Curso ensina pais a brincarem com os filhos, estimulando o desenvolvimento das crianças
A administradora Mary Anne Amorim ensina mães, pais e babás a se divertir com as crianças, algo essencial para o progresso dos pequenos!
A proposta dos cursos da Pupa é fornecer a quem lida com crianças as ferramentas certas para que elas sejam bem estimuladas em casa e na escola.
Foto: Getty Images
Em uma sala colorida, adultos sentam-se no chão para se entreter com carrinhos e bonecas e cantar músicas infantis. Eles estão na Pupa Empreendimentos Educacionais, em São Paulo, espécie de centro de treinamento para mães, pais, babás e cuidadoras de pré-escola criado pela administradora Mary Anne Amorim, 41 anos. Ali são oferecidos cursos que mostram a importância de brincar e, sobretudo, como divertir, contribuindo ao mesmo tempo com o desenvolvimento da criança durante a primeira infância (fase até os 6 anos). “Até os 4 anos, o cérebro constrói as fundações que servem de base para tudo que aprendemos depois”, justifica Mary Anne. “E atividades lúdicas são a chave para educar.” Talvez por excesso de atribuições e falta de tempo, porém, os pais quase não brincam mais. As babás e cuidadoras, por sua vez, frequentemente carecem de formação e repertório adequado.
Ao se dar conta da triste realidade, essa goiana de Anápolis arriscou apresentar o projeto embrionário da Pupa ao Banco Interamericano de Desenvolvimento. Causou tamanho entusiasmo que abocanhou 3 milhões de dólares para colocar sua ideia em prática. A proposta de seus cursos é fornecer a quem lida com crianças as ferramentas certas para que elas sejam bem estimuladas em casa e na escola. Mary Anne faz isso à sua maneira. “Nas nossas aulas, em vez de ficar dando palestras maçantes, incentivamos o adulto a resgatar as delícias da infância”, conta.
“Nas nossas aulas, em vez de ficar dando palestras maçantes, incentivamos o adulto a resgatar as delícias da infância”, conta Mary Anne Amorim
Foto: Júlia Rodrigues
De quebra, o programa dá a babás e cuidadoras novas oportunidades de trabalho. Em geral de origem humilde, essas profissionais, quando recebem o certificado, passam a encarar como carreira de verdade o que antes viam como única possibilidade de emprego ou, pior, apenas um bico, para descolar dinheiro extra. Para garantir que possam frequentar a formação, a Pupa, “empresa com missão social, usa um sistema de pagamento ao estilo Robin Hood. Quando alunos mais abonados fazem a matrícula, podem optar por subsidiar o curso de alguém que não tem condições de bancar. “Um ajuda o outro, pois o interesse é de todos”, diz. Experiência com crianças não falta a essa mãe de três meninas e um menino, hoje com idades entre 10 e 18 anos. Mary Anne precisou se desdobrar para conciliar a criação dos filhos com uma carreira de sucesso na indústria de transporte naval. Há três anos, assumiu um alto cargo em uma poderosa empresa fabricante de brinquedos e foi aí que entrou em contato direto com o mundo pedagógico. Percebeu que havia ali uma brecha para ocupar.
Com uma equipe especializada em desenvolvimento infantil, a Pupa cria músicas, jogos e livros para promover aprendizado máximo. Há, inclusive, planos de lançar um aplicativo com todo esse conteúdo. O trabalho, iniciado há um ano em São Paulo, ganhou corpo rápido e se expandiu para o Rio de Janeiro e o Espírito Santo. Ela está agora determinada a conquistar não só mais estados como países da África. Pelos cursos, já passaram 987 pessoas. Segundo as contas da empresária, cada adulto teria impacto positivo sobre uma média de três crianças – o que significaria cerca de 3 mil delas beneficiadas. Mas Mary Anne espera chegar bem mais longe e, até 2024, ter educado, brincando, 1 milhão de pequenos. Isso que é pensar no futuro.