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Como a personagem Elsa de “Frozen” ajudou uma menina albina

A Rainha de Arendelle é reconhecida e adorada mundialmente, mas para uma família específica, ela representa mais do que qualquer figura fofinha da Disney

Por Redação CLAUDIA
Atualizado em 28 out 2016, 00h30 - Publicado em 20 abr 2016, 21h33
Divulgação/Arquivo Pessoal
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A personagem Elsa, do longa Frozen – Uma Aventura Congelante é reconhecida e adorada mundialmente, mas para uma família específica, ela representa mais do que qualquer figura fofinha da Disney. A folclorista e jornalista canadense Emily Urquhart explica como a Rainha de Arendelle, também conhecida como a Rainha da Neve assumiu um modelo de representatividade na vida de sua filha albina.

Há pouco tempo a pequena Sadie foi pela primeira vez à escola, e é normal que assim como toda mãe, Emily quisesse superprotegê-la para que ela não sofresse nenhuma retaliação de seus coleguinhas do jardim de infância pela sua condição. Mesmo que a pequena tenha tentado esconder suas madeixas brancas com um lenço e um chapéu, logo um garotinho gritou: “Hey, você tem o cabelo igual o da Elsa!” 

Para os menos familiarizados, Elsa, é a protagonista mais popular da animação, que sempre está ao lado de Anna. Como uma princesa, ela é capaz de criar castelos de gelo com seus dedos, e quando seus poderes saem fora do controle, ela se tranca em um lugar isolado para proteger sua corte. No caso pequena Sadie, a comparação funciona.

Toda essa cultura mágica das princesas às vezes nos faz repensar todos os valores ultrapassados e machistas que são vinculados em suas histórias, mas mesmo assim, Frozen representa uma quebra primeiro por ter duas personagens principais femininas e pela possibilidade de identificação de Sadie com uma delas, na primeira vez que viu os longos fios brancos de Elsa, em 2013. 

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Para a filha de Emily, seu cabelo, assim como na história, é uma manifestação da proeza congelante da princesa – mesmo que a explicação científica para tal fato venha da falta de pigmentação em seus pelos, pele, e olhos. Esta última carência a obriga a usar óculos para corrigir seus problemas de visão. A aceitação dos amiguinhos de Sadie veio pela familiarização em relação à Elsa – eles realmente gostam de seus fios brancos.

O menino que notou o singular cabelo da pequena é apenas uma das milhares de pessoas que tecem comentários – por vezes nem sempre inocentes – sobre a aparência de indivíduos nesta condição. Pode parecer bobo, mas a mãe notou os desafios que sua filha teria que enfrentar posteriormente na recepção de um hospital, quando os funcionários se referiam à criança como “bebê de cabelos brancos”, foi quando um dos homens responsáveis pela limpeza sugeriu que poderia se tratar de uma diferença genética. 

“Nossa, o cabelo dela é realmente branco!”, “Você fez mexas mais claras nela?” e  “Vocês são suecas?” foram algumas das inúmeras críticas ouvidas pela mulher, que acabou se acostumando com a situação e os registra às vezes. Mesmo que a discriminação doa em uma mãe-de-primeira-viagem, e seja um dos principais motivos de preocupações futuras.

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A folclorista e jornalista canadense Emily Urquhart, mãe de Sadie. 

Há alguns anos, outras pessoas passaram a associar Sadie a Elsa, e foi como se o personagem onipresente da Disney normalizasse, de alguma forma mágica, a suposta diferença da menina. Agora, a pequena acabou se tornando fã  número um da princesa, que agora representa mais do que nunca uma maneira para aprender a lidar com os comentários e olhares tortos dos outros.

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Mas tradicionalmente, Hollywood não tem sido tão boazinha assim como imaginamos. Personagens que representam indivíduos albinos são, na maioria esmagadora das vezes, pintados como os vilões, endemoniados, assustadores e estranhos. Filmes como Matrix e séries como Doctor Who usaram em suas tramas demônios ou tropas “brancas” esquisitas, mas esta é apenas um braço da mitologia que versa sobre esta condição.

Desde seu nascimento, Sadie foi objeto de estudo de sua mãe para a conclusão de seu PhD em folclore, na Memorial University, em Terra Nova, uma ilha canadense. Sua vinda ao mundo proporcionou à ela que pudesse se debruçar em pesquisas sobre o albinismo e outros casos de patologias no âmbito folclórico, a fim de contextualizar essas pessoas em seus próprios mundos.

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Emily também acredita que se negar a dissecar as narrativas que retratem essas singularidades humanas pode ser um artifício utilizado para tirar o poder das minorias, porque a razão dessas singularidades acaba por permanecer na penumbra do entendimento.  

Peter Ash, fundador e diretor do grupo de defesa de pessoas albinas do Canadá e da Tanzânia Under The Same Sun, explica à BBC sobre recorrência destes padrões culturais presentes nas mais diversas obras: “A mesma cultura que pode me elevar a figura de um deus, também é capaz de me representar como um demônio.” É por isso que a crença de que os albinos são mágicos pode ser distorcida para o bem ou para o mal, pelo simples fato de considerá-los diferentes do resto, mesmo que não sejam.

“Minha filha é como qualquer outra menina de cinco anos de idade – prefere rosa, não gosta de couve de Bruxelas e tem ciúmes se percebe que seu irmão menor está recebendo mais atenção que ela”, desabafa Emily, que também explicou a importância de que os portadores desta condição tenham ciência, assim como sua pequena, e arremata: “Minha garotinha ainda não sabe sobre as crenças culturais que cerceiam seu albinismo, e quando se deparar com essas histórias, estarei preparada para explicar. Mas por enquanto, vamos ficar com Frozen.”

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