Ter ajudado minha filha a ser mãe foi
a minha maior prova de amor
Foto: Arquivo pessoal
Pouco tempo depois de casar, Michele descobriu que enfrentaria dificuldades para ter filhos. Ela tem um problema chamado útero infantil. Foram quatro anos de tratamento com hormônios, sem sucesso. Então, ela começou a pensar em adotar uma criança, mas o maior sonho dela era ter um filho biológico.
O obstetra dela propôs uma técnica de fertilização in vitro com os óvulos e espermatozóides dos pais. O embrião formado seria, depois, colocado no útero de uma parente de até segundo grau para a gestação. Como Michele não tem irmãs procuraram uma prima, que não pôde ajudá-los por ter pressão alta. Minha filha e meu genro, Antônio, ficaram sem opção.
Sou a avó dos bebês
A última alternativa era eu. Foi o médico que deu a idéia para Michele. Ela e Antonio vieram me consultar. “Mãinha, a senhora faz barriga de aluguel pra mim?” Dei risada e respondi que faria. Meu genro disse: “É sério”. Finalizei o assunto: “Se é sério, eu topo”.
Na época, eu tinha quase 50 anos e uma boa saúde. Fiz um rápido tratamento com hormônios e pronto: colocaram quatro embriões em meu útero. Dois saíram, como o planejado, 29 dias depois. E eu fiquei grávida.
A gestação dos gêmeos foi ótima. Minha filha cuidou muito bem de mim. Acompanhou-me em todos os exames e consultas. Na verdade inverteram-se os papéis: ela era a mãe e, eu, a filha. Ela e o marido escolheram os nomes das crianças: Vitor Gabriel e Antonio Bento.
Minha relação com a gravidez era motivo de preocupação dos médicos. Como os bebês estavam em minha barriga, eu poderia achar que eram meus filhos. Mas não senti necessidade de fazer um acompanhamento psicológico. Tinha bem claro que esses bebês são meus netos. Michele é a mãe. Pronto.