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Como lidar com as mentiras que as crianças contam

Mentir é normal, faz parte do desenvolvimento da criança. Mas os pais não devem deixar passar batido. Saiba como se posicionar diante da situação.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 27 out 2016, 21h38 - Publicado em 16 set 2014, 22h00

Foto: Getty Images

Na ilusão de toda mãe e de todo pai, o próprio filho nunca os decepcionará. E isso inclui imaginar que ele nunca vai mentir. Pois aqui vai uma má notícia: ele vai, sim, se é que ainda não mentiu. E está tudo bem, é mais do que normal e faz, inclusive, parte do bom desenvolvimento da criança. Esse ato é tão parte do crescimento e das habilidades humanas que, antes mesmo de falar, os bebês já sabem contar uma mentirinha. “Quando o pequeno chora sem motivo aparente, apenas para chamar a atenção e pedir colo, já é uma forma de manipular a verdade para conseguir o que quer”, explica Nívea Fabrício, psicóloga e psicopedagoga do Colégio Graphein, em São Paulo.

Já a mentira no sentido mais clássico da palavra, quando a criança realmente esconde um fato, começa a ocorrer por volta dos 3 anos, idade em que os pequenos aprendem que o que fazem pode ter consequências de que eles não gostariam (veja o quadro “Mentira e fantasia – as idades de cada tipo de ‘inverdade’ “). É muito raro uma criança que nunca use desses artifícios, e o que não se deve fazer é deixar a situação passar batida. Os especialistas concordam que, por mais inofensiva que pareça a mentira, os pais precisam chamar a atenção do filho e pontuar o fato o mais breve possível, logo que acontecer. “Aprender a fantasiar faz parte do desenvolvimento do potencial criativo de uma pessoa, assim como discernir entre a fantasia e a realidade. E os menores contam com a ajuda dos adultos para aprender a fazer isso”, explica Luciana Barros de Almeida, psicopedagoga e presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).

Mas há que se tomar cuidado com o tom usado. “Uma das situações que levam à mentira é a rigidez dos pais. A criança pode não dizer a verdade com medo da bronca ou castigo que vai receber”, explica Nívea Fabrício. E o oposto também é verdadeiro. Quando o pequeno nunca é repreendido, ele mente por saber que vai conseguir o que quer. Parece difícil, mas ensinar que mentir não é legal é mais simples do que você imagina. O segredo está em conversar, entender as razões da criança e explicar que ela não precisa agir daquele modo. Pergunte o que aconteceu e veja como ela reage.

Por que mentem?

Os motivos são os mais variados. A criança pode mentir por medo de ser castigada ou reprimida pelos pais por algo como ter quebrado um objeto dentro de casa ou brigado com o irmão mais novo. Pode ser um jeito de conseguir o que quer, como um pacote de doces que “achou” no supermercado ou o lápis bonito que o colega de escola tem e ela não. Em especial, entre as crianças pequenas, porque não sabem como separar uma história que imaginaram da verdade. Ou vai ver que seu filho está apenas querendo contar papo, parecer mais legal para entrar em uma turma de amigos.

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E pode ser ainda que ele esteja copiando um comportamento que vê dentro de casa. Nesse caso, é determinante quanto seu filho vai ou não usar a mentira como meio de conseguir o que quer. Um estudo recente feito pela Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, mostrou que, quando uma criança ouve uma mentira, ela tende a mentir logo na sequência, repetindo o comportamento. Um grupo era enganado com a informação de que havia doces em uma sala ao lado, em que todos participariam de um jogo para adivinhar sons de animais. Para o outro grupo, diziam simplesmente que iam participar do jogo. Em determinado momento, as crianças tinham a chance de trapacear e olhar as respostas. Todas fizeram isso, mas 90% das que ouviram a mentira antes não assumiram e seguiram mentindo, enquanto esse comportamento só ocorreu com 60% das que não receberam a informação sobre os doces.

É por isso que se deve ter muito cuidado em casa, inclusive com as chamadas mentiras do bem. Seu filho não precisa dizer que adorou um presente que não gostou. Basta ensinar a ele que deve agradecer sempre, pois a pessoa teve a gentileza de lhe dar algo. “Nesse caso, não é útil relacionar com mentira, mas, sim, com omissão, no sentido de que há situações em que não convém ser sincero, pois poderá magoar o outro. São modos de ensinar habilidades de convivência social”, explica Edith Rubinstein, psicopedagoga e terapeuta familiar, coordenadora do Centro de Estudos Seminários de Psicopedagogia, em São Paulo. Mas, se ele for sincero, não repreenda. “Ele é a criança e nós os adultos. Nós é que precisamos dar conta de lidar com a frustração de receber uma verdade”, diz Luciana.

Também é ruim pedir para ele dizer para quem liga que você não está em casa quando isso não é verdade. Ou justificar para a professora que ele não fez um trabalho porque estava doente sendo que o garoto foi à festinha de um primo. Quem nunca passou pela saia justa de o filho falar ao telefone: “Minha mãe pediu pra dizer que não está”? “A criança ainda não vai ter discernimento para saber se sua atitude é apenas para não magoar alguém ou mesmo para resolver um problema de forma mais simples e pode passar a repetir esse comportamento de mentir de maneira inadequada”, diz Karen Trigueirinho, educadora e psicopedagoga do Colégio São Judas Tadeu, em São Paulo.

Fazer vista grossa ou repreender?

Entre deixar passar ou assumir linha dura contra as inverdades do filho, é melhor não fazer nem uma coisa nem outra. A bronca pesada ou os castigos fazem com que a criança sinta medo e passe a mentir para não sofrer mais com isso. Psicólogos apontam a severidade dos pais e o medo como uma das principais razões que levam o pequeno a entrar em um ciclo de mentiras. “O que indicamos é que os pais conversem. Por exemplo, se o garoto chega da escola com um brinquedo que não é dele, comece perguntando calmamente de onde veio e de quem é e reforce que ele pode contar, que ninguém vai ficar bravo. Depois explique que, se é do colega, ele pode pedir emprestado, mas terá de devolver. E leve o seu filho para entregar e pedir desculpas. Assim, ele entenderá o que está acontecendo”, ensina Nívea Fabrício.

Sim, você deve chamar a atenção sempre que notar a mentira – e o mais rápido possível. Para a criança, castigos como não ir ao shopping podem não ser tão efetivos, pois ela precisa de algo mais palpável e associado ao que fez. Mas nada de se desesperar achando que seu filho será um mentiroso contumaz apenas por esconder de você que tem lição de casa para fazer. “A mentira é uma questão social do desenvolvimento da criança, e faz parte do papel dos pais na educação ensinar o que é certo e o que é errado também nesses casos. Ela só se torna um problema que precisa de ajuda psicológica ou médica quando é repetida de maneira crônica e constante”, aponta Karen. Em geral, só se nota isso depois dos 6 anos. Se esse for o caso do seu filho, o primeiro passo é pedir orientação, e a escola pode ajudar bastante.

Mentira e fantasia as idades de cada tipo de “inverdade”

Uma das coisas que os pequenos aprendem bem cedo, antes mesmo dos 3 anos, é a inventar histórias fantásticas. É um tremendo exercício de criatividade e você deve deixá-lo acontecer livremente. Só intervenha se notar que seu filho está entrando demais na fantasia. Se ele disser que foi o super-homem que quebrou o vaso da sala, não ele, ou se jurar que é um pássaro e pode voar se jogando da poltrona no chão, fale numa boa: “Que bacana essa história, me conta mais sobre esse super-herói. Como você o conheceu? Vocês brincam sempre juntos?” Assim, você estimula a criatividade, mas deixa claro que se trata de uma brincadeira e que aquilo não é parte da realidade. Aos 5 anos, a criança já precisa saber bem o que é história inventada e o que não é. Por isso, é nessa idade que aparecem mais as mentiras com foco na consequência – não ser castigada, obter uma coisa, causar boa impressão. A diferença é que ela não consegue manter a mentira por muito tempo, já que cai em contradição. Dos 7 em diante, o pequeno já é capaz de segurar histórias não verdadeiras e dar continuidade a elas com argumentos relativamente coerentes. Fique atenta e chame a atenção sempre, explicando por que mentir pode prejudicar outras pessoas e, inclusive, ele mesmo.

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A ação e a (sua) reação –  Clique na imagem e saiba como agir diante das mentiras mais comuns das crianças:

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