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Como cuidar da saúde da boca desde a infância

Especialistas alertam: a falta de cuidados com os dentes de leite pode prejudicar seriamente os dentes permanentes

Por Patrícia Gattone (colaboradora)
Atualizado em 27 out 2016, 21h15 - Publicado em 13 abr 2015, 08h33
Getty Images
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De acordo com dados da última Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, a população brasileira parece não dar muita atenção aos dentinhos da garotada. Segundo o levantamento, cerca de 80% dos pequenos com 5 anos já apresentam cáries, em média em dois dentes. Para evitar o problema, a Associação Brasileira de Odontopediatria (ABO) recomenda começar os cuidados já com os bebês. A ausência de higiene nos dentes primários pode ter impacto direto na saúde dos permanentes. A bactéria da cárie pode entrar pelo canal do dente e promover uma infecção no definitivo, que pode nascer já com alguma imperfeição, como má formação, falta de uma ponta ou manchas.

Segundo Cid Pinheiro, pediatra do Hospital São Luiz, quando o bebê ainda é bem pequenininho, e até que o primeiro dente comece a aparecer, por volta dos 6 meses, não é necessário fazer a higiene bucal. O movimento da própria língua da criança e a saliva ajudam a eliminar o alimento da boca, que nesse caso é apenas o leite materno.

Já Gabriel Politano, odontopediatra formado pela Universidade de São Paulo (USP) e responsável pelo Ateliê Oral Kids, explica que, se os pais quiserem limpar a boca do bebê por algum motivo (como refluxo ou ressecamento), podem fazê-lo, mas o ideal é que o procedimento seja realizado uma vez ao dia, usando fralda ou gaze, limpas e umedecidas somente com água filtrada.

Outro alerta que os médicos fazem é sobre o hábito de deixar o pequeno dormir logo depois que termina de mamar, seja no peito ou na mamadeira, principalmente quando ele já tem os primeiros dentinhos. “O ideal é limpar. Faça o procedimento com cuidado, para que ele não acorde, mas jamais deixe de higienizar a região. A chamada cárie de mamadeira, por causa dos restos de leite, é um problema muito sério e atinge cerca de 60% das crianças até os 3 anos. Além disso, provoca mau hálito e deficiência na mastigação e na fala”, afirma Paulo Coelho Andrade, dentista da ABO.

E não, não há uma idade exata para que os pequenos aprendam a escovar os próprios dentes. “Isso depende da coordenação e da habilidade motora de cada um. O importante é que os pais criem o hábito de escovação na criança”, recomenda Cid Pinheiro.

Para Anderson Bernal, cirurgião-dentista e apresentador do quadro SaúdeComeça pela Boca, na TV Record, ir ao dentista desde a infância contribui para que a criança tenha uma dentição saudável e bonita no futuro. “É quando eles ainda são pequenos que os dentinhos permanentes se calcificam”, explica.

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Uma boa dica é os pais escovarem os dentes junto com a criança, para dar o exemplo, orienta Anderson, além de comprar escovas com personagens para incentivá-las, tornando o momento uma grande brincadeira. “Quanto maior o interesse e a afinidade com a escova, melhor será”, garante o dentista.

Passo a passo da escovação

Segundo a Associação Brasileira de Odontologia, depois que sair o primeiro dentinho, os pais já podem levar o bebê ao dentista uma vez por ano e iniciar a higiene bucal, de preferência de duas a três vezes ao dia.

1. Antes dos 2 anos: o ideal é usar gaze, fralda ou uma dedeira. Basta umedecê-las com água filtrada e passar na gengiva, na língua e nos dentinhos (caso a criança já os tenha). E, quando os dentes começarem a nascer, escove-os com movimentos de vaivém, sem usar pasta dental. A partir desse momento, é fundamental higienizar a boca da criança depois de cada mamada ou refeição.

2. Dos 2 aos 7 anos: os pais devem ficar atentos e sempre monitorar a escovação dos filhos. Se a criança ainda não souber como escovar, os adultos devem realizar a tarefa para os pequenos. É nessa etapa que aparecem os primeiros molares permanentes.

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3. A partir dos 7 anos: a escovação deve ser feita pela própria criança, deixando os dentes cerrados – parte de cima unida com a de baixo – enquanto faz movimentos circulares na parte externa do dente. Em seguida, ela deve repetir a maneira de escovar nas partes internas superior e inferior. No fundo, deve fazer movimentos de trás para a frente e de frente para trás. Depois, passar a escova de cima para baixo e de baixo para cima. Essa escovação deve ser feita nas três faces do dente (interna, de cima e da frente).

Kit de higiene bucal

1. Escova de dente: o ideal, segundo a Sociedade Brasileira de Odontologia, é introduzir o uso da escova aos 14 meses. Ela deve ter cerdas macias e tamanho adequado à idade. Geralmente, os fabricantes produzem escovas para três faixas etárias: até os 2 anos; entre 2 e 5; e acima de 5 ou 6 anos. A American Dental Association (ADA) recomenda trocar as escovas das crianças a cada três ou quatro meses. Além disso, higienize diariamente o acessório. Alguns métodos simples podem ajudar, como ferver a escova e secá-la à temperatura ambiente.

2. Creme dental: a ABO alerta que o flúor é eficaz para ajudar a reduzir o risco de cárie e reverter um possível caso de desmineralização do esmalte do dente. Portanto, o creme dental pode, sim, ter flúor numa concentração acima de 1.000 partes por milhão (ppm). Cheque no rótulo e use quantidades adequadas, que, segundo o Ministério da Saúde do Brasil, a Academia Americana de Odontopediatria, a ABO, a Academia Americana de Pediatria e a Sociedade de Pediatria de São Paulo, são as seguintes:

*Se a pasta tiver mais de 1.000 ppm de flúor, calcule uma quantidade de pasta de dente equivalente a até um grão de arroz para crianças com até 3 anos de idade.

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*Calcule até um grão de ervilha de pasta de dentes – com mais de 1.000 ppm de flúor – acima dos 3 anos de idade.

3. Fio dental: é indicado apenas quando já há dois dentinhos unidos. Nesse caso, o ideal é utilizá-lo, pois as cerdas da escova não chegam entre as cavidades.

Evite… cremes dentais para embranquecer os dentes. Eles são abrasivos e podem desgastar todo o esmalte da dentição.

Estão liberadas… pasta com sabor. Não há problema se o pequeno engolir esse tipo de creme dental, pois o produto não é tóxico. Use antisséptico bucal somente quando a criança já conseguir fazer bochechos.

 

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