Cynhtia de Almeida: “Reconheça suas qualidades e aprenda a falar sem pudor sobre elas”
Colunista comenta a importância de falar bem de si mesma
Qual a sua marca? Não a da sua bolsa, sapato ou perfume; a marca pela qual você é definida na sua carreira. Mulheres, em geral tão competentes na escolha das marcas que consomem, costumam ser displicentes na construção da sua própria. Por mais preparadas, eficientes e talentosas, tratam com recato e preconceito a elaboração da imagem que deveria refletir seus valores. Confundem com vaidade e exibicionismo o ato de se fazer conhecer e, com isso, perdem a chance de impulsionar a própria carreira. Acreditam que sua marca pessoal se formará sozinha, consequência natural de seu trabalho.
Isso é um equívoco. O trabalho fala por nós, sim, mas não diz tudo. Quantas vezes você já presenciou (ou vivenciou) um grande resultado profissional ser recebido com menos reconhecimento do que outro menos expressivo e melhor divulgado? Ou viu alguém (geralmente um homem) receber todo o crédito por algum projeto conjunto em que sua colaboração foi mais relevante?
Se você fica constrangida ao aceitar elogios ou creditar a si mesma o sucesso de uma realização, não pode se ressentir de ser pior recompensada. O primeiro passo para quebrar esse processo é reconhecer suas qualidades e aprender a falar sem pudor sobre elas. Tenha em mente que não seremos julgadas pelo que somos, mas pelo que os outros acreditam que somos. O que define uma marca, seja de produtos, seja de pessoas, é a soma de percepções que ela gera no público ao qual se dirige. E a única forma de aproximarmos nosso valor da percepção externa é contarmos direito a nossa própria história.
Vencer a barreira da invisibilidade autoimposta é tão importante quanto conhecer a si mesma. Uma boa marca começa por essa característica essencial: a autenticidade. Construir a sua tem a ver com saber quem você é e o que sabe fazer. Algo simples de falar e difícil de executar. Não fomos treinadas para a autopromoção, mas entendemos de valores e podemos identificá-los com clareza.
Além de autêntica, ela deve ser expressa de forma curta, única e com uma mensagem muito clara. Entenda quem você é, no que é realmente boa e trate de fazer disso a sua marca. Imagine algo breve e impactante que poderia ser comentado pelo seu chefe com o chefe dele dentro do elevador: “Ela é uma grande negociadora, além de criativa e fera em tecnologia”. Se você se encaixar com perfeição em um discurso de elevador (15 segundos entre o térreo e o quarto andar) como esse, está sabendo contar bem a sua história.
Não se esqueça de que, para ser boa, ela deve ter credibilidade, fontes importantes que a avalizem e referendem. Se antes ela seria avaliada em um âmbito restrito, hoje ela se pulveriza no planeta por meio das redes sociais, o que só aumenta nossa responsabilidade sobre a sua consistência. Sua marca deve impactar e convencer mesmo quando expressa nos 140 caracteres do Twitter.
Finalmente, a sua marca deve se conectar emocionalmente com os outros. As percepções, lembre-se, passam mais pela emoção do que pela razão. Como disse a poeta Maya Angelou: “As pessoas vão esquecer o que você fez e o que disse, mas nunca se esquecerão de como as fez sentir”.