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Conheça a promotora que ajuda mulheres vítimas de agressões através do esporte

A promotora de Justiça Maria Gabriela Manssur, de São Paulo, usa vídeos da cantora Rihanna e a corrida para ajudar mulheres que foram vítimas de agressão. Para ela, nem todos os policiais, promotores e juízes têm vocação para lidar com mulheres

Por Patrícia Zaidan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 11h31 - Publicado em 13 jul 2014, 22h00
Patrícia Zaidan
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Foto: Henrique Padilla

Em três dias, Maria Gabriela Manssur, 39 anos, correu 100 quilômetros entre vulcões, do Chile à Argentina, na prova El Cruce. Dormiu em barraca, não ligou para o frio. Ela tem a agilidade do guepardo, o bicho terrestre mais veloz, também como promotora de Justiça e coordenadora, no Ministério Público (MP), do Núcleo de Combate à Violência Doméstica da Grande São Paulo. Dá expediente em Taboão da Serra, mas não se restringe ao gabinete.

“Não sou paga para bater carimbo e, sim, para ir até o cidadão e defender seus direitos”, afirma. Está sempre agitando a rede que envolve o Executivo, a polícia, o MP, o Judiciário. “Vou ao prefeito, ao vereador, pleiteio políticas públicas, local para reunir as mulheres.” Gabriela mapeia os bairros mais violentos e se manda para lá. Com três missões: uma é palestrar em escolas para prevenir temperamentos irascíveis e destrutivos. Mostra aos garotos por que devem fugir do legado “reservado a eles pela sociedade machista” – o da dominação – e, às garotas, diz que amar não inclui acatar o ciúme possessivo, a agressão. “Atingi 4 mil alunos em 2013”, conta.

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“Levo o vídeo da cantora Rihanna, que apanhou do namorado, mesmo sendo pop star e rica.” A outra cruzada é instruir servidores que, “por vício ideológico” ou “falta de saber”, atendem mal à vítima de violência. Seu terceiro projeto junta mulheres vulneráveis para produzir serotonina e liberar endorfina, correndo. “Elas relatam que isso dá motivo para acordar cedo, se gostar, pensar numa profissão, ter poder para enfrentar a violência. Correr é meditar”, explica. Como ela é vista no MP? “Alguns me amam, outros odeiam.” A promotora foi à Corregedoria responder à queixa de um colega que a substituiu numa audiência porque ela se atrasou ao voltar da periferia. “Cheguei envergonhada, mas ouvi do corregedor que não esperava outra coisa de mim”, revela. Ele lhe disse que alguém que inova tanto e faz tanto incomoda muito.

Casada, três filhos, também viveu seu episódio refratário. O primeiro marido não queria que ela prestasse concurso para o cargo. Quando se firmou, se separou dele. Antes, foi perguntar aos superiores se o divórcio pegaria mal para uma promotora e a instituição. “Se eu, já estando no MP, tive a necessidade equivocada de pedir intervenção na minha vida privada, imagine como se sente a mulher que vai à delegacia buscar socorro e ouve: “Volta para casa, fica lá com o agressor até o juiz decidir pelas medidas protetivas”. Ora, ela quer que a Justiça lhe dê a mão e isso às vezes não ocorre. Gabriela escreverá um livro para sensibilizar policiais, promotores e juízes. “Muitos não têm vocação para lidar com as mulheres.” 

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