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Desmame seu filho sem transtornos

Conheça as mães que compartilham suas histórias e conselhos de especialistas para fazer uma transição tranquila e saudável.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 22 out 2016, 13h52 - Publicado em 12 dez 2013, 22h00

Você pode desmamar de um jeito tranquilo para os dois!
Foto: Getty Images

A Organização Mundial da Saúde e o UNICEF recomendam: o aleitamento materno é indicado como alimentação exclusiva até os 6 meses e como acompanhamento aos demais alimentos até os 2 anos de idade. Mas, seja pela necessidade de voltar ao trabalho, seja porque você (ou às vezes o próprio bebê; sim, acontece!) assim decidiu, chega a hora do desmame. CLAUDIA BEBÊ conheceu a história de mães que viveram esse momento de formas diferentes e ouviu especialistas para tentar ajudar você a fazer uma transição mais tranquila e saudável entre a amamentação, a introdução de alimentos e o desmame do seu filho.

Segundo o médico Luciano Santiago, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatra, o desmame não é um evento, mas sim um processo na vida do bebê. “Ele vem acontecendo aos poucos, a partir dos 6 meses, quando os alimentos sólidos devem ser introduzidos à dieta e começam a substituir algumas mamadas. Com o passar do tempo, o peito deixa de ser a única forma de acalmar, distrair e alimentar a criança”, diz. O pediatra explica que, nessa hora, a mãe precisa ser firme e não deixar que as refeições sejam substituídas pelo leite. “Pode haver birras e choro, isso é normal. Mas, aos poucos, o bebê se acostuma e começa a perceber os diferentes sabores dos outros alimentos”, garante.

A partir da introdução de frutas e refeições salgadas, o leite materno passa a ser um complemento. “Com 1 ou 2 anos, a criança estará mamando no peito uma ou duas vezes por dia e comendo de tudo. Logo, ela vai deixando de solicitar a mãe e acontece o que chamamos de desmame natural”, continua o médico. Mas, se a criança continuar insistindo em mamar várias vezes ao dia, a dica é distraí-la com brinquedos e boas conversas.

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Alimentos sólidos

Importante lembrar que, a partir do segundo semestre de vida, o crescimento da criança não é mais garantido exclusivamente pela amamentação. É quando chega o momento da introdução de uma dieta complementar. “Dependendo do caso, isso deve acontecer após o bebê ter completado pelo menos 4 meses e antes dos 7”, explica o pediatra Jayme Murahovschi, professor livre-docente em Pediatria Clínica pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP) e especialista em Gastroenterologia Pediátrica da Escola Paulista de Medicina. Nesse período, a alimentação do seu pequeno deve dar espaço às papinhas, que, no primeiro mês, substituirão a mamada da hora do almoço. A partir do segundo mês, ela passa a ser oferecida também na hora do jantar. “Quando a criança já estiver acostumada com a nova alimentação, estará almoçando, jantando e mamando nos intervalos, três vezes ao dia”, esclarece o Dr. Jayme.

A dona de casa carioca Elizabeth Colares amamentou seu filho, Enzo, exclusivamente até os 6 meses, e continuou a oferecer o peito em alguns momentos do dia. “Ele gostava de mamar um pouco depois das refeições, como se fosse um suquinho. Antes de dormir e logo que acordava também pedia”, diz. Mas, ao matriculá-lo na escola, com 1 ano e meio, ela percebeu que essa situação não se sustentaria por muito mais tempo. “A gente começou a ter horários para cumprir e nem sempre dava para oferecer o peito. Foi quando resolvi que estava na hora de desmamá-lo”, explica. Nesse momento, aproveitou que ele já entendia tudo o que ela falava para explicar que seu leite estava acabando e o convidou para dar um pulinho ao supermercado para comprar mais. “Quando mostrei a latinha de leite em pó e depois fiz uma mamadeira, ele percebeu que, a partir daquele momento, o peito não era mais uma opção. Funcionou muito bem, e ele parou de me pedir, sem choro ou sofrimento”, assegura.

A psicanalista e coordenadora do Instituto Brasileiro de Psicologia Perinatal Vera Iaconelli ressalta a importância do papel da mulher durante o desmame. “Essa é uma questão que precisa ser solucionada entre a dupla mãe-bebê. Com bom senso, ela precisa ajudar o seu filho a se desvencilhar dela e ganhar o mundo”, diz. Mas isso não quer dizer que seja fácil. “O desmame é sofrido porque envolve certo luto, já que significa o fechamento de uma etapa na vida dos dois. O bebê está, a cada dia, se despedindo do corpo da mãe, que começa a entregá-lo para o mundo. É uma passagem simbólica superimportante”, ressalta a especialista. É possível – e fundamental – encarar tudo de forma otimista: “No final, os dois perdem de um lado, mas ganham de outro. A mãe recupera um pouco mais de liberdade e o bebê começa a experimentar novos alimentos e sabores. O saldo é positivo”.

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Reserva de leite

Para as mães que trabalham fora e precisam retornar ao término da licença-maternidade, Dr. Luciano tem algumas recomendações. Segundo ele, a mulher precisa ficar atenta às leis que garantem o seu direito de amamentar. “Além dos quatro meses de licença, nos dois seguintes ao seu retorno, as mães podem usufruir de dois períodos de meia hora para alimentar seus filhos. Esse tempo pode ser usado tanto para retirada e armazenamento de leite quanto para sair ou chegar uma hora mais cedo ao trabalho”, esclarece. Para a amamentação continuar exclusiva até os 6 meses, a dica é começar a retirar e guardar leite um mês antes do término da licença. Além disso, é válido alimentar o bebê utilizando um copinho, em vez da mamadeira, para não acelerar o desmame. “Não quer dizer que a tarefa seja simples. A mãe querer é muito importante e, se ela tiver ajuda, as chances de sucesso serão muito maiores. Mesmo assim, vários outros fatores acabam influenciando, e nem todas conseguem continuar amamentando depois de voltar a trabalhar.”

Nesse caso, segundo Dr. Luciano, é fundamental procurar um especialista, acertar a alimentação da forma mais saudável possível e ajustar a fórmula de acordo com as necessidades do bebê. “Cada mãe tem sua realidade. Sem contar que a amamentação implica uma parte psicológica muito grande e os bebês não são todos iguais. Não é porque uma mulher não amamentou exclusivamente seu filho que ela teve falta de vontade ou de amor. Nessas horas, é preciso que se tire o peso de cima das mães”, pondera.

A psicanalista Vera acha que a campanha de amamentação é maravilhosa e necessária, mas se preocupa um pouco com o peso que pode gerar nas mulheres, especialmente em um momento de vida em que estão mais sensíveis e se cobram muito. “Ela peca por supor que a mamadeira condena o bebê a uma vida sem afeto”, dispara. Em seu consultório ela lida com mães que se culpam por não conseguirem amamentar exclusivamente ou por terem desmamado seus filhos antes do tempo recomendado. “O afeto entre mãe e bebê pode ser transmitido usando o peito ou a mamadeira. O leite materno efetivo também é afetivo.”

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Desmame gradual

Em busca de uma forma mais natural de introduzir a alimentação para seu filho Jorge, hoje com 1 ano e 3 meses, a jornalista Ana Carolina Fialho descobriu a técnica do Baby-Led-Weaning. O método conhecido internacionalmente consiste em uma introdução da alimentação complementar dirigida pelo bebê, sob livre demanda. A partir dos 6 meses, alimentos saudáveis e variados são colocados ao alcance da criança, que escolhe o que deseja comer sentada à mesa junto com toda a família, aprendendo a se alimentar por imitação. “Comecei a apresentar os alimentos para o Jorge logo que fez 6 meses. A ideia era que ele começasse a brincar com coisas comestíveis também, para conhecê-las. Eu oferecia sempre um ou dois legumes, como batata baroa (mandioquinha) e pepino, e deixava na bandejinha dele para que colocasse na boca, passasse no cabelo. Aos poucos, ele foi fazendo menos `bagunça¿ e ingerindo mais; e eu aumentei a oferta em volume e frequência”, explica. O leite materno continua como complemento à sua nova alimentação. Todo o esforço está valendo a pena. “Estava ansiosa para ele começar a comer, porque ser a fonte única de alimento de um bebê não é moleza, não. Lembro-me de uma sensação de alívio no dia em que ele completou 6 meses. E fico feliz com a forma como está tendo contato com outros alimentos além do meu leite”, finaliza. Para saber mais sobre o método no site.

Ordenha e guarda

Ter leite armazenado para oferecer ao seu bebê nos momentos em que você não estiver disponível é uma ótima alternativa. É preciso seguir à risca as orientações para que não haja riscos para o seu bebê. O Dr. Luciano explica que o mais indicado é a mulher procurar um Banco de Leite próximo à sua casa para aprender a fazer a ordenha da forma correta. Além da ordenha, o manuseio e o armazenamento do leite materno deve ser feito seguindo as orientações abaixo:

· Utilize sempre recipientes de vidro, com tampas plásticas, como vidros de maionese, por exemplo.

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· Esterilize-os após a lavagem com água e sabão e coloque para ferver, de preferência em uma panela de pressão, que funciona como uma autoclave caseira.

· Faça a ordenha diretamente no vidro.

· No mesmo dia, você pode fazer diversas ordenhas utilizando o mesmo recipiente, mantendo-o na geladeira durante os intervalos.

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· Faça o transporte do leite em caixas de isopor com Gelox, um tipo de gelo reciclável. Não utilize o gelo comum, porque a temperatura não será mantida corretamente.

· Antes de colocar o leite para congelar, marque com uma caneta a data da ordenha. Ele dura 15 dias no congelador.

· Para descongelar, use banho-maria, com o fogo desligado.

· O leite deve ser oferecido ao bebê em pequenos copinhos, e não na mamadeira, para evitar o desmame precoce.

Desmame precoce

Quando a realidade não permitir que a amamentação siga exclusiva conforme as recomendações da OMS, procure o pediatra. Foi o que fez a analista Fernanda Delgado, 38. Ela precisou deixar Sofia aos cuidados de sua mãe aos 3 meses porque era bolsista e não tinha licença- maternidade remunerada. “Com a orientação do pediatra, introduzimos suquinhos e algumas frutas para ela comer. Também ordenhava meu leite de madrugada e deixava congelado, para que mamasse enquanto eu estava fora”, lembra. Esse esquema funcionou até os 6 meses, quando Fernanda sucumbiu ao ritmo acelerado de trabalho e da reta final de sua tese. “Como Sofia já tinha bom peso e altura, passamos para o leite artificial. Claro, preferia amamentá-la exclusivamente até os 6 meses, mas nem sempre o ideal é uma realidade para as mulheres que precisam investir na carreira”, afirma.
 

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