Crianças australianas vão aprender na escola o que é “desigualdade de gênero”
O estado australiano de Victoria decidiu encarar esta realidade de frente - e começar a prevenção da violência doméstica logo nas escolas.
A Lei Maria da Penha é referência mundial em termos de luta contra a violência doméstica – e, neste ano, completa dez anos. Durante esse período, porém, um dos aspectos que mais tem encontrado dificuldade de execução parecem ser as medidas educativas propostas no texto. E como prevenir a violência contra a mulher pela raiz, senão focando o olhar em nossas escolas?
É exatamente isso que o estado de Victoria, na Austrália, vai começar a fazer no próximo ano letivo: abordar essa discussão junto às suas crianças. Em classe, os alunos vão ter contato com questões como a desigualdade social, a violência com base em preconceito de gênero e a noção de “privilégio masculino”.
A ideia é mostrar aos pequenos imagens de homens e mulheres em todos os tipos de profissão e atividade, além de introduzi-los a termos como “cisgênero”, “pansexual” e “transexual”.
A proposta recebeu críticas de uma parte da população, que a considera, de certa forma, “doutrinária”. “Muitas evidências mostram que, assim como o abuso de crianças, a violência doméstica é consequência de disfunções sociais como welfare, drogas e problemas familiares”, defende Jeremy Sammut, pesquisador do Centre for Independent Studies, em entrevista ao jornal The Australian.
O Ministro da Educação do país, James Merlino, defende que a educação é a chave para acabar com o “ciclo vicioso” da violência doméstica. “Nós não vamos ficar parados, enquanto na Austrália uma mulher é morta a cada semana por conta de violência doméstica”, ele diz.