Como explicar ao seu filho que saber perder é mais importante que saber ganhar
Ao lidar com prêmios e frustrações, a criança que pratica esporte recebe lições fundamentais para a vida adulta
Quem não gosta de vencer em uma competição? Voltar para casa com uma medalha pendurada no pescoço – ou simplesmente com orgulho de ter se destacado em campo – é uma delícia para gente de qualquer idade. Acontece que a criança é naturalmente egocêntrica e tende a considerar apenas este lado da moeda. Para ela, a frustração por um resultado negativo dói e incomoda muito mais do que afetaria um adulto maduro. Envolve choro, pirraça… Não raro, o pequeno fica furioso a ponto de abandonar a partida e estragar a brincadeira dos demais. Mas nem pense em privá-lo desse momento difícil. Experimentar a frustração da derrota e saber perder, segundo a psicóloga Daniella Freixo de Faria, é um passo fundamental para o crescimento.
Quando perde, a criança tem a chance de perceber a existência do outro e descobrir que as coisas nem sempre saem como ela planeja. Cabe ao adulto ampará-la na hora certa e mostrar, com carinho, que perder faz parte da vida
Na ânsia de proteger os filhos, os pais acabam perdendo uma ótima oportunidade, na opinião da especialista. “Essa tentativa de proteção, muito comum hoje em dia, pode deixar nossas crianças sem a experiência, sem o treino necessário para as frustrações que, de fato, aparecerão na vida.”
Por outro lado, cabe aos pais não cobrar excessivamente pela vitória, mas estimular o espírito competitivo. “Em geral, a criança fica triste por desapontá-los. E o esporte deixa de ser um prazer”, argumenta Adriana Justino, psicóloga esportiva e mestre em educação física.
Mas as lições importantes não são aprendidas apenas na derrota. Saber vencer também é uma habilidade que se conquista com o tempo. “Em uma competição, a criança deve reconhecer claramente quem é seu adversário, seja no jogo coletivo ou na prática individual, para compreender que só ganhou porque outros perderam”, afirma Deborah Palma, coordenadora do curso de Educação Física da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. Adriana complementa: “O respeito pelo adversário, seja vencedor ou perdedor, ajuda na formação do ser humano.”
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