importante porque nos primeiros meses as doenças são assintomáticas”.
 
Regina Próspero, diretora-presidente da Associação Paulista de Mucopolissacaridoses e mãe de Miltinho, Dudu e Leonardo, entende bem a diferença que o tempo faz. O primeiro filho faleceu aos 6 anos por causa de uma doença rara, a mucopolissacaridose. O segundo foi diagnosticado com a mesma doença e conseguiu sobreviver, mas perdeu a visão e teve o crescimento prejudicado. “O tempo entre o teste e o diagnóstico é determinante para os bebês com doenças raras. Se fosse hoje, eu não teria perdido meu filho. A ampliação do teste vai evitar que muitas famílias passem pelo que eu passei.”
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Existe a possibilidade de aumentar a capacidade de diagnósticos para 46 doenças raras. Só para ter uma ideia, esse número fica em torno de 20 patologias nos Estados Unidos. Mais que o tratamento, é oferecida a chance de levar uma vida normal. “As doenças raras atingem entre 3% e 5% dos nascidos vivos. No estado de São Paulo, esse número é equivalente a 24 mil bebês por ano. A mãe chega aqui com dúvidas simples sobre como será a vida dessa criança: ‘Ela vai poder ir à escola?’ Se o tratamento vier na hora certa, esse bebê terá uma rotina como a de todo mundo, com a diferença de que vai ter de tomar um comprimidinho por dia.”
 

 O teste pelo Brasil

Doenças detectadas pelo teste do pezinho
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Foto: Divulgação

. Os estados em laranja no mapa estão na fase 4. Os testes cobrem quatro doenças: anemia falciforme, hipotireoidismo congênito, fibrose cística e fenilcetonúria, e mais duas novas, a hiperplasia adrenal congênita e a deficiência de biotinidase.
 
. Os estados em azul estão na fase 2. O teste cobre fenilcetonúria e hipotireoidismo congênito mais a anemia falciforme. 
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. O estado em verde, Piauí, ainda na fase 1, cobre apenas fenilcetonúria e hipotireoidismo congênito.
 
. Os estados em amarelo no mapa estão na fase 3, ou seja, são capazes de detectar fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme e fibrose cística.
 
Mais avançado
O Distrito Federal não segue o Programa nacional de Triagem neonatal. “Isso é uma escolha de cada estado”, explica Carmela Maggiuzzo Grindler. “Como o Distrito Federal tem uma área pequena e um número de nascidos vivos bem menor que são Paulo, é possível fazer algo diferente e maior. Por isso, é referência.” A região é capaz de diagnosticar entre 20 e 30 doenças com o teste do pezinho. O número se aproxima das unidades federativas dos Estados Unidos. Lá, cada estado tem sua norma para detectar patologias pelo teste. Tudo depende da região, da ocorrência e da prevalência de determinado tipo de doença nas populações desses locais. A média entre os estados é de 20 doenças, mas elas variam de estado para estado.
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