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Cynthia de Almeida: “Se seus planos para o novo ano forem inúmeros, foque”

Nossa colunista Cynthia de Almeida fala sobre as tentações da "era da informação" e o que fazer para ter mais foco no ano novo.

Por Cynthia de Almeida
Atualizado em 31 out 2016, 11h31 - Publicado em 8 dez 2014, 14h10
Getty Images
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Enquanto escrevo esta coluna, tenho quatro outras telas abertas no meu computador. Algumas têm relação com o tema tratado. Outras estão ali piscando e bipando com novas mensagens, posts, e-mails. Sem contar a telinha mais tentadora de todas, a do celular, aqui ao lado. Ao longo deste primeiro parágrafo, contei quatro interrupções falsamente urgentes. Cada uma tomou, em média, 15 segundos da minha atenção. Esse minuto disperso, porém, custa mais para nosso cérebro. A neurociência calcula em até 30 minutos o tempo necessário para voltarmos, de fato, a uma tarefa ou um raciocínio após uma dispersão. Você sabe do que estou falando, certo?

Fiz o miniprólogo para reforçar quanto me é caro o assunto que trago: foco. E para explicar por que decidi que a mensagem mais efetiva (e afetuosa) para encerrar o ano é desejar para o próximo um comando pleno da nossa atenção.

Em seu livro Foco (Objetiva), o psicólogo Daniel Goleman, famoso pelo best-seller dos anos 1990, Inteligência Emocional, trata da concentração como poderosa ferramenta para o sucesso. A atenção, escreve, faz mais do que permitir que vençamos ruídos externos e cheguemos à conclusão de um trabalho ou estudo. É por meio dela que nossa mente nos conecta com o mundo. Ou seja, o que colocamos em foco vira nossa realidade. Se não temos uma direção, nosso pensamento divaga – como nossa vontade.

O autor acredita que grandes líderes têm três tipos de foco: o interno, que os põe em sintonia com intuições e valores na tomada de decisão; o foco no outro, que os conecta às pessoas com quem convivem; e o externo, que direciona suas antenas para o mundo. O que vemos, sentimos e pensamos é definido por aquilo sobre o qual mantemos a nossa atenção. Seu déficit, não por acaso um mal que acomete com frequência cada vez maior as pessoas do nosso tempo, é visto como patologia. Atinge principalmente as crianças e os jovens, mas também nós, adultos. Nosso foco está em permanente conflito com o que nos distrai. E nem sempre é um bipe ou um zoom. Temos possibilidades cada vez mais amplas e apelos simultâneos. Mesmo se desligarmos os aparelhos, continuaremos sabendo que temos à mão, à distância de um clique, uma riqueza infinita de informações pedindo para ser consumidas.

Queremos (ou nos sentimos obrigadas a) saber de tudo, e nossa ânsia de não perder nada, além de trazer angústia, nos joga em uma vala de superficialidade. Quanto mais informações, maior a pobreza de atenção que dedicaremos a elas. A habilidade de nos concentrarmos em um alvo e ignorarmos todo o resto acontece na região pré-frontal do cérebro, explica Goleman. Como o foco demanda que desliguemos as distrações emocionais, torna nosso cérebro praticamente imune às suas turbulências. E mais apto a concretizar o que deseja.

A boa notícia é que podemos fortalecer o músculo vital da mente. A atenção pode ser treinada e expandida. Goleman cita estratégias como a de Bill Gates, o poderoso da Microsoft, que costuma tirar think weeks (semanas para pensar) na casa de campo.  Experiências com alunos do ensino fundamental têm mostrado que exercícios respiratórios antes das aulas podem ser mais eficientes do que remédios. A mesma lógica funciona com o que planejamos: quanto mais longa sua lista de resoluções, maior a dispersão. Podemos treinar a mente para dirigi-la para um único ponto em vez de dezenas. Se seus planos para o novo ano forem inúmeros, foque. Eleja um e concentre-se nele. Ah, e, quando der, desligue o celular. Feliz 2015.

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